LusoJornal | Carlos PereiraNice: Morreu o militante comunista e promotor cultural Pedro da NóbregaCarlos Pereira·Comunidade·18 Setembro, 2025 Faleceu em Nice, onde morava, com 67 anos de idade, Pedro da Nóbrega, dirigente associativo, militante, escritor, poeta, antropólogo, radialista, foi durante muitos anos Diretor do Festival de cinema lusófono organizado em Nice, Cannes e Grasse e também foi dirigente da Coordenação das Coletividades Portuguesas de França (CCPF). Pedro da Nóbrega “foi, durante toda a vida, um passador de memória e um companheiro de combate” escreveu Julien Picot, Secretário departamental do Partido Comunista Francês (PCF 06). Nascido em Saint-Denis, filho de um refugiado político português e de uma mãe francesa, “viveu na pele e no pensamento a luta contra a ditadura, a memória da Revolução dos Cravos e a esperança de um mundo livre da exploração”. Também Luísa Semedo lembra Pedro da Nóbrega como um “Antifascista, Homem de cultura, de transmissão, grande conhecedor e divulgador de cinema entre tantas outras coisas. Símbolo do espírito associativo”, evocando a sua implicação na CCPF. Trabalhou para o Partido, assessorando o grupo comunista do Conselho Departamental dos Alpes-Maritimes e também colaborou com o grupo comunista da antena departamental no Conselho Regional. “Em Nice e no nosso departamento, foi um militante precioso, uma voz amiga, um intelectual empenhado, que colocava a sua erudição ao serviço da causa popular” escreve Julien Picot. O partido lembra-o também como a “ponte” entre o Partido Comunista português e o Partido Comunista francês. “Ele participou ativamente para alimentar o diálogo, a solidariedade e a luta comum”. Regularmente publicava poemas nas páginas do LusoJornal, relacionados com a luta de Abril, mas também sobre a luta pela emancipação das mulheres, pela liberdade, pela fraternidade e pela paz. Luísa Semedo fala do “nosso rabugento favorito”. Durante os anos em que esteve à frente do Festival de Cinema Lusófono de Nice, fazia a promoção, com orgulho, da cultura portuguesa e da cultura dos demais países de expressão lusófona. “Nunca parou de abrir janelas para os cinemas e as culturas lusófonas” tendo sido um dos fundadores da associação Espace de Communication Lusophone, por intermédio da qual, chegou a ser dirigente da CCPF. “Perdemos um camarada fiel, um espírito livre e exigente, um homem profundamente humano afirma Julien Picot do PCF-06. “O Pedro vai continuar vivo nas nossas lutas, nos nossos corações e no ideal comunista que era o seu: construir um mundo de justiça, de dignidade e de paz”. Portugal perdeu um promotor cultural e um organizador de eventos que muito contribuíram para dar a conhecer a cultura portuguesa a um público francês. Pedro da Nóbrega acumulou vários problemas de saúde nestes últimos anos, depois de um AVC que o deixou bastante debilitado. . «Si nous inventions quelque issue» par Pedro da Nóbrega . Vers d’inédites avenues D’autres parages que ceux promis Par de navrantes prophéties De ceux qui voudraient que s’instaure L’immuable loi du plus fort Une planète à dévaster Une humanité sacrifiée Pour l’appétit toujours vorace Des inamovibles rapaces Il nous faudrait nous résigner A cette curie programmée Au plus grand nombre le malheur Pour les carnassiers l’impudeur D’une terre ainsi rançonnée Jusqu’à ce qu’elle soit ruinée Le bonheur n’est pas le partage Augurent ces sombres présages L’égoïsme ainsi justifié Des brigands les plus fortunés Nous faudrait-il courber les reins A cette inique loi d’airain Ou refuser cette avanie Cet abominable gâchis Il flotte encore en nos esprits Des rêves d’un autre acabit Quand l’humain reprend le projet Tant de richesses partagées Que de ressources protégées Quand l’intérêt se veut commun Pour le bien de tout un chacun D’aucuns diront que c’est chimère Pire des mauvaises manières Ceux-là même qui justifient L’innommable piraterie Qui met notre terre en danger Au profit de privilégiés Qui ne sont que minorité A l’impudence accoutumés Faut-il accepter cette loi Où les voleurs deviennent rois Quitte à ce que soit sacrifiée Pour cela la communauté Ou refuser de nous plier Au dol ainsi légitimé