Realizador Christophe Fonseca vai realizar um filme sobre o “bidonville” de Champigny

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“Au delà du silence” vai ser o próximo filme do realizador Christophe Fonseca, autor de vários filmes nomeadamente um sobre o pintor português Amadeo de Souza Cardoso e um outro, o mais recente, sobre o pintor chinês Chu Teh-Chun.

Numa entrevista ao LusoJornal Christophe Fonseca anuncia que o filme vai abordar o tema da emigração portuguesa para França e em particular o “bidonville” de Champigny.

“É um filme muito importante para mim porque uma grande parte da minha família viveu no bairro de lata de Champigny e desde a minha infância que foi um tema do qual eu ouvia falar à minha família e os meus amigos” conta o realizador ao LusoJornal.

“É um filme com o qual sonho desde há muitos anos. Às vezes penso que fiz cinema para fazer este filme” assume Christophe Fonseca que foi acumulando entrevistas ao longo de 20 anos. “Tenho uma grande pressão sobre esse filme porque é um filme muito importante para mim”.

Christophe Fonseca tem uma formação artística. Frequentou o Conservatório de música e fez Belas Artes. “Fui para a área do cinema porque sempre fiz música, pintura, escultura, dança, teatro… e no cinema encontrei uma forma de reunir estes lazeres todos. Mas não estou fechado neste mundo, gosto de ser surpreendido, gosto de ser livre. Fiz filmes sobre tudo, fiz ficção, ficção surrealista, fiz reportagem de investigação, reportagem de viagem, fiz muitos filmes sobre mulheres, era um tema muito importante para mim, sobre feminismo, sobre ecologia…”

Durante mais de 20 anos, Christophe Fonseca realizou filmes para vários canais da televisão francesa – Canal+, France Télévision, TF1, M6,… – e também para o canal português TVI. Destaque-se “Tribute Amália” para a France Télévision e “Les Voix du Fado” para a TVI.

“Mesmo nos meus filmes em França, há sempre algo português. Pode ser a música, pode ser o tema, mas as pessoas que me conhecem sabem que Portugal é importante para mim”.

Os pais são de Ourém, a mulher nasceu em Portugal e Christophe Fonseca é membro do Conselho da Diáspora Portuguesa. “Eu nasci em Champigny, cresci em Champigny, para mim é uma segunda casa. O meu avô, o meu pai, os meus tios, todos têm a ver com essa passagem por Champigny. Metade da aldeia dos meus pais passou por Champigny, vi as últimas barracas quando ainda era criança, conheci as pessoas que saíam de lá e que iam para os “foyers’”. Não admira pois que Christophe Fonseca queira realizar um filme sobre a imigração portuguesa.

Mas “Au delà du silence” é um filme em constante evolução. “É um filme que vai sempre mudando, o filme com que eu sonhava quando tinha 15 anos, não era o mesmo quando eu tinha 20 anos, que também não era o mesmo quando tinha 30 anos e agora, com esta situação de pandemia, o filme continua em transformação constante” disse ao LusoJornal.

Lembra-se que, quando era criança, passava horas a ouvir falar do “bidonville” e gravou conversas e histórias que lhe contavam. “Para mim era uma história incrível, que me inspirou muito e fiz dela uma linha condutora na minha própria vida”.

“É uma história que está mesmo dentro de mim”.

Mas tudo tem o seu tempo. Christophe Fonseca teve de esperar pelo bom momento para fazer o filme. “No início eu tinha uma pressa de fazer este filme, queria absolutamente fazer este filme o mais rápido possível” mas sentiu que muita gente não queria falar, que a ferida não estava sarada para certas pessoas. Teve de esperar. “Eu sentia que as pessoas não tinham vontade de falar desse assunto, era muito cedo. Recentemente houve várias coisas que fizeram com que muitas pessoas começaram a falar, nomeadamente a construção do monumento em Champigny, numa iniciativa de Valdemar Francisco” diz Christophe Fonseca.

Mas tem de ser agora. “Agora estou com pressa porque há personagens que são importantes para mim e que vão desaparecendo. Agora é mesmo uma corrida contra relógio”.

“Au delà du silence” é um filme que vai ser produzido pela produtora que Christophe Fonseca criou, “Les films de l’Odysée”. Deve ser um documentário-ficcionado, com uma duração de 90 minutos e quem sabe se estará pronto em 2021.

 

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LusoJornal