Opinião: O programa do nosso dia de galicismos

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A alguns dias ou semanas das férias em Portugal, caros leitores, vamos deixar-vos algumas palavras de galicismo que poderão utilizar nos mercados, lojas, feiras, conversas com amigos em Portugal sem que possam justificar críticas.

O galicismo é um vocabulário francês que se utiliza na linguagem corrente em Portugal. Algumas palavras utilizam-se como em francês, outras foram um pouco transformadas. De notar que o francês é a língua que mais empréstimos fez ao português com incidência muito especial na gastronomia, culinária, na moda, vestuário, desporto…

O humorista José Cruz fala da nova língua que estamos a criar, a qual ele chama “frantugais”. O galicismo não será a mesma coisa… quoique!

 

O nosso dia de Galicismo:

Para a avant-première da matinée, madame, rendez-vous em face do metrô. O filme que vamos ver é uma reprise turnê em patoá com uma mise-en-scène do chef do cabaré.

O início do filme começa: o voyeur passe-partout saiu do placar em forma de marionete com um boné e écharpe ao pescoço. O ateliê de maquillage colocou batom nos lábios… é uma marionete chique com lingerie de prêt-à-porter na qual o tailleur em crochê, a robe em tricot, lembram o que é nécessaire na moda, só faltava o sutiã, o bustiê e alguma bijuteria.

Depois da matinée de cinema chegou a hora do almoço. Rápido ou menu?

Tínhamos a escolher entre uma baguete, patê maionese e um croissant ou um bufê omelete com petit pois purê, petit gateau para findar.

Finalmente, nem um nem outro. Escolhemos um menu gastronómico à base de Champanhe, tendo como entrada duas escolhas: escargot champinhom ou canapê suflê, sendo o prato de resistência un sauté ou filé, para terminar o nosso couvert, servir para saborearmos uma glacê chantilly.

Antes de sairmos do restaurante uma passagem pelas toaletes impunha-se, a cabine num chalé tinha um bidê artístico. À saída do restaurante um abajur enorme e um buquê de flores estavam junto a um carnê para podermos deixar um souvenir.

Escrevemos um bonito comentário, em contrapartida pedimos que nos fosse colocado um cachê no nosso dossier no qual temos todos os croquis das maquetes dos chassis do coupé que possuem guidom mas que nao precisam de chofer… sim sim é uma nova invenção… vamos depositar o brevê.

Tínhamos convite para um vernissage, passamos pela garagem da avenida para recuperarmos a charrete, o garçom não nos deixou passar, andava atarefado com o balê, uma avalanche impedia a entrada. O que fazer?

Ver o grand-prix na televisão ou pegarmos na raquete para a revanche com os amigos habitués do ténis. Como eu tinha cometido uma gafe na véspera, os amigos em forma de complô, chantagem, não quiseram aparecer.

Acabámos por ir comer uma crepe e como estávamos perto das boticas e que o Réveillon estava próximo, acabámos por ir ver as vitrinas. O problema surgiu com a escolha das decorações. De que cor? Bege, bordeaux, carmim, dégradé de marrom ou ton sur ton?

Escolhemos alguns cadôs que colocamos em pochetes, vai ser uma surpresa… história que nunca tem fim, esperamos que tenham percebido e feito a diferença entre os galicismos e não galicismos.
Porque galicismo? O galo? A Gaulle? Nós… não compri.

 

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LusoJornal