Cambrai: Neste período, a associação portuguesa serve refeições para o exterior

A Associação Cultural, Recreativa e Desportiva Portuguesa de Cambrai é uma das mais antigas associações portuguesas de França. Estamos em 2020 no meio século da sua existência.

O seu Presidente atual, Aventino da Silva Albuquerque (na foto com o Cônsul Honorário de Portugal em Lille), há já 40 anos que faz parte desta instituição, homem com experiência que o LusoJornal interrogou.

As principais atividades da associação são o futebol, um bar com refeições ao fim de semana, e a organização de espetáculos.

 

A nível pessoal, como atravessou este período?

Pessoalmente já estou na reforma, contudo ainda vou trabalhando. Durante o confinamento continuei a trabalhar. Sempre fui “artisan du bâtiment”.

 

Acha preocupante o período que estamos a atravessar?

Estamos a atravessar, a nível global, um período extremamente difícil. A nossa associação faz este ano 50 anos. Nós, os dirigentes, sentimos necessidade de passarmos a mão a gente mais nova, a uma outra geração. Este período fez com que as pessoas desertassem o clube a nível pessoal.

 

A nível pessoal, o que espera do “novo mundo” que surgirá depois desta pandemia?

O período que estamos a passar vai durar entre seis meses e um ano. Vai ser difícil. Tenho um caráter otimista. Penso que vamos esquecer. Espero que voltemos a uma vida normal rapidamente, porque se assim não for, muita coisa que fizemos, que construímos, foi para nada.

 

Qual o impacto do confinamento para a associação que dirige?

Tínhamos programado festejar os 50 anos da nossa associação no dia 26 de abril, tivemos evidentemente de anular, já estava tudo preparado. Devíamos começar às 10h00 da manhã com a presença de autoridades locais e representantes da diplomacia portuguesa. A festa estava prevista para que durasse até às 10h00 da noite. Tivemos igualmente de anular o nosso habitual Torneio de futebol da Pentecostes. Tínhamos previsto um espetáculo de teatro no dia 24 de abril que também não se realizou. Para o dia 27 de junho contávamos festejar o S. João. Tínhamos prevista festa rija. A festa de S. João por nós organizada é uma das mais concorridas na região. No ano passado, participaram nesta festa 800 pessoas. Um pedido foi enviado à sous-Préfecture para solicitar autorização para a festa de S. João, contudo não nos fazemos muita ilusão quanto à possibilidade de a realizarmos.

 

Este confinamento trouxe problemas financeiros para a associação?

A nível financeiro, por enquanto ainda não temos problemas. Os locais pertencem-nos, o que acarreta menos despesas. Começámos a trabalhar para a festa dos 50 anos, há já um certo tempo. Trabalhei em ligação com empresas portuguesas e francesas, tendo conseguido obter dinheiro para organizarmos a dita festa. As festividades não se tendo realizado, ficamos com uma pequena tesouraria. Atualmente alimentamos a nossa tesouraria com as refeições que vendemos para o exterior, ao sábado e ao domingo.

 

Não tiveram de pagar os artistas que estavam previstos para a festa dos 50 anos da associação?

Não tínhamos ainda pago. O programa estava já feito, contudo tudo tinha, até ao momento do confinamento, sido tratado por simples mails. O momento de pagar os artistas ainda não tinha chegado. Tínhamos só uma assinatura com um grupo que devia vir de Portugal, tudo foi anulado. O próprio grupo estava confinado como nós aqui.

 

A associação solicitou apoios?

Temos boas relações com a Mairie de Cambrai e o seu Maire, François Xavier Villain. Dado o período que atravessamos, não tivemos ainda oportunidade de o encontrar pessoalmente. Escrevemos-lhe e estamos à espera de resposta.

 

Quando espera que a associação volte às atividades?

Espero que depois do verão, lá para outubro ou novembro, possamos desenvolver novamente as nossas atividades com a abertura da sede. Estamos igualmente à espera das normas que o Governo nos vai impor para podermos abrir e desenvolver a ação, à semelhança dos restaurantes, cafés, etc.

 

A associação serve refeições?

Neste momento estamos a fornecer refeições para o exterior aos sábados e domingos. As pessoas telefonam-nos ou comunicam por mail, preparamos a refeição, os sócios e não-sócios vêm eles mesmos recuperar a refeição.

 

[pro_ad_display_adzone id=”41080″]