Saúde: A dieta mediterrânica e a prevenção do cancro_LusoJornal·Saúde·17 Abril, 2023 [pro_ad_display_adzone id=”37510″] Tratando-se de um padrão alimentar completo, variado e equilibrado, a dieta mediterrânica está associada à redução da incidência de cancro. A dieta mediterrânica, classificada como património cultural imaterial da humanidade pela UNESCO, é um padrão alimentar completo, variado e equilibrado, baseado em valores culturais e na sustentabilidade ambiental. Caracteriza-se por: Um elevado consumo de hortícolas, frutos, cereais integrais, leguminosas e frutos oleaginosos Utilização do azeite como principal fonte de gordura Consumo moderado de laticínios e pescado Consumo reduzido de carnes vermelhas Ingestão baixa a moderada de vinho Produtos frescos e sazonais A dieta mediterrânica é considerada como um dos padrões alimentares mais bem representados na literatura científica quanto à prevenção de doenças crónicas não transmissíveis, como o cancro. Está associada à redução da incidência de cancro, devido à sua riqueza em alimentos com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, com efeito protetor no combate à degeneração celular e ao desenvolvimento de células cancerígenas. O cancro é a segunda causa mais comum de morte em todo o mundo e sabe-se que mais de 90% dos cancros estão relacionados com fatores de risco modificáveis, como a dieta. Estima-se que mudanças nos hábitos alimentares para hábitos mais saudáveis possam contribuir para evitar o aparecimento de 30-50% dos casos de cancro. A dieta mediterrânica como um todo – e não apenas considerando os seus alimentos de forma isolada – está associada à prevenção do cancro. A evidência científica refere que: O elevado consumo de hortícolas e frutos, através do seu alto teor em fibra, vitaminas C e E, selénio, folato, polifenóis (flavonóides), carotenóides, cumarinos e taninos, possibilita a prevenção de danos no DNA e tem efeito anti-tumorigénico. Os cereais integrais são ricos em fibra, vitamina E, selénio, cobre, zinco, fitoestrogénios e compostos fenólicos, com propriedades antioxidantes e anti-carcinogénicas. O consumo frequente de frutos oleaginosos e moderado de peixe parece reduzir o crescimento das células tumorais, devido ao conteúdo em ómega-3. Os frutos oleaginosos são, também, ricos em compostos fenólicos (como resveratrol, ácido elágico, flavonóides, isoflavonóides), ácido fítico e fitoesteróis, associados também à redução do risco de cancro. O azeite, principal fonte de gordura da dieta, pelo teor em polifenóis, confere poder antioxidante, anti-inflamatório e anti-mutagénico, que reduz a proliferação de células cancerígenas e protege a membrana celular de metástases. É, também, rico em gordura monoinsaturada, o ácido oleico, com efeito quimioprotetor. O consumo reduzido de carnes vermelhas, presente nesta dieta, não demonstra risco para a saúde. Já a sua ingestão excessiva está associada a um maior risco de cancro. Uma revisão científica, publicada em 2021 no European Journal of Nutrition, referiu que uma elevada adesão à dieta mediterrânica está associada a um menor risco de cancro da mama, cólon-reto, cabeça-pescoço, respiratório, gástrico, fígado e bexiga. Outra revisão científica, publicada na revista Nutrients em 2019, revelou que uma elevada adesão a esta dieta reduziu em 43% o risco de cancro gástrico, em 30%-45% o risco de cancro cólon-reto, em 6% o risco de cancro da mama e em 20-58% o risco de cancro cabeça-pescoço. Por tudo isto, a dieta mediterrânica é hoje considerada um modelo alimentar de referência a nível mundial, que, por ser rica em nutrientes com elevado fator protetor, promove a manutenção da saúde e a prevenção da doença. Dra. Joana Bernardo Nutricionista Hospital Lusíadas Lisboa [pro_ad_display_adzone id=”46664″]