LusoJornal / Marco Martins

Francisco Pombeiro, voleibolista português descobre a Ligue B com o Martigues

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A primeira fase do Campeonato francês da segunda divisão de voleibol está a chegar ao fim, faltando apenas uma jornada para o fim desta primeira fase e o arranque da segunda.

O Martigues, equipa do Sul da França, conta com dois atletas portugueses: Gerson Pereira e Francisco Pombeiro. Os dois voleibolistas chegaram ao clube francês durante esta temporada 2020/2021.

O Martigues ocupa atualmente a oitava posição, num Campeonato com nove equipas, com 11 pontos. Os ‘Martégaux’ venceram 3 jogos e perderam onze.

No passado fim de semana, o Martigues perdeu por 3-0 na deslocação ao terreno do Plessis-Robinson, clube da região parisiense, com os parciais de 25-20, 25-19 e 25-23.

No fim do encontro, o LusoJornal falou com Francisco Pombeiro que chegou ao Martigues Volley-Ball proveniente do Sporting Clube de Portugal.

Francisco Pombeiro abordou os objetivos que tem para esta temporada e fez um balanço da primeira parte da época, começando por falar da derrota frente ao Plessis-Robinson.

 

Como podemos analisar esta derrota frente ao Plessis-Robinson?

Nós estamos a jogar com uma equipa muito desfalcada. É a terceira lesão que temos na equipa, e são jogadores titulares. Estamos a adaptar funções perante estas ausências. Por isso tem sido um bocado complicado. Por um lado é bom porque jogamos com menos pressão porque, à partida, temos menos responsabilidades. Mas não acho que o encontro foi assim tão fácil para o Plessis-Robinson. Acho que dentro do possível, nós tentámos. Não estávamos nos nossos dias, e o resultado acabou por ser este.

 

Estamos a acabar esta primeira fase, que balanço podemos fazer?

Acho que nos primeiros jogos desta fase jogámos bem e estávamos na máxima força com todos os atletas disponíveis. Os primeiros jogos foram derrotados por 3-2 [ndr: derrotas frente ao Saint Jean d’Illac e frente ao Mende na segunda e terceira jornadas]. Foram jogos que podiam cair para um lado ou para o outro. Foram sets disputados até ao fim. Isso causou alguma mossa. Se nesses dois primeiros jogos da época, tivéssemos tido aquela pontinha de sorte e tivéssemos ganho, talvez a motivação e o balanço que nos ia impulsionar podia ter sido maior. Dois jogos em que estivemos quase a vencer e acabámos por perder, acho que nos desgastou mentalmente. Acho que tem sido altos e baixos nesta temporada. Estávamos bem, depois fomos um bocadinho abaixo, mas entretanto acho que fizemos alguns jogos bons, mas não temos tido o sucesso que pretendíamos.

 

Quais são os objetivos para a segunda fase?

A próxima fase vai ser complicada porque há equipas que partem com uma melhor classificação e uma pontuação do que nós, começam com pontos, enquanto nós não teremos. Isto torna as coisas ainda mais difíceis. Mas somos profissionais, continuamos a ir todos os dias aos treinos, e trabalhar para o único objetivo que temos que é ganhar. Se me perguntar se o nosso objetivo é sermos Campeões, eu respondo que é demasiado ambicioso esse objetivo. Mas o objetivo também nunca seria ficar em penúltimo ou tentar fazer o ‘melhor possível’. O meu objetivo pessoal e da equipa é ganhar o máximo de jogos possíveis, tentando ficar nos lugares da frente, sabendo que vai ser complicado, mas também é para isso que trabalhamos.

 

Como apareceu esta hipótese de sair do Sporting CP para o Martigues?

