Opinião: Emigrantes vão decidir se Chega vai passar a ser o líder da Oposição mas apenas o PSD fez campanha em FrançaCarlos Pereira·Opinião·19 Maio, 2025 Os votos dos emigrantes Portugueses vão decidir quem vai ser o líder da Oposição em Portugal. Este é uma das principais conclusões da noite eleitoral de ontem, que deu vitória à coligação AD – do PSD e do CDS-PP -, que constatou a subida do Chega e a queda do Partido Socialista. Muito provavelmente, o líder da Oposição vai passar a ser o Chega, numa configuração inédita em Portugal em que um dos dois partidos “pilares” da Constituição, nem vai estar no Governo, nem vai ser líder da Oposição. . Emigrantes não foram tema de campanha Esta situação não deixa de ser estranha: o país vai ter, mais uma vez, de esperar 15 dias pelos votos dos Emigrantes, para saber quem vai dirigir a Oposição ao Governo, enquanto as Comunidades passaram completamente despercebidas durante toda a campanha eleitoral. Ainda ontem, na noite eleitoral, apenas se começou a falar dos Emigrantes quando perceberam que havia “empate técnico” entre o Chega e o Partido Socialista. Alguém se lembrou de dizer que ainda não tinham sido contabilizados os votos dos emigrantes e, de repente, já toda a gente falava nisso! . Nenhum líder político fez campanha nas Comunidades É arrepiante a forma como os Partidos políticos têm tratado o eleitorado da emigração. Nenhum líder político – nenhum – se dignou fazer campanha no estrangeiro. Todos percorreram o país, todos apoiaram os candidatos locais, mas todos esqueceram os eleitores que residem no estrangeiro. Todos, todos, todos, como agora passou a ser moda dizer! Uma grande parte dos partidos apresentou candidatos pelos círculos da emigração sem conhecerem a emigração, sem sequer se terem deslocado em campanha eleitoral, sem se terem apresentado ao eleitorado. Esta é uma situação estranha, de afronto a quem mora fora, e até antidemocrática. Ocupam o espaço para dizerem que o ocupam, mas não têm nada a dizer sobre quem mora no estrangeiro. . Apenas a AD fez campanha em França Esta campanha eleitoral passou despercebida no estrangeiro. Aqui, em França, apenas a AD fez aquilo que se pode chamar uma campanha eleitoral. Tanto o cabeça de lista, José Manuel Fernandes, com o candidato número dois da lista, Carlos Gonçalves, percorreram o país de Strasbourg a Marseille, de Bordeaux à região de Paris, encontraram pessoas, visitaram estruturas, enfim… estiveram em campanha e mostraram-no. Na verdade, todos os outros partidos renunciaram, na prática, à campanha eleitoral e apenas o Chega vai beneficiar desta situação porque se trata de um eleitorado centrado no hipermediatizado André Ventura. Comentaremos os resultados desta eleição num outro momento, quando se conhecerem os Deputados eleitos, mas para já, podemos notar também, mais uma vez, a falta de campanha de sensibilização ao voto por parte da Comissão Nacional de Eleições (CNE). Como se pode “esquecer” o país que tem mais emigrantes, o país que tem mais eleitores e o país que mais conta para o aumento da abstenção? Quem sabe se algum dia, Partidos, Governo e CNE nos explicarão? Por enquanto, vamos continuando a chorar lágrimas de crocodilo!