Resistente português António Ferreira foi homenageado esta manhã em Montrouge



Esta manhã, às 10h00, o ‘Coletivo para a memória dos estrangeiros na Resistência em França 1940-1945’ depôs uma coroa de flores junto à placa em homenagem ao Resistente português António Ferreira, assassinado pelos Nazis. A cerimónia teve lugar no n°36 de rue Victor Basch, em Montrouge (92), no sítio onde António Ferreira foi abatido, no dia 24 de agosto de 1944.

António Ferreira Barbosa nasceu em Rio Tinto, Gondomar, no dia 3 de fevereiro de 1901 e casou com Adelina Borges antes de emigrar para França, deixando a mulher em Portugal. Esta separação fez com que o casal tivesse divorciado em 1934 porque António Barbosa vivia em concubinagem com a francesa Bord desde 1927.

O casal franco-português vivia no 3 rue de la Solidarité, em Montrouge, onde viviam também dois outros Resistentes franceses: René Renard, deportado para Natzeiller e Denise Dussous deportada para Ravensbrück. Os dois morreram na deportação.

Desconhece-se em que data António Ferreira Barbosa – que era marceneiro, profissão que aprendeu desde jovem com o pai – entrou em Resistência, nem o seu percurso durante a Ocupação.

Mas sabe-se que, aquando da libertação de Paris, ele era soldado das Forças Francesas do Interior (FFI) e pertencia ao 61° MP, 2° Batalhão, 32ª Companhia.

Depois do Desembarque da Normandie, no dia 6 de junho de 1944, as tropas Aliadas avançam em direção de Paris e no dia 20 de junho, o Chefe Regional das FFI apelou à insurreição da população.

No dia 24 de junho, uma coluna intitulada “Na Nueve”, constituída por Republicanos espanhóis, entra em Paris pela Porte d’Italie, em direção da Mairie da capital. “La Nueve” pertencia ao Régiment de Marche du Tchad, da 2a Division Blindée do General Leclerc.

Em Montrouge, os soldados alemães estavam escondidos no Stade Buffalo. No dia 24 de agosto de 1944, uma patrulha das FFI atacou o estádio para neutralizar os Alemães. Foi precisamente quando os elementos das FFI estavam a desarmar os soldados alemães que um oficial Nazi deu um tiro de revolver e a bala atingiu mortalmente António Ferreira. Eram 5h20 da manhã e na altura, a atual rua Victor Basch, chamava-se rue Céline Dubois.

António Ferreira Barbosa foi sepultado no Cemitério de Montrouge e em 1946 foi acrescentado no registo de óbito, a menção “Mort pour la France”.

O nome de António Ferreira está gravado no monumento da cidade que presta homenagem aos fuzilados e aos deportados e uma placa foi colocada no n°36 da rue Victor Basch, assinalando exatamente o sítio onde António Ferreira foi abatido.

“A implicação de António Ferreira Barbosa na defesa da França e dos valores republicanos, simboliza a contribuição de muitos combatentes e Resistentes portugueses e de origem portuguesa, primeiro em setembro de 1939, no Exército francês, e, depois de junho de 1940, nas diferentes formas de Resistência. É esta memória que é honrada com esta homenagem a António Ferreira Barbosa, abatido em Montrouge, pela França e pela Liberdade” escreve num comunicado de imprensa o Coletivo.

O ‘Coletivo para a memória dos estrangeiros na Resistência em França 1940-1945’ é constituído pelos historiadores Marie-Christine Volovitch-Tavares, Cristina Clímaco, Georges Viaud, e pela ‘Association du 24 août 1944’, em Paris e em Bordeaux, onde também estão previstas várias ações, por Manuel Dias, Valentin Fernandes, Esmeralda Trave et José Garcia.

Manuel Dias, um dos cofundadores do Comité Aristides de Sousa Mendes é o grande impulsionador desta homenagem e de uma vasta ação que tem trazido a público a implicação dos estrangeiros e em particular dos Portugueses, na Resistência francesa.

Esta cerimónia tem lugar precisamente no dia em que a França presta homenagem aos estrangeiros que participaram na Resistência, com a entrada no Pantéon Nacional do Resistente Arménio Missak Manouchian.

LusoJornal