Projeção em Orléans do filme de Pedro Fidalgo sobre a cantora Dominique Grange

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O filme “N’effacez pas nos traces!” do realizador português Pedro Fidalgo residente em França, sobre a artista francesa Dominique Grange, que é cantora, mas também escritora e guionista de BD, vai ser projetado no Cinéma Orléans – Les Carmes (7 rue des Carmes, em Orléans), no sábado, dia 15 de janeiro, às 14h30.

A projeção vai ser complementada com um debate na presença do realizador e da cantora Dominique Grange, numa iniciativa da Citizens Carmes, a associação dos espectadores do cinema Les Carmes.

“A primeira vez que ouvi uma canção da Dominique Grange foi ao ver um filme de Jean-Michel Carré, de 1973. Essas canções chamaram-me a atenção, porque eu queria saber mais sobre o maio de 1968, pelo que se tinha passado em Paris”, disse Pedro Fidalgo à Lusa.

O cineasta português, radicado há vários anos em Paris, começou a trabalhar neste filme com Dominique Grange logo após ter terminado o filme “Mudar de Vida” (2014), sobre a vida e obra de José Mário Branco, com o processo a ser mais longo do que tinha antecipado já que a artista francesa esteve em cena vários anos com um espetáculo sobre o centenário da I Guerra Mundial.

Querendo focar-se mais na canção de intervenção, Pedro Fidalgo esperou pela celebração dos 50 anos do maio de 68 para filmar a popular cantora que deu vida e voz a temas ainda hoje cantados nas grandes manifestações francesas. “Neste filme sobre a Dominique Grange, não ficamos parados no maio de 68, é um filme que transcreve as canções dela no presente. Quando ela fala na Sorbonne livre, eu mostro imagens de movimentos sociais em que eu participei aqui em Paris”, explicou o realizador.

Ao contrário de “Mudar de Vida”, “N’effacez pas nos traces! Dominique Grange, une chanteuse engage” é um documentário que faz a ligação entre o passado e o presente, contextualizando o maio de 68, onde a artista decidiu dedicar a sua vida à luta pelos oprimidos, mas passando também por outras fases da sua vida em que militou no partido Esquerda Proletária, tendo depois estado como clandestina junto da Nova Resistência Popular.

“Eu queria fazer esta ligação entre o passado e o presente, então ia às manifestações aqui e via alguém a cantar ‘À Bas l’Etat Policier’ e filmava isso. Se calhar, eles nem sabiam de quem era a canção. Quando ela [Dominique] fala da ‘Grève Ilimitée’, mostro as greves de hoje. Isso faz com que as pessoas vejam o filme de forma intemporal, não só do passado, mas também virado para a frente”, indicou Pedro Fidalgo.

Mais tarde, Dominique Grange encontrou o companheiro Jacques Tardi, autor de banda desenhada, tendo começado a escrever guiões para este género literário.

“Ela é uma cantora comprometida, como está no título do filme. Vemo-la como ela é, o seu caráter, as suas convicções, lúcida sobre o seu trajeto, que sabe dizer não, que sabe dizer sim. Ela teve o seu percurso”, resumiu o realizador português, explicando que a cantora participou no processo de montagem.

Filmado e produzido através de ‘crowdfunding’, uma das pessoas a contribuir para este filme foi… Jean-Luc Godard.

 

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LusoJornal