LusoJornal / Carlos Pereira

Grevistas da CGD-França protestaram junto à Embaixada de Portugal

Cerca de uma centena de trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos (CGD) de França realizou hoje junto à Embaixada de Portugal em Paris mais um protesto para dizer «não à alienação» da Sucursal francesa do banco.

A manifestação aconteceu junto à Embaixada de Portugal em Paris e começou cerca de uma hora antes de uma receção para comemorar o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, tendo-se ouvido, na rua, os slogans «Não, não, não à alienação», «A Caixa unida jamais será vencida» e «A Caixa em greve há oito semanas».

Esta é a sexta manifestação desde que a greve começou, em 17 de abril, e o local foi escolhido para mostrar que é «contraditório» defender a emigração no Dia das Comunidades e «vender a sucursal da banca pública em França», disse à Lusa Cristina Semblano, porta-voz da Intersindical FO-CFTC. «Esta manifestação, hoje, tem um significado muito especial porque estamos a celebrar, aqui na Embaixada de Portugal, o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades. Os Portugueses gostam muito de falar nas Comunidades e na emigração e dizer que gostam muito da emigração e que a emigração é muito importante. É contraditório celebrar a emigração e estar a tirar à emigração a Sucursal da banca pública em França», afirmou Cristina Semblano.

O Embaixador de Portugal em França, Jorge Torres Pereira, disse à imprensa que «a Embaixada não tem nada que proferir declarações sobre esta luta», mas afirmou que «como é evidente» se respeita o direito à manifestação e recordou que já recebeu os delegados sindicais em outro protesto e que já transmitiu «a Lisboa o que é que está em causa».

Cristina Semblano, que é também membro da Comissão de negociação dos trabalhadores em greve, adiantou que para a semana vai haver novas manifestações em Paris: na quarta-feira vai ser junto à sede da Autoridade de Controlo e de Resolução, o organismo francês de supervisão dos bancos; na quinta-feira, está marcada para junto ao Consulado-Geral de Portugal em Paris e na sexta-feira é novamente na Embaixada.

Na próxima terça-feira, os dirigentes da Intersindical FO-CFTC e os membros da Comissão de negociação dos trabalhadores em greve vão ao Tribunal de Grande Instância de Paris «reivindicar o acesso ao plano de reestruturação acordado entre o Governo português e Bruxelas», e também vão responder a uma ação judicial da CGD. «A Caixa Geral de Depósitos intentou uma ação na justiça contra a intersindical que apoia a greve e cada membro da Comissão de negociação. A CGD foi para a justiça para pedir que o direito de greve seja proibido em França», acusou Cristina Semblano.

Ao fim de oito semanas de greve, Cristina Semblano apontou que «este conflito é inédito», porque «em França não há nenhum conflito na banca que dure dois meses» e disse que, apesar de «muito difícil» e de «ações de intimidação», «as pessoas continuam muito determinadas».

A porta-voz da Intersindical FO-CFTC disse que vai «escrever a todos os líderes parlamentares» para que uma Delegação de trabalhadores seja recebida, em audiência, no dia 21 de junho, no mesmo dia em que «uma pequena delegação» vai ser recebida em Belém pelos Assessores para os assuntos do Trabalho e para a Economia.

O protesto de hoje foi o terceiro esta semana, em Paris, depois de uma manifestação junto ao Consulado-Geral de Portugal, com a presença do Deputado do Bloco de Esquerda Moisés Ferreira, e de outra manifestação em frente à Federação Bancária Francesa.

A greve na sucursal em França da CGD, que tem 48 agências e mais de 500 trabalhadores, começou em 17 de abril e foi apoiada pela Intersindical francesa FO-CFTC, mas não foi seguida pelos sindicatos CGT e CFDT.

Na terça-feira, à margem de uma conferência organizada pela Caixa Geral de Depósitos, em Setúbal, o Presidente da Comissão Executiva da CGD, Paulo Macedo, escusou-se a comentar o conflito com os trabalhadores da Sucursal em França e as notícias divulgadas nos últimos dias sobre a alegada intenção do banco de encerrar 75 balcões até final deste mês.

A redução da operação da Caixa Geral de Depósitos fora de Portugal (nomeadamente Espanha, França, África do Sul e Brasil) foi acordada em 2017 com a Comissão Europeia como contrapartida da recapitalização do banco público.

Em 24 de maio, o Governo aprovou os cadernos de encargos com as condições para a venda dos bancos da CGD na África do Sul e em Espanha, segundo comunicado de Conselho de Ministros.

Em 10 de maio, Paulo Macedo afirmou querer manter a operação da CGD em França e adiantou que está a negociar isso com as autoridades, apesar de ter sido também acordada a sua venda, mas acrescentou que isso só acontecerá se a «operação for sustentável, rentável e solidária» com os esforços feitos pelo banco.

 

[pro_ad_display_adzone id=”906″]

 

LusoJornal