Legislativas’25: Marta Temido em Paris no comício de apresentação da candidata socialista Emilia Ribeiro

No teatro La Boussole, mesmo em frente da Gare do Norte, teve lugar na quarta-feira à noite, o comício da Secção do Partido Socialista português de Paris, para apresentação da candidata Emília Ribeiro, cabeça-de-lista do PS pelo círculo eleitoral da Europa às eleições legislativas de 18 de maio. A Eurodeputada Marta Temido veio de Bruxelas e foi a “convidada especial” do evento apresentado por Bruno António.

O primeiro a discursar foi António Oliveira, o Coordenador da Secção do PS de Paris, que assumiu ter tido a responsabilidade na escolha da candidata. “O PS telefonou-me e propôs-me alguém que mora em Portugal para encabeçar a lista. Eu disse que isso não fazia sentido e então pediram-me que escolhesse alguém das Comunidades” explicou na sua intervenção. “Eu quero agradecer ao Paulo Pisco por todo a trabalho que fez. Ele fez um trabalho importante nas Comunidades durante estes 15 anos. Esteve sempre junto das Comunidades, ninguém lhe tira esse mérito. Ele deu o máximo. Mas a política deve ser uma missão e não uma profissão” disse António Oliveira.

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PS é “progressista” porque candidata duas mulheres

“Muito facilmente me surgiu a ideia da Emília Ribeiro. Se quiséssemos um carreirista tinha uma lista tão grande que teríamos de ter muito tempo para escolher. Emília Ribeiro não é carreirista, está aqui por convicções” garantiu António Oliveira. “O PS deve ser um partido progressista e escolhi duas mulheres para serem as duas candidatas” referindo-se a Emília Ribeiro e a Ana Maria Pica, assistente social na Suíça. “O Partido Socialista deve ser contra as discriminações e pelo menos tenho o mérito de ser um homem que propõe duas mulheres”.

Ainda durante a sua intervenção, António Oliveira apresentou “o caminho”, porque “somos nós, que estamos no estrangeiro, que sabemos o que queremos”: quer 5 círculos eleitorais pela emigração, um por cada continente, quer mais Deputados porque “nós temos quase tantos eleitores como o Porto, mas elegemos 10 vezes menos Deputados do que o Porto”. Assumindo que não quer ser discriminado por viver no estrangeiro, António Oliveira disse que “eu não vou votar com um cartão de emigrante, eu vou votar com um cartão do cidadão, como qualquer outro eleitor em Portugal”.

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António Oliveira defende o voto eletrónico

Ainda no seu discurso, António Oliveira defendeu o voto eletrónico, aliás como tem feito há vários anos na Secção do PS/Paris. “Este é o caminho a seguir” disse, defendendo também a uniformização das metodologias de voto.

Mas reagiu às declarações dos candidatos da AD. “A AD diz que o PS tem medo do voto dos emigrantes. Como podem dizer isso se foi num Governo socialista, com José Luís Carneiro, que se passou ao recenseamento automático dos emigrantes, tendo aumentado os votantes para mais de um milhão e meio?” pergunta ao Secretário Coordenador. “Nós não temos medo nenhum. Quanto mais votantes, melhor”.

Num energético apelo ao voto, António Oliveira lembrou os 50 anos das eleições para a Assembleia Constituinte, depois do 25 de Abril, “em que votaram mais de 90% dos eleitores. Muitos eram analfabetos, muitos não sabiam escrever, mas foram votar. Porque pensaram que a Liberdade era o mais importante de tudo. Nós também devemos ir votar, quanto mais não seja para homenagear esses nossos pais, esses nossos avós, esses nossos tios”.

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Marta Temido defendeu “lista forte, com gente de cá”

Bruno António apresentou Marta Temido como “o nosso amuleto da sorte, o nosso trevo de quatro folhas”. A antiga Ministra da Saúde e atual Eurodeputada enalteceu a escolha de Emília Ribeiro e felicitou o discurso de António Oliveira. Depois assumiu que “o Governo tem de estar mais presente e tem de ter um Plano para a Diáspora” porque “nos últimos tempos temos andado desencontrados”.

“Eu estou apenas há poucos meses em Bruxelas, mas agora compreendo-vos melhor. Compreendo melhor o que é viver na Diáspora, o que é ter saudades, a saudade dos nossos, o que se sente quando o raio do avião não parte… Eu ainda não sei nada, mas já sei mais. Sei que Portugal só ganha com a força dos que estão cá fora”.

Referindo-se às metodologias de voto e respondendo a António Oliveira, Marta Temido confessou que “o voto eletrónico não está no nosso programa eleitoral, mas eu estou de acordo”.

A dirigente socialista destacou do programa eleitoral “a garantia que as ligações aéreas da TAP se mantêm e até serão reforçadas, a garantia do alargamento do ensino da língua portuguesa, a garantia que o programa Regressar seja alargado a mais Portugueses, nomeadamente aos Reformados, a garantia que os emigrantes são cidadãos de pleno direito em Portugal”.

Virando-se para a candidata Emília Ribeiro, disse que é uma lista “forte” constituída por mulheres e com gente de cá, “se compararmos com alguns paraquedistas”.

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Emília Ribeiro considera-se preparada

Depois da projeção de alguns vídeos de apoio, Emília Ribeiro agradeceu a presença de todos e descreveu os pontos mais importantes do seu currículo, desde a chegada a França em 1972, filha de pais emigrantes e mãe e avó de lusodescendentes. Referiu a relação às associações, às geminações que ajudou a estabelecer, a sua eleição na Mairie de Les Ulis, e a sua recente eleição para o Conselho das Comunidades Portuguesas. “A AD não tem candidatos emigrantes” disse.

Mas na sua intervenção, atenuou as palavras de António Oliveira e de Marta Temido sobre o voto eletrónico. “Nós não temos medo da participação cívica, mas não entro na onda cega do voto eletrónico” e acrescentou que “temos de fazer primeiro um estudo de viabilidade. Por enquanto ainda não é seguro”.

Depois – apressadamente porque o tempo já era pouco – evocou alguns dos pontos do programa eleitoral, como “reforçar a rede consular para o qual vai ser necessário alocar mais recursos humanos”, mas sobretudo “apoiar os que regressam a Portugal, tanto para os ativos, como para os reformados”.

Emília Ribeiro considera ainda que é necessário apoiar ainda mais as associações, “apoiar com verbas o meritório trabalho dos órgãos de comunicação portuguesa da diáspora”, valorizar os agentes culturais e os lusoeleitos.

Aquele que era o discurso mais esperado da noite, acabou por ser encurtado porque o teatro tinha programado um espetáculo, que não podia esperar. A troca de impressões com o público fez-se… na rua.

No entanto, ainda houve tempo para Emília Ribeiro dizer que se sente preparada para assumir o cargo. “Ao longo destes anos, promovi o ensino da língua portuguesa, adquiri competências profissionais, associativas, de cargos públicos, no Conselho das Comunidades tenho aprendido muito sobre as outras emigrações na Europa” disse.

O comício acabou com um vídeo de apoio de Pedro Nuno Santos, o Secretário Geral do Partido Socialista e candidato a Primeiro-Ministro.