Lusa | Rodrigo Antunes

Opinião: José Luís Carneiro, o PS e as Comunidades


É relativamente pacífico que o atual Secretário-Geral do PS, José Luís Carneiro, foi um dos melhores Secretários de Estado das Comunidades que passaram por esta pasta. Foi incansável, esteve sempre presente em todos os momentos mais críticos por que passaram os nossos compatriotas, como quando houve catástrofes naturais ou atentados terroristas e iniciou um caminho que prenunciava uma mudança de paradigma na relação entre o país e os portugueses residentes no estrangeiro, implementando diversas medidas inovadoras e de grande alcance, de que é exemplo maior o recenseamento automático, que aumentou o número de votantes de menos de 30 mil para mais de 330 mil nas últimas eleições legislativas.

A passagem de José Luís Carneiro pela pasta das Comunidades é bem a prova de que são as pessoas que fazem o cargo, dando importância às suas funções e valorizando aqueles que são os principais destinatários da ação e das medidas implementadas.

Tudo aquilo que fez enquanto Secretário de Estado das Comunidades está no livro que publicou com o título sugestivo “Valorizar os Portugueses no Mundo”, que revela inteiramente a forma como olha para as Comunidades: com total respeito em termos de igualdade, consideração e sentido de Estado. Nesse livro encontra-se a evidência de como o seu projeto para a diáspora era de valorização e reconhecimento por tudo o que significa para Portugal. Durante o seu mandato abriu as questões das Comunidades a outras áreas da governação como a fiscalidade, a igualdade, jovens, mulheres, desporto, economia, ciência e cultura, entre outras, revelando uma abordagem sobre como devem ser considerados os portugueses residentes no estrangeiro e o seu extraordinário legado de gerações.

Mesmo depois de ter deixado o cargo, manteve sempre o contacto com pessoas das Comunidades que o procuravam, já em funções como Ministro da Administração Interna, que desempenhou igualmente de forma brilhante. Tudo isto reflete uma personalidade política particular, visto que o lugar que ocupou não foi apenas uma passagem fugaz por um domínio que depois se esquece quando se abandonam as funções. Com o mesmo sentido de ouvir e dar voz, a sua atenção às Comunidades foi sempre constante depois de ter exercido as funções de Secretário de Estado das Comunidades, designadamente enquanto Secretário-Geral Adjunto do PS, como Deputado, como Ministro da Administração Interna e agora de como Secretário-Geral do PS.

Nos poucos meses que tem nestas novas funções, desde finais de junho, já deu vários exemplos de que as Comunidades serão uma das suas prioridades. Nas suas intervenções públicas, tanto no Parlamento como noutros contextos, as Comunidades são referência regular, como aconteceu em agosto na ilha do Pico, onde esteve na apresentação do livro do historiador Daniel Bastos, sobre os “Monumentos aos Emigrantes”. Na recente visita oficial que fez a Angola para reunir com o Presidente João Lourenço e outras individualidades, colocou na sua agenda encontros com as Comunidades, tal como fez na sua primeira deslocação internacional, a Bruxelas, para reunir com o Partido dos Socialistas Europeus (PES), mas aproveitando para se encontrar também com a Comunidade, com o apoio do Coordenador da Secção local do PS.

Na calha estão inúmeras outras iniciativas com e para as Comunidades, sempre com este propósito de dar o valor que lhes é devido, o que não tem paralelo em nenhum outro partido político, tenham ou não Deputados eleitos pelos círculos da emigração.

José Luís Carneiro já assumiu publicamente que a sua ação terá como uma das prioridades a relação com as Comunidades, como forma de reconhecer a importância da presença portuguesa no mundo e de valorizar de igual modo tanto os que vivem dentro das nossas fronteiras como os que estão dispersos pelos vários continentes.

A prova mais evidente será a criação, já assumida também publicamente, de um Departamento de Comunidades Portuguesas na estrutura do PS que desenvolverá a sua ação em várias vertentes, como forma de valorizar a relação com as Comunidades em todas as suas dimensões, fazendo com que, onde existem dois mundos, passe a haver só um, integrando todos, os que estão no país e os que estão fora, da mesma forma nas preocupações e prioridades da ação política, no desenvolvimento do país e na afirmação de Portugal no mundo.

.

Paulo Pisco

Adjunto do Secretário-Geral do PS para as Comunidades Portuguesas

Ex-Deputado eleito pelo Círculo da Europa