Famalicão organizou conferência digital sobre “Famalicenses no Mundo: redes de Valores”

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No quadro da Semana Internacional do Concelho de Vila Nova de Famalicão que teve lugar entre os dias 19 e 24 de outubro, a Câmara municipal desta cidade levou a cabo, no sábado 24, mais uma conferência a nível mundial à qual deu o nome de “Famalicenses no Mundo: redes de valor(es)”.

Vila Nova de Famalicão não será o único município a se aperceber da riqueza dos quantos Portugueses originários do concelho espalhados pelo mundo que podem ser uma ligação para trocas de experiências, de criação de ligações, de investimentos, contudo é um dos poucos, em Portugal, que mantém uma relação regular com os compatriotas espalhados pelo mundo.

Da apresentação da conferência podia-se ler: «É aqui abordado o papel da Rede Famalicenses no Mundo na relação com Famalicão, através da dinamização de laços e intercâmbios, sendo explorados os desafios e oportunidades desta Rede nas diversas formas de cooperação entre cidades».

Pelos presentes, numerosos, na conferência digital, podemos apercebemo-nos dos benefícios que podem advir deste tipo de eventos.

Foi moderadora da conferência Sofia de Oliveira Gomes que se encontra na Alemanha a trabalhar na área jornalística e que tem vindo a colaborar com a Rede Famalicenses no Mundo.

A apresentação dos presentes foi feita pelo Vereador com o pelouro da internacionalização, Augusto Lima. A conferência contou com a participação do Deputado Paulo Pisco, o Cônsul geral de Portugal em Toronto, José Carneiro Mendes, membros do Conselho das Comunidades Portuguesas, instituições de promoção da língua portuguesa no mundo, uma dezena de Presidentes de Juntas de Freguesia, a Associação das mulheres portuguesas na Austrália, Universidades, Investigadores, representantes da Rede Global da Diáspora e vários Famalicenses que se encontram espalhados por todas as partes do mundo, entre outros.

Foi conferencista Carlos Brito, vice-Reitor da Universidade Portucalense, para além de se ter ouvido testemunhos de 4 Famalicenses no mundo: Sónia Guimarães na China, Graça Santos em Toronto, Tiago Silva também na China e Mário Macedo na Croácia. Uma rede que visa projetar Famalicão no Mundo e trazer o mundo até Famalicão, “um concelho aberto, ligado aos bons exemplos, às boas partilhas, um concelho que cada vez mais quer estar em rede, uma rede que cada vez mais traz um valor acrescentado”.

Augusto Lima refere que “estamos a dar os primeiros passos, mas já temos alguns resultados concretos, vós que estais no mundo sois muito importantes, vós que sois os nossos embaixadores no mundo. Somos também um apoio, uma retaguarda tanto para a vossa integração no mundo como para um eventual regresso”.

No início da conferência, o Cônsul de Portugal em Toronto, José Carneiro Mendes falou da importância da Diáspora portuguesa no mundo, como afirmação cívica, política e cultural nas sociedades de acolhimento.

Carlos Brito falou dos desafios do município de Vila Nova de Famalicão com a rede Famalicenses no Mundo, na nova emigração ligada às novas tecnologias, à inteligência artificial, marketing e vendas, gestão de pessoas, profissionais liberais, outra forma de trabalhar não para outrem, formas contratuais de prestação de serviços, a forma de trabalhar que se diversificou nestes últimos anos, a globalização das iniciativas, profissões mais sofisticadas. Segundo o professor universitário, “são atualmente as pessoas mais qualificadas que saem de Portugal para outros países, as profissões são mais globais e procura-se trabalho onde ele existe para esta ou aquela profissão mais especializada”.

Carlos Brito diz aconselhar os seus alunos: “se quiserem ficar por aqui, por casa, não escolham estudos qualificados, encontrarão emprego perto de casa, não terão necessidade de sair. Quanto maior for a vossa qualificação, mais global será o vosso trabalho, tendes de estar preparados para exercer a vossa profissão em qualquer parte do mundo. Tudo isto trará pela mesma ocasião desvantagens individuais, familiares, sociais, não tenho dúvidas. Não é fácil desenraizar, os contactos com os amigos são mais fracos. Para o país é também um mau negócio, o país aposta na formação e depois saem, quando começam a ter a capacidade de criar riqueza, é ao mesmo tempo uma perda de talentos, empobrecendo pela mesma ocasião, a nossa economia”. Mas o conferencista acaba por perguntar também: “Será que são só desvantagens? Não será que há oportunidades no meio disto tudo?”

