Saúde: Esteatose Hepática – O que precisa de saber sobre o “fígado gordo_LusoJornal·Saúde·24 Outubro, 2025 A esteatose hepática, conhecida popularmente como “fígado gordo”, ocorre associada ao armazenamento excessivo de gordura no fígado. Embora esteja, na maioria das situações, associada a alterações metabólicas, esta condição pode estar também relacionada com outras causas como o consumo de álcool, utilização de determinados fármacos, infeções víricas ou outras doenças menos comuns. A esteatose hepática associada a alterações metabólicas é umas das doenças hepáticas crónicas mais comuns, estimando-se que afete entre 25 a 30% da população (sendo esta prevalência superior em doentes com diabetes mellitus tipo 2). É mais prevalente em homens, com um crescendo em crianças e jovens. Apesar da possível implicação de fatores genéticos, esta patologia está essencialmente relacionada com alterações do estilo de vida, como dietas hipercalóricas, consumo excessivo de hidratos de carbono e gorduras, bem como com sedentarismo. Os fatores de risco metabólicos mais associados são o excesso de peso / obesidade, diabetes mellitus tipo 2, elevação dos triglicerídeos, diminuição do colesterol HDL e hipertensão arterial. Deve suspeitar-se desta doença quando se deteta a presença de gordura no fígado através de exames de imagem (como a ecografia abdominal) e / ou existem alterações persistentes nas análises hepáticas (sangue), sobretudo em pessoas com fatores de risco. É importante excluir outras causas possíveis e avaliar as doenças associadas, como diabetes, hipertensão, apneia do sono e risco cardiovascular. Na maioria das situações, esta patologia não apresenta manifestações clínicas, sendo estas evidentes quando existe progressão da doença para estádios mais avançados, como a cirrose (aumento do perímetro abdominal devido à presença de líquido, pele e olhos amarelos). Homens com mais de 50 anos, mulheres após a menopausa e doentes com múltiplos fatores de risco cardiometabólicos têm maior probabilidade de desenvolver progressão da doença. O tratamento baseia-se essencialmente na mudança do estilo de vida. A perda de peso gradual e saudável é a principal medida. A alimentação deve seguir um padrão equilibrado, como a dieta mediterrânica, evitando alimentos processados e ricos em açúcar e gordura. A prática regular de exercício físico, evitar o tabaco e reduzir o consumo de álcool (especialmente em casos avançados) são igualmente fundamentais. Dependendo do estádio da doença, pode estar indicada a utilização de fármacos específicos, ainda a aguardar aprovação em alguns países, como Portugal. O tratamento das doenças metabólicas associadas é igualmente fundamental. . Dra. Ana Luísa Santos Gastrenterologista Hospital Lusíadas Porto