Christophe Araújo concorda com Marcelo sobre a “reparação” às ex-colónias_LusoJornal·Comunidade·24 Maio, 2024 O historiador lusodescendente Christophe Araújo, da Universidade de Nanterre comentou na semana passada a polémica recente à volta de declarações do Presidente da República sobre “reparações” às ex-colónias. Marcelo Rebelo de Sousa disse que temos de reparar o efeito da colonização, o que levou mesmo a uma proposta do partido Chega de destituição do Chefe de Estado, algo inédito na democracia recente portuguesa. Christophe Araújo elogia a “ousadia e atrevimento” de Marcelo Rebelo de Sousa e recordou que esse é um debate que é feito em todos os países europeus que foram potências coloniais. “É preciso termos capacidade de debater os problemas, o impacto que a nossa história tem no nosso presente”, disse o investigador. Christophe Araújo esteve em Lisboa com cerca de 250 historiadores dos cinco continentes para abordarem o desafio da historiografia num tempo em que a polarização e os populismos tentam transformar a visão da história para justificar ações atuais. O encontro durou uma semana para debater os desafios da historiografia, num contexto de desinformação e de novos protagonistas que deturpam o passado e recuperam mitos. Christophe Araújo abordou a forma como a historiografia portuguesa no século XX foi condicionada pela propaganda do Estado Novo e como alguns historiadores da oposição procuraram estudar outros temas, que desconstruíssem esses mitos. “Havia um imaginário imperial de uma boa colonização que durou muito tempo”, reconheceu Christophe Araújo. Para o diretor do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa e um dos organizadores do colóquio, Luís Trindade, o encontro visa discutir como a academia aborda a investigação história. “Estamos em tempos desafiantes que temos de gerir”, porque os historiadores são “também escrutinados” pela opinião pública e por agentes políticos sobre os assuntos e o modo como investigam. “Discutir diferentes abordagens e ter uma visão crítica é a nossa obrigação e este encontro ajuda nesse sentido”, explicou.