Obra de Graça Morais (detalhe)

Musée de l’Homme de Paris: Obra de Graça Morais integra exposição “Préhistomania” com Egídia Souto na equipa de curadoria


A portuguesa Egídia Souto, especialista em Antropologia, História da arte e literatura na Universidade Sorbonne Nouvelle é uma das três Comissárias de uma exposição dedicada à arte pré-histórica, que inaugurou na semana passada no Museu do Homem, na Place du Trocadéro, em Paris. Apoiada pela Gulbenkian, no âmbito do apoio à arte portuguesa em instituições artísticas francesas, a exposição conta com uma obra de Graça Morais.

No início do século XX, as grandes expedições aos lugares pré-históricos, levaram artistas para transporem as pinturas rupestres e depois apresentá-las nos mais prestigiosos museus “porque é difícil transportar as rochas”. Esta arte é atualmente pouco conhecida, mas ganha agora nova vida com esta exposição no Museu do Homem. “Queremos que o visitante tenha o mesmo choque estético que tiveram aqueles que descobriram os primeiros sítios pré-históricos” como disse a Diretora do Museu, Aurélie Clemente-Ruiz.

Desta forma, o público vai “visitar” réplicas originais das obras realizadas há milhares de anos nas grupas e rochas da África do Sul, do Chade ou da Papuásia-Nova Guiné.

A Fundação Calouste Gulbenkian – Delegação em França apoiou o Museu de História Natural, do qual faz parte do Museu do Homem, na criação da exposição enquadrada no programa Exposições Gulbenkian de apoio à arte portuguesa em instituições artísticas francesas.

Esta mostra, que pretende transportar o visitante até ao coração de uma aventura humana para descobrir a arte pré-histórica, através da “fabulosa história” de “obras-primas extraordinárias”, vai estar patente até 20 de maio de 2024 no Museu do Homem e está dividida em quatro secções: “Panorama mundial da arte rupestre”; “História arqueológica da arte rupestre”; “Difusão e influências” e “O património atual”.

A última parte da exposição apresenta “Maria” (1982), pintura de óleo e carvão sobre tela, “uma obra fundamental da artista plástica Graça Morais, que dá uma resposta robusta ao tema, inscrevendo este património na criação artística atual”, afirmam os organizadores, na página da Gulbenkian.

Desde a infância que a pintora brinca com as pinturas rupestres de Foz Côa, e esta iconografia paleolítica habita frequentemente os seus quadros, nomeadamente as figuras animais ou femininas, como a Vénus de Willendorf ou a série “Mapas e o Espírito da Oliveira”, produzida na década de 1980 e apresentada em 1983 na XVII Bienal Internacional de Arte de São Paulo, e depois nos museus de arte moderna de São Paulo e do Rio de Janeiro, no Brasil.

“O virtuosismo dos seus desenhos, com suas linhas sobrepostas, traços interrompidos e gestos vibrantes, evoca poderosamente a arte eterna dos primeiros humanos”, destaca a instituição.

No total são expostas cerca de uma centena de desenhos, alguns dos quais com até 15 metros de comprimento, pinturas, desenhos, arquivos e fotografias. Desta forma, apresenta-se ao público “os marcos essenciais da divulgação de uma forma de arte mundial que continua a influenciar a criação artística, a investigação e a imaginação nos dias de hoje”.

A arte dos primeiros seres humanos, e a arte rupestre em particular, suscitaram o entusiasmo de toda uma sociedade que descobriu que os seus antepassados eram tão misteriosos quanto dotados, e as pinturas reveladas em todo o mundo inspiraram artistas em busca de autenticidade e de ruturas estéticas.

Foi assim que irrompeu na cena moderna a forma mais antiga de atividade pictórica humana. “Estas pinturas são expostas nos museus mais prestigiados e, em menos de uma geração, tornam-se obras de arte por direito próprio”, afirmam os organizadores, acrescentando que a exposição “Préhistomania. Tesouros mundiais da arte rupestre: Da gruta ao museu” presta homenagem à história destes homens e mulheres e às suas criações.

LusoJornal