No Evangelho do próximo domingo, dia 24, encontramos uma espécie de código moral que deve caracterizar a vida dos discípulos de Jesus. Tudo se resume com a chamada “regra de ouro” da caridade cristã: «Como quereis que os outros vos façam, fazei-lho vós também». Esta máxima moral pode ser expressa de forma positiva ou negativa. O Antigo Testamento conhecia a formulação negativa «aquilo que não queres para ti, não o faças aos outros» (Tb 4,15); Jesus propõe a forma positiva: «faz aos outros o que gostarias que fizessem a ti mesmo», que é muito mais exigente, pois indica que o amor não se limita a excluir o mal, mas que implica um compromisso sério e objetivo para fazer o bem ao próximo.
No entanto, esta página do Evangelho (rica, densa e complexa…) suscita muitas interrogações. Por exemplo, quando encontramos as afirmações: «Não julgueis e não sereis julgados. Não condeneis e não sereis condenados». Será que se está a defender a impunidade? E os juízes de profissão? Estarão condenados, a priori, pelo Evangelho?
Obviamente, a Palavra de Deus não é ingénua e irrealista… Ela não nos obriga a eliminar os juízos da nossa vida, mas sim a eliminar o “veneno” dos nossos juízos. O “veneno” é aquela parte de ódio, raiva e vingança que regularmente se mescla à avaliação objetiva de um facto. São os juízos cruéis e sem misericórdia que a Palavra de Deus quer banir; os juízos que, junto com o pecado, condenam sem apelo o pecador. A afirmação de Jesus «Não julgueis e não sereis julgados» é imediatamente seguida pelo comando «Não condeneis e não sereis condenados». A segunda frase ajuda a explicar o sentido da primeira.