Cabo Verde quer mais investimento da diáspora em áreas produtivas


O Primeiro-Ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, sublinhou esta semana o “peso elevado” da diáspora na economia do país, mas quer que os investimentos sejam direcionados mais para as áreas produtivas.

O peso da diáspora “expressa-se através de transferências e depósitos bancários e de remessas de emigrantes”, mas queremos que seja mais em áreas como o “turismo, economia azul, economia digital, energias renováveis”, disse o Chefe do Governo.

“São áreas que temos que abrir para a nossa diáspora”, disse Correia e Silva ao intervir na conferência internacional em que se vai formalizar a criação da Aliança Política da Diáspora Global (GDPA, sigla inglesa), que decorre até hoje no Sal, a principal ilha turística do arquipélago.

De acordo com dados do Banco de Cabo Verde (BCV), publicados em junho, em 2023 os investimentos dos emigrantes totalizaram 5,6 mil milhões de escudos (51 milhões de euros), representando aproximadamente dois por cento do PIB.

Segundo o banco central, as remessas em divisas dos emigrantes cabo-verdianos totalizaram 28,6 mil milhões de escudos (equivalente a 260 milhões de euros) em 2023 e representaram cerca de 12% do Produto Interno Bruto (PIB).

O Primeiro-Ministro reconheceu ainda que o país está “muito abaixo” do potencial de participação da diáspora na economia, na atração de competências e nos mercados que o país quer aceder e manifestou a intenção de aumentar essa capacidade.

Na sua intervenção, abordou ainda várias medidas do Governo direcionadas à diáspora, entre elas a recente alteração da lei de nacionalidade, que alargou a possibilidade de aquisição desse título a netos, bisnetos ou trinetos de cabo-verdiano de origem nascidos no estrangeiro.

“O trineto de cabo-verdiano é cabo-verdiano, pela cultura, pela identidade, pelos laços que constituiu. É uma questão de justiça”, justificou.

As nove ilhas habitadas de Cabo Verde têm cerca de 500 mil habitantes, mas há o triplo de cabo-verdianos e descendentes a viver no exterior.

A conferência partilha lições e boas práticas de Cabo Verde e de outros intervenientes no envolvimento da diáspora, em diversos setores, além de formalizar a criação da GDPA.

O evento apresenta-se como “uma oportunidade para facilitar a participação ativa e a colaboração entre vários governos, organizações da diáspora, setor privado, universidades e jovens”.

A nova Aliança Política da Diáspora Global será “um mecanismo fundamental para a elaboração futuras iniciativas”, segundo o Governo cabo-verdiano.

O evento é organizado pelo Governo de Cabo Verde em parceria com a Organização Internacional para as Migrações (OIM) e com o Governo da Irlanda.

A conferência integra os apoiantes da Declaração de Dublin, adotada em abril de 2022, na Irlanda, e pretende recolher ideias e práticas inovadoras sobre o envolvimento da diáspora.

LusoJornal