LusoJornal / Mário Cantarinha

Marcelo agradeceu a Paris por ter chamado «Avenue des Portugais» a uma artéria de Paris

Foi inaugurada esta tarde, na Avenue des Portugais, em Paris, uma placa evocativa do centenário da participação dos Portugueses na I Guerra Mundial, descerrada pelo Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, na companhia do Primeiro Ministro António Costa, do Ministro da Defesa José Azeredo Lopes, da Maire de Paris Anne Hidalgo e da Secretária de Estado francesa da Defesa Geneviève Darrieussecq.

«Esta placa representa o símbolo com que as autoridades portuguesas pretendem manifestar o seu reconhecimento à Mairie de Paris, que no dia 14 de julho de 1918 decidiu homenagear os Soldados portugueses do Corpo Expedicionário Português, atribuindo a esta avenida o atual nome de ‘Avenue des Portugais’» disse o Embaixador de Portugal, Jorge Torres Pereira, numa intervenção introdutória, em português.

A «mais pequena avenida de Paris» estava cortada ao trânsito. Para além das personalidades que procederam à inauguração, estavam presentes as principais autoridades militares portuguesas e uma delegação portuguesa de 9 Deputados: os dois Deputados eleitos pela emigração, Carlos Gonçalves (PSD) e Paulo Pisco (PS), o Presidente da Comissão parlamentar de defesa, Marco António Costa (PSD), o Presidente da Comissão parlamentar dos negócios estrangeiros, Sérgio Sousa Pinto (PS), e um Deputado de cada grupo parlamentar: Berta Cabral do PSD, Paulo Trigo Pereira do PS, Telmo Correia do CDS, Carla Cruz do PCP e João Vasconcelos do Bloco de Esquerda.

Também estava presente a Deputada francesa Christine Pires-Beaune, de origem portuguesa.

Depois de agradecer à Maire de Paris e à Secretária de Estado francesa da Defesa, Marcelo Rebelo de Sousa confessou que «esta cerimónia é muito importante para nós todos, os Portugueses, mas também para nós todos, os Franceses. É muito difícil de ver uma diferença entre as duas pátrias, quando se trata de uma Comunidade como a Portuguesa presente aqui, no momento em que evocamos os nossos soldados que se bateram por Portugal, claro, mas também pela França».

Logo em frente estavam representantes das Ligas dos Combatentes de Paris (Georges Viaud) e de Lillers (Felícia de Assunção Pailleux). Apenas estava ausente o Núcleo de Bordeaux da Liga dos Combatentes, porque estava precisamente em viagem para o Norte e vai participar amanhã nas comemorações de Richebourg e de La Couture.

A Filarmónica Portuguesa de Paris tocou alguns temas e estavam ainda presentes elementos de um grupo folclórico.

Olhando para a placa onde se lê «Avenue des Portugais», o Presidente da República, que se exprimia em francês, fez referência à «longa história de amizade e de fraternidade» entre os dois países, «que tem séculos, mas que está sempre presente, quando estamos juntos na Europa, quando nos batemos juntos na Europa, por uma Europa mais justa, mais forte, mais potente no mundo, e agradeço pelo que a França faz todos os dias, pelos milhares e milhares de Portugueses, mais de um milhão, um milhão e meio, com os seus descendentes que também são Franceses, mas que nunca esquecem as suas raízes».

«E é por isso que termino estas palavras em português» disse Marcelo Rebelo de Sousa, passando depois a exprimir-se na língua de Camões.

Destacou o facto de estar acompanhado pelo Primeiro Ministro, pelos Deputados, pelas Autoridades militares, «e com o nosso Embaixador que é o representante permanente do Estado português. Todos juntos, como sempre, ultrapassando aquilo que é menor e é secundário, juntos no que é essencial e o essencial hoje é evocar os melhores de todos nós, que se bateram há 100 anos, por Portugal e pela França».

O Presidente da República evocou «a nossa amizade e também a nossa força. Sim, a nossa força, Portugueses. Somos fortes. Somos fortes no nosso território e somos fortes fora do nosso território. Fortes mesmo nos momentos mais difíceis. Acabamos por vencer sempre. É a vossa experiência, o vosso exemplo. Todos os que aqui estão e muitos, muitos mais, sois todos Portugueses fortes e em nome de Portugal, também isso vos queria agradecer».

Talvez umas duzentas pessoas seguiam à distância, separados por uma barreira de proteção. Chamavam por Marcelo para o cumprimentar. Mas o Presidente fez questão de cumprimentar primeiro os vários empresários que estavam presentes, entre os quais o Presidente da Câmara de comércio e indústria franco-portuguesa, Carlos Vinhas Pereira, e o empresário Manuel Soares, da empresa Real Marbre, que, segundo o Embaixador de Portugal, ofereceu a placa de mármore que foi descerrada. Cumprimentou depois a Banda Filarmónica, os representantes das associações de antigos combatentes e lá foi cumprimentar o público. «Não se esqueça de nós» disse-lhe uma senhora antes de o abraçar. «Venha cá mais vezes» lançou-lhe um homem logo ao lado.

A placa agora descerrada tem a mensagem «Homenagem de Portugal aos Combatentes da Grande Guerra/ Hommage du Portugal aux Combattants de la Grande Guerre», com a legenda «Centenário/ Centennaire» e a inscrição «Paris, 1918/2018».

Vai ficar guardada enquanto duram as obras na fachada do Hotel Raphael. É neste hotel que vai ser colocada, talvez do lado da avenida Kléber e o Embaixador de Portugal agradeceu publicamente à administração do hotel.

Visivelmente contente estava o historiador Georges Viaud, recentemente eleito Presidente da Liga dos Combatentes de Paris, principal instigador desta iniciativa.

 

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