Seguiram-se testemunhos de Famalicenses no Mundo. Sónia Guimarães foi convidada a ter uma experiência fora de Portugal, em Binzhou, na China, onde existem indústrias similares a Famalicão, o têxtil, o setor automóvel, agroalimentar… Sónia Guimarães explica “temos de ter intercâmbios e ver não só a China como produtora, mas também como consumidora. A China é a segunda economia mundial, com consumidores que têm cada vez mais um poder de compra importante de produtos, nomeadamente portugueses. É com todo o orgulho que aqui faço a promoção de Portugal e de tudo o que está relacionado com Famalicão. Queremos cada vez mais poder comprar produtos famalicenses na China”.

Graça Santos vive em Toronto, no Canadá, há 12 anos e, diz que gosta de Toronto, “é aqui que a minha filha estudou, é aqui que gosto de viver, contudo sinto saudades de Portugal onde tenho muitos amigos. “Esta Rede de Famalicenses no Mundo tem permitido conhecer mais Famalicenses como eu, que estão emigrados, e aproximar-me mais da minha família”.

Tiago Silva vive na China, é professor de educação física num Colégio internacional, na segunda cidade da China, Shanghai. Prepara alunos para as melhores Universidades do mundo. Diz que “aqui consideram-nos quase como espanhóis. Gosto de fazer conhecer Portugal, para que estes alunos possam também escolher Portugal, ver Portugal com outros olhos e verificarem que temos excelentes universidades com boas oportunidades. Este facto pode ajudar a que os pais destes alunos, muitos deles industriais, possam ver Portugal e Famalicão como uma oportunidade para importação e exportação de produtos”.

A moderadora do debate, Sofia de Oliveira Gomes, refere que “somos bons, temos boas qualidades e qualificações e por vezes não nos apercebemos, havendo, contudo, empresas, hospitais que recrutam essencialmente em Portugal pela qualidade da formação e dos seus formados”.

Mário Macedo, na Croácia, teve como função e trabalho, a criação de retratos de Famalicenses no Mundo. Vai aproveitar estes retratos para apresentar o seu trabalho na Croácia, esperando que com os mesmos venha a dinamizar as relações entre a Croácia e Famalicão. Esse trabalho é também uma forma de estar mais perto da sua terra, tirando proveito das novas tecnologias.

Carlos Brito resume as intervenções dos testemunhos: “ouvi as palavras convite, oportunidade, parceria, rede, coração, relação emocional, dar a conhecer Portugal, cultura, proximidade, … Isto reflete a outra face da moeda, que é das vantagens e das oportunidades que decorrem do fato de termos Portugueses e em particular Famalicenses espalhados pelo mundo”.

“Portugal tem uma diáspora espalhada pelo mundo que representa uma rede fabulosa de embaixadores que deve ser aproveitada, é o chamado soft power, o poder desta rede enorme que temos espalhada pelo mundo, estes Portugueses que estão a trabalhar nos quatro quantos do mundo. O desafio da Câmara de Vila Nova de Famalicão é de tirar partido, de estruturar, esta vontade enorme de pessoas que muito querem fazer pelo seu país e pelo seu concelho, é um tipo de oportunidades que não se podem desperdiçar, uma riqueza à qual não nos podemos dar ao luxo de desprezar. É uma oportunidade para os que cá estão, como para aqueles que estão lá fora, temos a obrigação de transformar em riqueza económica como cultural, esta oportunidade”.

“Nós somos melhores do que aquilo que parecemos, os nossos produtos são bem melhores do que aquilo que conseguimos valorizar. Este deficit de imagem começa cá dentro, e não lá fora, temos que ser mais orgulhosos, não é vender gato por lebre, mas sim vender lebre por lebre. Nós temos lebre e vendemo-la muito por preço de gato” disse Carlos Brito. “Cabe ao Ministério dos Negócios Estrangeiros dinamizar tudo isto. Mais seriamente, acho que a autarquia de Vila Nova de Famalicão é a prova da dinamização possível de tudo isto. Mas também acredito de quem está no terreno poderá dar o primeiro passo. Hoje com os meios tecnológicos que existem é mais fácil colocar-se as pessoas em rede… temos que nós mesmos arregaçar as nossas próprias mangas”.

Augusto Lima tirou as conclusões finais e agradeceu a rede de mais de 100 Famalicenses espalhados pelo mundo, aproveitando para fazer apelo a que muitos mais venham a juntar-se num futuro próximo. “A médio e longo prazo, acabaremos por ter resultados ainda mais concretos, aqui estamos, nos municípios, para dar seguimento a estas ideias e desafios”.

A conferência digital acabou com a apresentação da promo documental, “Famalicenses no Mundo: Identidade e Regressos”, da autoria do Famalicense no Mundo e realizador de cinema, Mário Macedo.

 

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