Rancho Alegria Dos Emigrantes

Maria Pinto diz que por enquanto é difícil prever como será a retoma dos grupos folclóricos

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Maria Pinto, responsável cultural da associação “Alegria dos Emigrantes” e Presidente da Delegação da Federação de Folclore Português em França diz que por enquanto é difícil prever como será a retoma dos grupos folclóricos.

O rancho “Alegria dos Emigrantes” de Montfermeil, que representa a região da Alta Estremadura, região de Leiria, festejou os seus 50 anos de existência em 2019 e é membro da Federação de Folclore português desde 1998. Como todas as outras associações teve de enfrentar a interrupção forçada das suas atividades devido à pandemia da Covid-19. E agora, como vai ser o regresso às atividades?

Durante a pandemia, o grupo teve de estar parado e não pôde realizar os seus ensaios habituais nem os seus eventos que tiveram de ser adiados, no entanto, não parou totalmente as suas atividades, continuando-as de forma diferente. De facto, durante o confinamento, realizaram aulas de canto por videoconferência, o que permitiu aos membros do grupo que o desejavam estarem juntos. “Todo o grupo não participou, apenas os mais habituados à internet participaram” disse Maria Pinto ao LusoJornal. Durante estas aulas, as letras das músicas que são habitualmente cantadas pelo grupo foram explicadas para que todos possam compreendê-las. “Explicámos quando é que temos que respirar quando cantamos…, mas também qual é a influência que o canto tem na dança… como é que o canto pode modificar a dança” explicou Maria Pinto, responsável cultural da associação “Alegria dos Emigrantes”, e Presidente da Delegação da Federação de Folclore Português em França, em declarações ao LusoJornal.

Segundo Maria Pinto, estas videoconferências permitiram “fazer folclore de outra forma,” mas “o que mais nos faz falta é dançar, estarmos juntos porque o folclore é acima de tudo uma atividade de encontro e de partilha”.

Antes da pandemia, o grupo era composto por 35-40 pessoas, um número que variava de ano para ano, porque “sempre há aqueles que ficam, aqueles que decidem parar, e aqueles que vão para a reforma e que vão para Portugal por exemplo”.

Já antes da Covid-19 era difícil encontrar novos membros, porque ainda existem preconceitos a propósito do folclore. “Alguns dizem que é para as pessoas mais velhas, outros dizem que não sabem dançar ou cantar” disse Maria Pinto, mas “no folclore podemos fazer outras coisas, não há só isso, há outras atividades para além do canto ou da dança, também há a música por exemplo, e também necessitamos de pessoas para apresentar os trajes ou os instrumentos de trabalho”.

O que a preocupa agora em relação ao regresso aos ensaios é o facto das pessoas estarem “duvidosas” por causa da Covid-19. Segundo Maria Pinto, a verdadeira questão que temos de nos fazer é de saber se as pessoas vão querer voltar com a exigência dos ensaios e as obrigações que são impostas ou seja a diligência, o facto de ter que vir aos ensaios e as saídas, depois do quotidiano que tiveram estes últimos tempos. “Será que as pessoas não desenvolveram outros hábitos que as façam deixar de querer participar nestes eventos?” interroga Maria Pinto.

De forma geral, “é difícil prever se os grupos vão ou não sobreviver a esta crise porque isso depende de diversos fatores” disse Maria Pinto ao LusoJornal. De facto, existem dois tipos de grupos, os que beneficiam e que ocupam as infraestruturas emprestadas pelas Mairies e os que têm custos fixos (rendas, créditos, eletricidade, água, seguros…) e a sobrevivência destes grupos vai depender das suas finanças, porque vai ser difícil sobreviver a esta crise sem meios.

No entanto, no mundo do folclore, a pandemia não trouxe unicamente coisas negativas, “não houve só coisas negativas, atrás dos ecrãs as pessoas estavam totalmente livres e tinham mais tempo para aprender coisas novas” disse Maria Pinto ao LusoJornal. Dessa forma que muitos começaram a cantar ou a tocar um instrumento como a concertina ou a guitarra por exemplo, outros aproveitaram este tempo para bordar o seu avental, fazer de novo a sua saia, aperfeiçoar o seu traje. Alguns grupos também aproveitaram esta oportunidade para se questionarem, investindo-se mais, procurando as suas origens para serem cada vez mais fiéis nas suas representações, e isso é importante porque “é importante de representar bem as tradições para deixar boas bases para as próximas gerações, para que as tradições possam continuar a ser mostradas e perpetuadas como elas eram realmente” concluiu Maria Pinto ao LusoJornal.

 

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