Thibault Stipal

Raquel Camarinha, cantora lírica internacional


Raquel Camarinha, cantora lírica internacional, 37 anos, vive há 15 anos em Paris. A soprano, que desde muito cedo iniciou-se na música, descobre o canto aos 14 anos, algo que vai trabalhando em simultâneo com os seus estudos secundários. Uma paixão que se intensifica, pois tudo lhe agrada neste mundo sonoro onde consegue misturar variados tipos de textos – literatura, poemas, teatro – e que estes podem ser exaltados pela sua voz.

Com o final do secundário era necessário decidir entre “continuar pelo percurso mais típico, fazer medicina, já que os meus dois pais são médicos, ou dar uma oportunidade à minha vocação”. E a ajuda veio da sua professora de história da música. Laura Gomes, que deu aquele pequeno, mas importante, incentivo à sua inscrição em “Canto”. Já na Universidade de Aveiro, encontraria o Professor António Salgado que tanto admirava, e a partir daí Raquel Camarinha começou a fazer espetáculos em Lisboa e por todo o país, ela que ainda duvidava deste modo de vida, aquele que colocaria definitivamente nos palcos.

Na decisão de continuar os seus estudos superiores, a realização de mestrado entre a prestigiada escola Guidhall School of Music and Drama em Londres ou o Conservatório Superior de Música de Paris, fez “a história das coincidências” que a decisão caísse nesta última cidade, pela qual depressa se apaixonou, e aqui acaba por conhecer o marido, o também artista Yoan Héreau.

Artista versátil, desde o barroco ao clássico, não considera ter preferências, porque os “amores” são diferentes, mas sobretudo “adoro puder experimentar aquilo que aprendo num estilo, aplicar a outro, misturando o barroco com o piano, com o lírico, e por vezes penso, que tenho muito mais sorte que um ator, poder exprimir um texto em várias línguas, trabalhar com textos e autores de realidades diferentes; penso que o trabalho final fica muito mais enriquecido com esta troca de géneros”.

A cantora tem um percurso internacional demarcável, mas relembra com carinho o percurso efetuado no Teatro de Chatelet de 2012 a 2017. “Em 2011 ganhei o concurso de Luisa Toddi, em Setúbal, e no júri estava o então diretor de casting de Chatelet, Jean-Luc Choplin, com quem mantive uma produção artística de 5 anos”.

Aqui Raquel viria a fazer produções variadas como Il Re pastore de Mozart, Orlando Paladino de Haendel, ou ainda La Pietra del paragone de Rossini. “Apreciei bastante esta instituição, que posso chamar quase familiar, porque apesar de ser um teatro lindo e grandioso, toda a gente se conhece”. Com o atual diretor, Olivier Py, e a sua vontade de programar um reportório lírico, com teatro musical, a soprano tem agendado todo o início de 2025.

Fez vários festivais durante o verão, um pouco por toda a França, mas agora abraça um projeto bem mais íntimo, o nascimento do seu segundo filho previsto para final de setembro / outubro.

Monica Fins da Costa

LusoJornal