Bruno Pereira: da timidez às luzes do palcoEmanuel Guedes·Cultura·27 Agosto, 2025 Bruno Pereira nasceu em França em 1995, mas cedo regressou com a família a Melgaço, no extremo norte de Portugal. “As minhas lembranças com a França são à base de fotografias, não tenho lembranças diretas porque não fiz amigos e não tive lá na escola”, confessa ao LusoJornal, que viveu apenas dois a três anos no país onde nasceu. O início no coro e a descoberta da música A música entrou na vida de Bruno de forma natural, quase inevitável. Os pais já faziam parte de um coro fundado por amigos do meu avô que também fazia parte, e foi num ensaio que tudo começou. “A minha ligação com a música foi muito cedo. Num ensaio que eu assisti, a minha irmã e eu começamos então a cantar baixinho e o senhor que estava a ensaiar fez-nos cantar com o grupo coral. Nessa altura eu tinha 7 anos”. Durante 14 anos, o coro foi a sua escola musical. Mais tarde, já na universidade, começou a aprender guitarra, sempre de forma autodidata. “Nunca tive aulas de canto nem de guitarra, sempre fiz as coisas de forma autodidacta”. A primeira vez em palco Apesar da paixão, Bruno Pereira sempre se descreveu como uma pessoa reservada. “Sou uma pessoa muito tímida, e naquela altura não pensava em cantar e tocar na frente das pessoas e fazer o percurso que fiz”. O primeiro passo aconteceu em 2016, quase por acaso, num evento solidário em Melgaço. “No ano de 2016, havia aqui um evento da Liga Portuguesa Contra o Cancro. Eles não tinham ninguém para começar esse evento e eu então fui. Eu pensava que era o único concerto que ia fazer na minha vida, e vai fazer para o ano 10 anos que estou neste percurso”. Da pandemia às primeiras composições Durante a pandemia, quando os concertos rarearam, Bruno começou a compor. O primeiro single, Ainda Espero Que Me Escrevas (2024), nasceu de uma colaboração inesperada com a poetisa Joana Malheiro. “Fiz um anúncio nas redes sociais a dizer que estava à procura de poetas. Uma amiga minha de Melgaço enviou-me um poema, e eu acabei por transformá-lo em canção”. A canção ganhou uma importância ainda maior depois do contacto com Pedro Abrunhosa. “Enviei-lhe a canção para ele ouvir e ele gostou muito. Anos depois, reconheceu-me durante um concerto e convidou-me a ir ao estúdio dele em Vila Nova de Gaia. Sem dúvida que foi uma influência para eu lançar esse primeiro original”. Encontros decisivos Outro momento marcante foi em 2019, quando partilhou o palco com António Zambujo. “Foi um divisor de águas. A partir desse momento comecei a ganhar coragem para chegar ao pé de artistas, tirar dúvidas, falar e aprender”. A afirmação autoral com Melancolia Em julho de 2025, Bruno Pereira lançou “Melancolia”, o seu segundo single. Desta vez, além da interpretação, assumiu também a composição da letra e da música. “A última canção é ‘Melancolia’, foi gravada com o mesmo produtor. E eu sou, pela primeira vez, o autor da música e da letra”. Ao contrário do que se poderia pensar, o músico não se vê no universo pop-rock. “O meu estilo na minha música é folk e não pop rock”, afirma Bruno Pereira ao LusoJornal.