“Du cheval aveugle au chat dans l’obscur”, de Josué Guimarães, um dos mais marcantes escritores brasileiros publicado em FrançaNuno Gomes Garcia·Cultura·14 Julho, 2023 [pro_ad_display_adzone id=”37509″] Josué Guimarães (1921-1986), um dos mais influentes escritores brasileiros, tem no tradutor Pierre-Yves Maillard um dos seus grandes divulgadores em França. E é graças à tradução de uma coletânea de contos “Du cheval aveugle au chat dans l’obscur” (Éditions L’Harmattan) que este francês “abrasileirado” a viver no Brasil desde 1990 volta a dar vida à obra do escritor gaúcho. Em 2021, Maillard já tinha traduzido “Il est trop tard pour savoir”, um dos grandes romances de Josué Guimarães, publicado em 1977. “Du cheval aveugle au chat dans l’obscur” oferece ao leitor francófono seis contos que deambulam entre o realismo e a fantasia bem ao jeito do realismo-mágico latino-americano e que, nas entrelinhas, visa a crítica aos regimes militares de extrema-direita que inquinaram as sociedades da América do Sul nas décadas de 1960 a 1980. Josué Guimarães, que se estreou na literatura aos 49 anos com a coletânea de contos “Os ladrões”, foi também um dos mais conceituados jornalistas brasileiros de meados do século XX, tendo feito a cobertura da Revolução dos Cravos e tendo sido dos primeiros jornalistas brasileiros a entrar na URSS e na China após 1949. Em 2016, um artigo do jornal português “Expresso” anunciou que Josué Guimarães, então a viver em Lisboa, fora um espião ao serviço do KGB soviético. Uma “acusação” que o escritor Sérgio Faraco considera “uma barbaridade” e o jornalista Flávio Tavares descarta como “uma absurda balela” denunciando a notícia do jornal lisboeta como “algo típico de quem não conhece o trabalho dos jornalistas e dos correspondentes internacionais”. Josué Guimarães passou a infância próximo da fronteira uruguaia, onde o pai, além de pastor da Igreja Episcopal, era telegrafista. Ele abandonou o curso de Medicina para se dedicar ao jornalismo, explorando as questões políticas e sociais brasileiras. Com a chegada ao poder da Junta Militar, Josué Guimarães foi perseguido pelo novo poder e tendo sido obrigado a assinar os seus artigos com o pseudónimo “D. Xicote”. Autor dos marcantes romances “Camilo Mortágua” (1980) e Dona Anja” (1978), Guimarães publicou “Lisboa Urgente” durante o PREC, em 1975, uma obra jornalística e literária na qual o autor deixa as suas impressões sobre os caminhos da Revolução portuguesa. A publicação “Du cheval aveugle au chat dans l’obscur”, da autoria de um autor pouco conhecido em França, é uma excelente notícia para a(s) literatura(s) lusófona(s). [pro_ad_display_adzone id=”46664″]