Sempre foi um objetivo meu vir jogar para fora de Portugal porque gosto de andar de um lado para o outro, já era o caso em Portugal. Nunca estive sempre no mesmo sítio. Acho que para o nosso desenvolvimento profissional e pessoal, acho que é bastante importante mudarmos de ares e conhecermos outras culturas. E aqui em França, o nível do profissionalismo e da competição é maior do que em Portugal. Foi um sonho que se tornou realidade. Desde pequeno que queria ter esta oportunidade que surgiu. O meu agente tem uma boa relação com a equipa, já esteve aqui um ou outro jogador português, e aconteceu um pouco à última hora. Eu até já tinha um contrato em Portugal com o Castelo da Maia, mas tinha uma cláusula que até um dia determinado podia sair para fora de Portugal, e dez dias antes desse dia, apareceu esta oportunidade e agarrei-a. Sei que em Portugal já não eram as melhores condições para ser profissional de voleibol, só em dois ou três clubes, mas agora com isto da Covid-19, achei que não fazia sentido não arriscar e não tentar a aventura em França, algo que era o meu sonho e algo que pode ser bom para mim em termos profissionais.

 

Quais são as diferenças entre a Liga portuguesa e a Liga francesa, sabendo que passou do Sporting Clube de Portugal ao Martigues, clube da segunda divisão em França?

Eu acho que essas duas-três melhores equipas em Portugal seriam candidatas a ganhar a Ligue B, a segunda divisão francesa, e até acho que poderiam ficar bem classificadas na Ligue A, a primeira divisão. Mas por exemplo as últimas equipas do Campeonato português, já acho que ficaram mal classificadas na Ligue B, quero dizer que o desnível entre as melhores equipas em Portugal e as outras é muito grande. Aqui em França, eu sinto que as melhores equipas da Ligue B poderiam estar no meio da tabela na Ligue 1, ou seja a competitividade entre as duas divisões aqui em França é muito grande e o nível é muito parecido. Não só têm os melhores franceses como têm muitos bons jogadores de outros países, porque muitos atletas querem jogar em território francês. O Campeonato português não é profissional, aqui até a segunda divisão é profissional. Quando se chega ao pavilhão todos os pormenores tornam o espetáculo melhor em França. É completamente diferente. Em termos financeiros é um país superior a Portugal, por isso também era uma oportunidade melhor do que praticamente todos os clubes em Portugal. Em termos de adeptos também era uma curiosidade que tinha, mas até agora tem sido impossível devido à pandemia de Covid-19. Nunca tivemos adeptos.

 

A experiência em França ficou um pouco estragada devido à pandemia?

Acho que sim. Quem vem para aqui já viu jogos anteriores e sabe que há muitos adeptos nos jogos. E não são adeptos do clube, ou seja não é como vemos em alguns clubes em Portugal, o Vitória, o Sporting e o Benfica, que têm muitos adeptos que vão apoiar o clube, mas que não têm assim tanto conhecimento da modalidade. Aqui em França, a ideia que nós temos é que as pessoas que vão ver o voleibol, estão a ver a modalidade e não apenas a apoiar o clube. Não só gostam do clube como também gostam da modalidade, e percebem da modalidade. Faz diferença e dá para sentir isso quando estamos a jogar, e é pena não sentirmos isso. Outro fator importante é o facto que, devido à pandemia, não temos o apoio da nossa família, que poderiam vir cá mais vezes e não podem, visto que é complicado sair de Portugal, ou até porque os voos são cancelados. Nesse aspeto não tem sido como previsto.

 

O objetivo é sempre a Seleção?

O objetivo passa por ir à Seleção. Esse é outro sonho de criança. Já consegui ir à Seleção quando era mais novo. Acho que não há sentimento igual do que representar a Seleção principal, principalmente ouvir o hino no início do encontro. É o sonho de toda a gente. Eu tenho os pés bem assentes na terra. Sei que quem lá está, tem um nível muito elevado. Aliás tenho o prazer de ser amigo deles e de poder partilhar as suas experiências, crescendo também um bocado por essa via. Sei que é complicado chegar à Seleção, mas claro que o meu objetivo será sempre tentar ir à Seleção, quer seja agora, quer seja no fim da minha carreira. Ir à Seleção é o máximo que um atleta pode ter.

 

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