LusoJornal | Carlos PereiraA LusoTech Community entregou prémios a empresas inovadoras em LilleCarlos Pereira·Empresas·21 Setembro, 2025 Na terça-feira desta semana, dia 16 de setembro, teve lugar, numa das salas da EuraTechnologies, em Lille, uma cerimónia organizada pela LusoTech Community, para reforçar as relações entre as start-ups franco-portuguesas instaladas na região e para destacar o espírito de inovação dos lusodescendentes. A iniciativa foi organizada em colaboração com a French Tech Lille e contou com a participação da French Tech Lisboa. Bruno Cavaco, atual Cônsul Honorário de Portugal em Lille foi, pelo passado, Presidente da Louvre Lens Valée, uma incubadora de start-ups relacionadas com a cultura. Bruno Cavaco começou, depois, a organizar missões com empresários do norte da França a Portugal, em articulação com a “fibra numérica” que também o move e com o facto de ter assistido à criação da French Tech – “que começou em Lille” explica – e depois criou a LusoTech Community “para facilitar as pontes entre Portugal e a região Hauts-de-France” explica ao LusoJornal. A Presidente da French Tech Lille é Hélène Clary e foi a primeira oradora do dia. “Há um ponto comum entre os negócios na região Hauts-de-France e em Lisboa, especialmente na tecnologia. Temos a sorte de termos muito bons engenheiros e boas ideias” explicou ao LusoJornal. “E também são as pessoas, a energia para iniciar coisas novas. Mas sobretudo a interajuda – este é outro dos valores que temos em comum”. Hélène Clary respondeu às perguntas do LusoJornal em português porque está casada com Telmo Silva, um português lisboeta, que chegou a França vindo do Canadá. Para além de marido e mulher, Hélène Clary e Telmo Silva são também sócios nos negócios e dirigem a “Clicdata”. . Distribuição de projetos aos empreendedores Os Prémios, materializados por um Galo de Barcelos “estilizado” foram entregues por Bruno Cavaco, por Hélène Clary e por Valérie Six, Conselheira regional com o pelouro da inovação. Jean-Michel dos Santos da Allistic, Rémy dos Santos da Vovoo – o nome da empresa é uma homenagem ao avô -, Christophe Ribeiro da TheLoop.io, Anne Gaspar da Lilaea, Antónia Bova da Nestor – ausente porque aguarda o nascimento de um bebé, mas o prémio foi recebido pelo marido, Marc Antoine Navrez, também homenageado, da LaCordée -, Manuel Gomes da Stereograph, Telmo Silva da Clicdata, Virginie da Silva da Be-Human e Chris Marques da AlorsOnDanse? que é originário de Colmar, mas está a investir na região – estava ausente por compromissos já anteriormente assumidos com o canal de televisão TF1. Foi também homenageada Ludivine Deloux da ForceAwards, uma empreendedora da Lille que está atualmente radicada na região de Lisboa, e Cosimo Prete da CST, a empresa de Lille que criou o sistema de proteção do Cartão do Cidadão português. Para além dos empreendedores, a LusoTech homenageou também quatro estruturas parceiras: Steven Bourgeois da EuraTechnologies, Bertrand Mangano, Presidente da French Tech Lisboa, o lusodescendente Yannick da Costa, Diretor da Bpifrance e o Diretor da AICEP em França, Eduardo Henriques. “O objetivo é colocar um projetor sobre a excelência destes empreendedores da Comunidade portuguesa, mas também dos franceses que têm interesse de se desenvolver em Portugal” explicou Bruno Cavaco. “A ideia agora é de trabalharmos mais com os ecossistemas portugueses para podermos ter mais intercâmbios, para que, a nível universitário, termos mais estudantes portugueses no domínio da inovação que possam investir também na nossa região. . A Silicon Valley Europeia: Portugal e Lille Ao agradecer os empreendedores e os parceiros institucionais, a LusoTech está a reforçar as suas relações com Portugal. “Temos aqui em Lille várias empresas que são muito importantes para a tecnologia francesa e para Portugal. Algumas delas querem desenvolver-se em Portugal porque sabem que é um mercado onde há muita possibilidade de crescer. Hoje fala-se na Silicon Valley europeia e, na verdade, estamos a falar de Portugal e de Lille” lançou Nuno Afonso da agência Hauts-de-France Innovation Développement (HDFID) e principal animador da LusoTech. “Temos relações muito claras com Portugal, somos quase gémeos em termos de mercado, mas também temos uma proximidade cultural muito forte. Há muitas empresas francesas que sabem que em Portugal há um mercado verdadeiramente grande para eles se desenvolverem”. Também Bertrand Magano, o Presidente da French Tech Lisboa concorda. “A tecnologia está a desenvolver-se bem em Portugal. Eu sou lusodescendente e sei que muitos portugueses vieram para França, mas agora há muitos franceses que vão para Portugal trabalhar na área da tecnologia. É muito importante trabalhar essa ligação entre as duas culturas e entre os dois países” explicou ao LusoJornal. “As start-ups de Portugal necessitam de sair do país à procura de maior dimensão de mercado e eu acho que a França é uma boa oportunidade. Temos cá muitas ferramentas para ajudar, o que dá mais possibilidades para que uma start-up portuguesa se desenvolva a nível internacional”. . Novas pistas para o futuro A intervenção final foi a de Jean-Paul Mulot, Conselheiro regional com o pelouro das Relações internacionais que elogiou Portugal, elogiou os Portugueses e elogiou sobretudo Bruno Cavaco, pela sua implicação na relação entre os dois países. “O Presidente da Região, Xavier Bertrand, quer ter um verdadeiro plano de trabalho para reforçar as relações entre a Região Hauts-de-France e Portugal, não apenas em termos de memória e defesa, mas também em termos de inovação e de inteligência artificial” explicou Bruno Cavaco. “A viagem a Portugal que organizámos no passado mês de abril a Lisboa permitiu-nos descobrir o ecossistema digital lisboeta e algumas incubadoras de start-ups. Levámos empresas interessadas pelo mercado português e também institucionais que procuram desenvolvimento económico entre os dois países” lembra Nuno Afonso. “Há aqui um eixo interessante com Lisboa, mas acho que podemos ir mais longe e nomeadamente acho que há outros ecossistemas em Portugal que também é preciso descobrir e estou a pensar no Porto, em Coimbra, em Braga, em Aveiro, e até na Madeira… há outros ecossistemas que podem ser descobertos e essa também é uma nova etapa nesta colaboração que tem sido com Lisboa” lança Eduardo Henriques. “A LusoTech é um exemplo muito concreto daquilo que nós queremos fazer em França, ou seja, é o exemplo concreto de cooperação e de aproveitamento do potencial da diáspora de segundas e terceiras gerações” assume o Diretor da AICEP Paris. “Este potencial existe para capitalizarmos agora em favor das nossas empresas, das nossas start-ups e da nossa presença em França. Para mim a LusoTech é um bom exemplo daquilo que se pode fazer em termos de cooperação entre a França e Portugal e tem já casos concretos de cooperação, isso é que me parece interessante. Não é apenas fazer umas coisas de vez em quanto”.