José Luís Carneiro diz que nos últimos 20 anos os emigrantes enviaram para Portugal mais de 63 mil milhões de euros


Nos comentários que faz todas as segundas-feiras no canal de televisão CNN Portugal, o antigo Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, disse que “a diáspora é o fator estratégico mais relevante da nossa vida nacional” e anunciou que nos últimos 20 anos, os emigrantes enviaram para Portugal 63.093 milhões de euros.

“A nossa emigração é decisiva para o nosso desenvolvimento e o fator mais importante são as remessas” disse José Luís Carneiro. “Entre 2003 e 2023, os emigrantes enviaram para Portugal 63.093 milhões de euros. Só em 2023, atingiu quase 4.500 milhões de euros. Isto corresponde a três ‘Bazucas’ para falarmos do PRR, três vezes o PRR, que representou cerca de 22 mil milhões de euros”.

O PRR é o Plano de Recuperação e Resiliência, um programa de aplicação nacional, com um período de execução até 2026, que visa implementar um conjunto de reformas e investimentos destinados a repor o crescimento económico sustentado, após a pandemia, reforçando o objetivo de convergência de Portugal com a Europa. Trata-se de fundos excecionais que Portugal está a receber da União Europeia.

Mas José Luís Carneiro dá outro elemento de comparação. “Entre 1986 e 2023, estamos a falar de 38 anos, nós recebemos, líquidos, cerca de 86 mil milhões de euros de fundos europeus e, se verificarmos, em 20 anos, recebemos mais de 63 mil milhões de euros de remessas dos nossos emigrantes”.

“Mas os nossos emigrantes contribuem para o desenvolvimento da economia para além das remessas, com investimentos concretos que fazem, nomeadamente no turismo, na restauração, mas também nos setores de ponta da saúde ou da aeronáutica” disse o dirigente socialista que se candidatou a Secretário-Geral do Partido, mas falhou a eleição para Pedro Nuno Santos.

José Luís Carneiro escolheu o tema das Comunidades para o programa desta semana e explicou que é uma “homenagem merecida” aos emigrantes portugueses, neste mês de agosto.

Começou por dizer que há 1.590.475 recenseados no estrangeiro e que as Nações Unidas estimam em cerca de 2,1 milhões de Portugueses emigrantes, “mas se contabilizarmos os lusodescendentes, a nossa estimativa vai de 5,3 a 5,7 milhões de emigrantes e lusodescendentes, 65% dos quais na Europa”.

Apresentando quadros, explicou que em 2012 saíram cerca de 120 mil Portugueses do país, para se instalarem essencialmente no Reino Unido e em França (19.685 novos emigrantes). Em 2022, saíram 60.000 emigrantes e os países de destino, por ordem decrescente, foram a Suíça, Espanha, Reino Unido e França em 4° lugar, com 7.663 novos emigrantes.

No final da sua intervenção, José Luís Carneiro deu alguns exemplos de emigrantes que investem em Portugal. Evocou o grupo francês Louak, no ramo da aeronáutica, com duas fábricas, uma em Setúbal e outra em Grândola, “que veio para Portugal pelas mãos de um Diretor Geral português”. Exemplificou ainda com o empresário Armando Lopes, que é o dono da rádio Alfa, em Paris, e que “está a fazer um investimento de 50 milhões de euros em Leiria, no setor do imobiliário e da recuperação do património”, Diamantino Marto “que tem investimentos na área do imobiliário, turismo, habitação, em Leiria, Coimbra, Lisboa, Algarve a Açores”, e com Paulo Pereira, da Quinta da Pacheca, “que tem investimentos em Lamego, Valpaços, Dão, Algarve e Alentejo”.

“Os Portugueses da diáspora constituem uma das grandes relíquias da nossa vida nacional, que tem que ser acarinhada pelos poderes públicos, pelo Estado, e particularmente pela sociedade portuguesa, tal é o contributo que tem vindo a dar ao longo das últimas décadas para a nossa vida coletiva, mas eu diria que é mesmo uma constante, uma linha de força, uma das principais características da nossa vida nacional e da nossa sociedade” concluiu José Luís Carneiro.

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