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Empresários renovaram interior da Église du Sacré-Cœur de Gentilly com 5 toneladas de tinta

Em 1979 a igreja de Gentilly foi entregue à Comunidade portuguesa. A festejar 40 anos, a Église du Sacré-Cœur de Gentilly, no sul de Paris, precisava de ser renovada. Com a ajuda da Paróquia e também de donativos, foram realizadas obras para renovar o interior da igreja.

O LusoJornal falou com o empresário português José Dias Fernandes que foi um dos protagonistas na iniciativa para pintar a igreja.

 

Como decorreram as obras?

Foram necessárias cinco toneladas de tinta para o interior, bem como muita coragem. Foi um pouco complicado porque é muito alto. Chegamos ao fim em dois meses e meio. Em termos de trabalho concretamente foram dois meses.

 

A pintura antiga já estava estragada?

A pintura antiga já estava negra. A igreja está às portas do boulevard Périphérique e a poluição não ajudou, os muros ficaram negros. Ficaram 70 centímetros quadrados para as pessoas verem como estava o muro antes de ser pintado.

 

Como se chegou a estas obras?

No mês de outubro do ano passado, o Padre Leandro lançou-me um desafio: se podia ajudá-lo a arranjar gente para fazer pintar a igreja. Fui falar com os empresários e amigos, juntámos uma equipa, mas depois de 15 dias, ficou bem visível que a obra não ia ser assim tão fácil. Houve a ajuda também de muita gente da igreja. Eu forneci os andaimes todos, mas houve muita mão de obra para montar e desmontar os andaimes. E o Padre Leandro também trabalhou e nunca vi um padre assim a trabalhar… Ajudou muito. Eu meti na cabeça levar aquilo até ao fim, passei ali dois meses, passando lá todos os dias, porque aquilo era muito complicado e era da minha responsabilidade, imagine que alguém caísse porque aquilo era muito alto…

 

5 Toneladas de tinta… Como foram financiadas?

Perto de 5 toneladas de tinta, sim. Uma parte foi financiada pela Paróquia, houve donativos como por exemplo do empresário Cândido Faria, e outra parte por três Ordens, inclusive às quais eu pertenço, entre elas a OIC2R.

 

No entanto serão sempre necessárias mais obras no que diz respeito à pintura, o que se pode fazer?

A queima das velas tem de ser substituída por velas elétricas porque na zona onde estavam as velas, a pintura estava completamente preta.

 

A igreja foi entregue à Comunidade portuguesa… É um peso para a Comunidade?

Exatamente, a igreja foi entregue aos Portugueses há 40 anos. É um peso sim, mas um peso positivo, porque os Portugueses têm cerca de 700 crianças na doutrina. Se não fazemos nada pela igreja, ela acaba, não é? Faz falta muitas mais obras. A ‘charpente’, a madeira está toda podre, temos de mudá-la, o telhado tem de ser removido e fazê-lo de novo. Mas isso implica muito dinheiro, não são meia dúzia de tostões. Faz falta muito dinheiro. Também faz falta lavá-la por fora. Por dentro a igreja está linda, agora falta por fora. Temos de cuidar da igreja porque temos lá 700 crianças na doutrina todas as semanas. Vale a pena fazer um esforço.

 

Considera que faz parte do Património da Comunidade?

Sem dúvida nenhuma, é uma das igrejas mais bonitas da região de Paris. Temos também o Santuário de Nossa Senhora de Fátima, mas as duas igrejas são muito diferentes, e é muito mais simples fazer obras no Santuário. A arquitetura do Santuário de Fátima é retangular. Em Gentilly, a cúpula está a mais de 30 metros de altura e para montar andaimes até lá, é muito complicado. Eu encomendei por exemplo material vindo da Áustria, madeiras com 12 metros, que não existem em França, isto para, durante as obras, as pessoas poderem assistir à Missa normalmente.

 

Notre-Dame recebeu milhões de euros… O Estado francês não poderia ajudar?

O problema da Cathédrale de Notre-Dame e que a separa das Igrejas de Gentilly e de muitas outras, é a lei da Concordata de 1905. O Estado tomou conta das Catedrais e das igrejas mais antigas, essas pertencem ao Estado, mas aquelas que foram construídas para além dessa data, pertencem à Diocese. O Estado já tem dificuldades em financiar as Catedrais e as igrejas mais antigas, e além disso, na lei da Concordata, está proibido ao Estado financiar lugares de culto religioso, incluindo claro igrejas. O Estado não dá nada. Temos de apenas contar com as esmolas para renovar a igreja de Gentilly.

 

Mas considera que a igreja está em perigo?

Não está em perigo, aliás ela, por fora, é feita de pedra. Mas a ‘charpente’ está em perigo sim, porque a madeira está podre, com muitos buracos por causa dos bichos. Temos de mudá-la porque não vai aguentar muitos mais anos. Não há dúvida nenhuma.

 

E para essa obra necessita da ajuda da Comunidade?

A próxima obra tem de ser essa, sim. Se não ficamos sem igreja um dia destes. Mas também é verdade que há outras igrejas com dificuldades, algumas até estão ao abandono porque faltam fiéis. No entanto nas nossas igrejas, dos Portugueses, há sempre muita gente. O problema é que as pessoas têm algumas dificuldades em participar, nem que seja com uma pequena esmola. Precisamos de mais solidariedade. O Padre Leandro queria angariar 100 mil euros e não conseguiu, foram necessárias ajudas vindas de fora, por via do mecenato, se não era impossível.

 

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LusoJornal