Opinião: Agosto aproxima-se – Portugal é, e será sempre, o nosso país

Agosto aproxima-se. Para milhões de portugueses que vivem no estrangeiro – ou que nasceram fora, filhos e netos de emigrantes – este mês tem um significado especial. Não é apenas tempo de férias. É tempo de regresso. Tempo de reencontro com aquilo que somos e com as nossas raízes.

Porque, sim, vivemos fora. Nascemos em outros países. Construímos lá as nossas vidas, formámos famílias, sonhámos e trabalhámos arduamente. Mas Portugal é, e será para sempre, o nosso país. Um país que não esquecemos, que não trocamos, que carregamos no coração todos os dias, mesmo a milhares de quilómetros de distância.

Agosto é o mês em que regressamos. Voltamos às aldeias onde cresceram as nossas famílias, às casas dos avós, aos sabores, às tradições e às festas que nos definem. Não regressamos como estrangeiros ou turistas – regressamos como portugueses, de pleno direito e de pleno coração.

A nossa Comunidade emigrante é uma fonte imensa de orgulho para Portugal. Em todos os cantos do mundo onde estamos presentes – em França, Luxemburgo, Suíça, Alemanha, Canadá, Estados Unidos, Reino Unido e além – somos reconhecidos pela nossa força, pelo nosso trabalho árduo, pela nossa honestidade e pela nossa capacidade de integração. Somos respeitados, valorizados e admirados.

Mas o que verdadeiramente nos distingue é que, mesmo longe da terra natal, nunca perdemos a nossa identidade. As nossas tradições sobrevivem e prosperam – mesmo na terceira, quarta e quinta gerações. Jovens nascidos fora que falam português, que tocam concertina, dançam folclore, celebram o S. João, preparam o cozido à portuguesa e escutam o Fado com o mesmo amor. Transmitimos Portugal espontaneamente, porque Portugal está em nós.

Poucos povos no mundo mantêm uma ligação tão forte às suas raízes como nós. Isto não é coincidência – é amor, é identidade, é orgulho profundo.

Este agosto é merecido. Após um ano de trabalho, de sacrifícios, de distância e de saudade, temos direito a este regresso. Um regresso físico, mas sobretudo simbólico. É a prova irrefutável de que nunca deixámos de pertencer.

Ouve-se por vezes dizer que “o Portugal de cá” e “o Portugal de lá” são diferentes. Mas não. Somos todos um só povo. Portugal não é apenas o território dentro das suas fronteiras; é também o que vive, respira e resiste no estrangeiro.

Nós, portugueses no estrangeiro, somos a extensão viva da nação. Somos embaixadores da língua, da cultura e da alma portuguesa. Somos parte integrante do Portugal de hoje e de amanhã. E chegou o momento do país reconhecer isso com justiça, respeito e orgulho.

Permitam-me dizer claramente: Portugal tem muito a aprender connosco, a acreditar mais em si próprio. Porque, por vezes, o maior defeito do nosso país é pensar-se pequeno, acomodar-se, não sonhar grande. Mas nós, fora, fomos forçados a tentar, a lutar e a vencer – sem nunca esquecer as nossas origens, com Portugal sempre no coração.

Por isso, que este mês de agosto seja mais do que uma simples viagem. Que seja uma afirmação clara. Que cada regresso mostre que o Portugal emigrado também é Portugal. Que a nossa presença não é uma exceção, mas sim uma força. Que o nosso amor pelo país é genuíno, profundo e legítimo.

Bom regresso a todos, com orgulho, com alegria, com identidade. Porque esta terra é nossa. E nós somos dela.

Viva agosto. Viva a nossa Comunidade. Viva Portugal!
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Mickael Fernandes