Rosete Caixinha: de Berlim ao “Fado Classique”, passando pela Operação Triunfo

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Rosete Caixinha nasceu em Berlim, mas participou na primeira edição da “Operação Triunfo”, na televisão portuguesa – uma espécie de “Star Académie” em versão lusa – depois de ter cantado por vários países asiáticos, fixou-se há cerca de 10 anos em Paris e acaba de lançar o álbum “Fado Classique” em conjunto com um quarteto de cordas.

A jovem cantora nasceu em Berlim, porque era em Berlim que viviam os pais. “O meu pai acordava-me aos domingos de manhã com música. Sempre Fado. Ele próprio tinha cantado Fado, quando era mais novo, mas naquela altura não se podia viver da música” conta numa entrevista ao LusoJornal conduzida por Isabel Ribeiro. “Para mim era complicado acordar de manhã e ouvir fado, eu queria era dormir, mas hoje, acredito que foi importante ouvir música em casa. Talvez me tenha deixado marcas inconscientemente”.

Com 5 anos de idade foi para Portugal com os pais, naturais de Almancil, mas a viverem agora em Loulé.

Durante a adolescência integrou um grupo de música tradicional, com um dos elementos da Brigada Victor Jarra. “Ele era professor de educação visual no liceu onde eu estudei, passei o casting e como era fã do grupo Madredeus, cantei o ‘Pastor’”. Integrou então o grupo. Eram 7 elementos, três das quais eram cantoras. “Eram todos mais velhos do que eu. Para mim era como se fosse uma família musical que encontrei”. Ensaiava aos fins de semana e começou a percorrer palcos “de forma quase profissional”. Descobriu o trabalho de bastidores ao mesmo tempo que descobriu o país e até a Espanha, onde o grupo se produziu. “Lembro-me das viagens em carros sem ar-condicionado, ríamos muito, parávamos muitas vezes nas fontes naturais para beber água. São lembranças muito importantes para mim, muito ricas, da minha adolescência”. Ajudou-a sobretudo a projetar-se no futuro. “Na altura eu acreditei que queria fazer mesmo aquilo e acabei por nunca mais parar”.

Com 19 anos de idade regressou a Berlim e inscreveu-se numa escola de canto. mas três anos depois, regressa a Portugal, sempre para cantar, em bares, em hotéis, em festas. Em 2003 inscreve-se na “Operação Triunfo”. Dos cerca de 5.000 candidatos, foi uma das 16 concorrentes selecionadas e ficou até duas semanas do fim do programa.

“Foi uma das experiências mais incríveis que eu já vivi até hoje” conta ao LusoJornal. Vi a edição espanhola e achei que era muito interessante porque estava baseado na aprendizagem. O objetivo era aprender, trabalhar muito, não era entrar na vida pessoal de cada um. Não havia câmaras nos quartos” conta ao programa Didascália do LusoJornal, conduzido por Isabel Ribeiro. “Eu queria continuar a aprender, sou uma pessoa que gosta muito de aprender e de entrar em aventuras, de explorar novas coisas”.

Rosete Caixinha tinha 27 anos, não estava no início da carreira, já cantava em muitos sítios, em vários grupos, em Portugal e na Alemanha, mas diz que adorou a experiência, com professores com craveira internacional, como foi o caso da cantora de jazz Maria João.

Durante três meses e meio praticamente não viu a luz do dia, trabalhou, aprendeu, ensaiou… Conviveu com o stress dos diretos da televisão. “Ajudou-me muito a perceber o que é verdadeiramente ser um profissional, descobrir todo o trabalho de bastidores, o empenho, a persistência, a responsabilidade… porque era uma responsabilidade muito grande estar num programa como este em que há milhões de pessoas a verem”.

Depois do programa, Rosete Caixinha integrou a digressão do programa, com 40 espetáculos, “por vezes com 15 a 20.000 pessoas a assistir” conta, ainda com brilho nos olhos.

Foi assim que conheceu a celebridade. “Não podia sair, ir às compras, que não encontrasse pessoas a pedirem-me autógrafos ou queriam tirar fotografias comigo”. Deu-se bem com esta celebridade, começou a integrar projetos de Revista à Portuguesa, nomeadamente o musical “Menina do Mar”, com produção de Filipe La Feria, no teatro Sá da Bandeira, no Porto, até que lhe surge um convite para ir cantar em barcos de cruzeiro na Ásia… Pediu conselhos aos amigos e embarcou neste novo desafio.

Esta aventura marítima, não só foi “impressionante” – como a própria Rosete Caixinha diz – como também lhe abriu portas para novas aventuras.

Conheceu, por exemplo, o agente artístico que a trouxe para França. Primeiro instalou-se em Metz, onde gravou dois temas com o Dj RLS, “RLS feat Rose”. “Foram duas canções que funcionaram muito bem e que passaram em muitas rádios e na televisão francesa” explica Rosete Caixinha, que entretanto adotou o nome de “Rose” bem mais fácil de pronunciar em francês. “Chegar a França e gravar diretamente com a Universal France foi impressionante, foi incrível. Fui gravar um clip em Los Angeles e tudo…”.

Integrou também um grupo de retomas de textos franceses e gravou um disco de jazz, blues e bossa nova intitulado “Rose & Blues”.

Depois veio para a capital e foi a primeira portuguesa a participar no programa “All Together Now” em França, apresentado por Éric Antoine.

Um dia, quando a saudade chamou por ela, passou pela cave de vinhos Portologia onde por vezes há tardes e noites de fado. “Senti-me tão bem ali que decidi cantar. Conhecia dois ou três fados e lancei-me, comecei a cantar fado, foi tão bom, tive muitas emoções…” e decidiu “fazer qualquer coisa à volta do fado”.

Mulher de desafios, achou que não devia ficar pelo fado tradicional. “Eu canto fado tradicional e gosto, claro”, mas quando descobriu um quarteto de cordas constituído por quatro mulheres, teve a certeza que queria experimentar a mistura entre fado e música clássica.

Telefonou para o amigo José Martins, em Portugal, que a reconfortou. Tinha de guardar o ritmo do fado, mas o acompanhamento podia efetivamente ser feito com qualquer instrumento. “No início do século 19, o fado era acompanhado ao piano” lembra Rosete Caixinha. José Martins escreveu-lhe as partituras, o quarteto – Mathilde Borsarello, Alix Catinchi, Alexandra Brown e Caroline Boita – aceitou o desafio e o label “Bly Music Group” aceitou editar o álbum, gravado no Abbey Road Institute Paris. Chama-se “Fado Classique”, volume 1. “Pode haver uma continuação, mas por enquanto não posso avançar mais sobre esta ideia”.

O disco está atualmente à venda em todas as plataformas, mas também na Fnac e na Cultura.

Durante o confinamento, Rosete Caixinha também criou um magazine de bem-estar, já que, entretanto, tirou um curso de sofrologia, mas também escreveu um livro para crianças que editou em Portugal e nesta entrevista ao LusoJornal confessou que “gostava de acabar os meus dias em Portugal, no Algarve, ao pé do mar, apesar de Lisboa ser a minha cidade do coração”.

 

Ver a entrevista AQUI.

 

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LusoJornal