Portuguese President Anibal Cavaco Silva (L) presents France's Simone Veil (R), President of the Foundation for the Memory of Shoah, the 13th edition of the North-South Prize during a ceremony at the Portuguese parliament in Lisbon, on April 1, 2008. The North-South Prize is awarded to those who contribute to the defense and promotion of the human rights around the world. ANDRE KOSTERS/LUSA

Marcelo Rebelo de Sousa lembrou o “espírito livre” e ligação a Portugal de Simone Veil

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou a morte da antiga Ministra francesa Simone Veil, considerando que deve ser lembrada como “espírito livre” e “visionária de uma União Europeia ambiciosa e generosa”.

Numa nota divulgada no portal da Presidência da República, o Chefe de Estado refere também que Simone Veil “tinha uma relação duradoura e profunda com Portugal, país que admirava, orgulhando-se do seu papel como curadora da Fundação Champalimaud”, e enviou “sinceras condolências” à sua família e ao povo francês.

Simone Veil, sobrevivente de Auschwitz, autora da lei de legalização da interrupção voluntária da gravidez em França e primeira Presidente do Parlamento Europeu, morreu hoje, aos 89 anos, em casa, anunciou à agência France-Presse o seu filho, Jean Veil. “Foi com tristeza que tomei conhecimento da morte de Simone Veil”, afirma Marcelo Rebelo de Sousa, na nota divulgada no portal da Presidência.

Segundo o Presidente da República, “Simone Veil teve uma notável carreira política no seu país, mas é sobretudo como espírito livre, amante da liberdade e visionária de uma União Europeia ambiciosa e generosa, que a posteridade a deverá recordar”.

“Já imortalizada pela Academia Francesa, da sua vida empenhada e profícua é indissociável o seu contacto direto com o terror absoluto, sobrevivente que foi do campo de Auschwitz-Birkenau, onde perdeu pai, mãe e irmã”, acrescenta.

Simone Veil nasceu em 13 de julho de 1927 em Nice, sudeste de França, no seio de uma família judia e laica. Toda a sua família foi deportada em 1944 para campos de concentração: o seu pai e o seu irmão, Jean, para a Lituânia, uma das irmãs foi mandada para Ravensbruck, e ela, a sua mãe e uma segunda irmã foram deportadas para Auschwitz. Apenas as três irmãs sobreviveram.

Magistrada, Simone Veil entrou em 1956 para a administração penitenciária francesa, onde se ocupou das questões relacionadas com a adoção. A sua casa era já então um salão político, onde se juntavam gaulistas e centristas.

Em 1974, Simone Veil entrou na política como Ministra da Saúde no Governo de Jacques Chirac. O seu combate para adotar a lei – contra uma boa parte da direita francesa – sobre a interrupção voluntária da gravidez fez dela durante muito tempo a figura mais popular do país.

Em junho de 1979, Simone Veil foi eleita Presidente do Parlamento Europeu, função onde se manteve até 1982. Entre 1984 e 1989, liderou o Grupo Liberal e Democrático do Parlamento Europeu. “O facto de ter feito a Europa reconciliou-me com o século XX”, disse um dia.

Simone Veil voltaria à política francesa em 1993 para assumir as funções de ministra de Estado e da Segurança Social, Saúde e Cidades. Em 1997, presidiu ao Conselho de Integração e no ano seguinte assumiu um lugar no Conselho Constitucional, onde se manteve até 2007, ano em que apareceu ao lado de Nicolas Sarkozy na sua corrida à presidência francesa.

Também o Presidente da Assembleia da República enviou condolências pela morte de Simone Veil ao seu homólogo francês e ao Embaixador de França em Portugal, recordando-a pela “defesa de uma sociedade mais justa”.

Na mensagem também divulgada no ‘site’ da Assembleia da República, Ferro Rodrigues manifesta o seu pesar pelo falecimento da antiga Presidente do Parlamento Europeu, aos 89 anos. “Simone Veil ilustrou-se pela dignidade e pela defesa de uma sociedade mais justa. Das sombras dos horrores de Auschwitz e de Bergen-Belsen ergueu-se na luta pela igualdade de direitos das mulheres, na defesa dos direitos humanos, e no combate ao antissemitismo”, sublinha o Presidente da Assembleia da República.

Ferro Rodrigues lembra Simone Veil como “mulher de ação” e com “um legado duradouro, como Ministra (da Saúde, dos Assuntos Sociais e do Ordenamento), como a primeira Presidente do Parlamento Europeu, como Deputada ao Parlamento Europeu, como intelectual e como cidadã”.

“Em 2008, a Assembleia da República teve a honra de a acolher na Cerimónia de Entrega do Prémio Norte-Sul do Conselho da Europa, com que muito justamente foi galardoada”, recorda ainda Ferro Rodrigues.

O presidente Eduardo Ferro Rodrigues apresentou as condolências da Assembleia da República ao Presidente da Assembleia Nacional francesa, François de Rugy, e ao Embaixador de França em Lisboa, Jean-Michel Casa.

Também o PSD lamentou profundamente a morte da antiga Ministra francesa, que classificou como uma “figura política de incontornável importância”.

Numa nota enviada à comunicação social, o PSD apresenta as condolências à família e às autoridades francesas pela morte da antiga Presidente do Parlamento Europeu. “Destacou-se como deportada em vários campos de concentração nazis, Ministra da Saúde de França e Presidente do primeiro Parlamento Europeu eleito por sufrágio universal”, realçam os sociais-democratas.

O PSD lembra ainda que Simone Veil foi também presidente do Grupo Liberal, Democrata e Reformista no Parlamento Europeu, quando os sociais-democratas integravam este grupo parlamentar, “tendo tido uma grande influência no apoio a Portugal nos primeiros anos de integração europeia”.

Recordando o seu percurso cívico e político, o PSD salienta que, na qualidade de Presidente do primeiro Parlamento Europeu eleito por sufrágio universal, Simon Veil “destacou-se na afirmação do papel do Parlamento no equilíbrio institucional europeu, enquanto órgão representante direto dos povos europeus”.

LusoJornal