Novo álbum de pianista Filipe Pinto Ribeiro e DSCH Ensemble dedicado a Beethoven foi gravado em Paris

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O novo álbum do pianista Filipe Pinto Ribeiro e do ‘seu’ DSCH – Schostakovich Ensemble, a sair durante o próximo mês, é dedicado a Beethoven e inclui a integral dos trios escritos para a formação de piano, clarinete e violoncelo.

O CD foi gravado em Paris, na sala Seine Musicale, e sucede ao álbum saído em 2018 com a primeira gravação mundial da Integral da Música de Câmara para Piano e Cordas de Dmitri Schostakovich, no qual participaram também Pinto Ribeiro e Adrian Brendel, que a discográfica francesa Paraty editou, à semelhança deste novo álbum.

Em declarações à Lusa, Filipe Pinto Ribeiro disse que Ludwig van Beethoven (1770-1827), de quem este mês se assinalam os 250 anos do nascimento, em Bona, na Alemanha, “inovou” com esta formação instrumental – piano, clarinete e violoncelo.

Filipe Pinto-Ribeiro, que lidera o DSCH – Schostakovich Ensemble desde a sua fundação, em 2006, realçou que a introdução do clarinete na formação de trio “foi inovador” na época, assim como ter o compositor dado maior protagonismo do que era habitual ao violoncelo.

 

DSCH – Schostakovich Ensemble

O DSCH – Schostakovich Ensemble, agrupamento de geometria variável, é nesta gravação constituído pelo clarinetista Pascal Maraguès, 1º clarinetista da Orquestra de Paris, Adrian Brendel, que aqui se estreia com o célebre violoncelo “Montagnana”, que pertenceu a Lynn Harrell, falecido em abril último, além do pianista.

Filipe Pinto Ribeiro sublinhou “a grande cumplicidade” entre os músicos para o resultado final do trabalho, que se refere ao “período criativo” em que Ludwig van Beethoven tinha cerca de trinta anos (1798-1803), e já vivia em Viena, a capital da música na época, onde se impôs num “meio musical muito competitivo”.

“A estratégia de Beethoven foi apresentar-se em Viena com os Trios com piano, que escolheu como seu Opus 1, diferenciando-se logo à partida dos dois grandes compositores que o antecederam, Haydn e Mozart, que eram mais famosos pelas suas sinfonias e quartetos de cordas. Com os Trios, Beethoven colocou em evidência o seu instrumento, o piano, que, à época, teve muitos avanços técnicos na sua construção e que foram potenciados até ao limite pelo compositor que era também um extraordinário pianista”, disse Filipe Pinto Ribeiro.

Os trios gravados – Opus 11 e 38 -, correspondem a uma “fase muito feliz de Beethoven”, apesar de começar a sentir os primeiros sinais de surdez. “Beethoven gozava na altura de um amplo reconhecimento e admiração e expressa nestes trios muita fantasia, pujança e otimismo. São obras também de forte apelo popular, por exemplo na forma como Beethoven vai buscar inspiração e utiliza uma melodia, de uma ópera de Joseph Weigl, que na altura se tornou famosa ao ponto de ser assobiada nas ruas de Viena”, disse Filipe Pinto Ribeiro, referindo ser um “período em que Beethoven, apesar da sua juventude, demonstra já uma grande maturidade”.

Em Viena o compositor e músico virtuoso teceu um conjunto de relações com a nobreza e o poder económico, das quais realça a amizade com o arquiduque Rudolfo, herdeiro da coroa imperial dos Habsburgos, de forma a conseguir sobreviver, “sem nunca ter deixado de ser um músico de total liberdade e dos ideais da Revolução Francesa de 1789”.

“Essas relações, conquistadas a pulso e pelo seu talento, dão-lhe as necessárias condições para compor”, referiu à Lusa Filipe Pinto Ribeiro.

 

Filipe Pinto Ribeiro

Filipe Pinto Ribeiro estudou no Conservatório Tchaikovsky, em Moscovo, onde foi discípulo de Lyudmila Roshchina, e se doutorou com a mais elevada classificação, em 2000. Tem desenvolvido regular atividade solística e camerística, abrangendo um vasto repertório que se estende do Barroco até aos nossos dias.

Em Portugal, fez a estreia de várias obras, entre as quais os 24 Prelúdios e Fugas, de Schostakovich, o Concerto para Piano e Orquestra, de Dvorák, a versão para piano das “Sete Últimas Palavras de Cristo na Cruz”, de Haydn, o Concerto para piano e orquestra “Introitus”, de Sofia Gubaidulina, assim como “As Quatro Últimas Estações de Lisboa”, de Eurico Carrapatoso, e “Alepo”, de Luís Tinoco, obras que lhe foram dedicadas pelos próprios compositores.

Sobre Pascal Moraguès, Filipe Pinto Ribeiro disse ser “um dos principais clarinetistas da atualidade”, que tem feito uma “brilhante carreira” como solista, atuando em várias salas como o Kennedy Center, em Washington, a Konzerthaus, em Viena, e o Wigmore Hall, em Londres, entre outras.

O músico francês trabalhou com músicos, compositores e regentes como Pierre Boulez, Daniel Barenboin, Yuri Bashmet e Zubin Mehta. Além do DSCH – Schostakovich Ensemble, é também membro do Quinteto Moraguès, do Victoria Mullova Ensemble e do Katia e Marielle Labèque Ensemble.

Moraguès leciona no Conservatório Nacional Superior de Música, em Paris, na Escola Superior de Música de Lausanne, na Suíça, e na Escola Superior de Música Rainha Sofia, em Madrid. Em 2007, foi feito cavaleiro da Ordem das Artes e Letras, pelo Governo de França.

Adrian Brendel é um “virtuoso” do violoncelo e um dos “mais polivalentes e originais” violoncelistas da atualidade. Brendel tem trabalhado com músicos como Imogen Cooper, Kit Armstrong, Alasdair Beatson e maestros como Györy Kurtág, Thomas Adès e Peter Eötvös. É é professor em Londres, na Real Academia de Música e na Escola de Música e Teatro Guidhall, e a sua discografia inclui um álbum monográfico de Beethoven em duo com o lendário pianista Alfred Brendel, seu pai, com uma interpretação considerada de referência da integral das Sonatas para Violoncelo e Piano de Beethoven.

 

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LusoJornal