Home Cultura “What is the colour of green?”: Exposição de Gabriela Albergaria na Biblioteca da GulbenkianCarlos Pereira·11 Março, 2022Cultura [pro_ad_display_adzone id=”37509″] Uma exposição com obras de Gabriela Albergaria intitulada “What is the colour of green?” está atualmente patente ao público na Biblioteca da Delegação de França da Fundação Calouste Gulbenkian, na Casa de Portugal André de Gouveia, na Cidade Universitária Internacional de Paris. A exposição concorreu ao segundo apelo a projetos da Fundação Gulbenkian, numa proposta de duas Comissárias: a italiana Chiara Vecchiarelli e a portuguesa Sílvia Guerra. Chiara Vecchiarelli viveu na Itália e em vários outros países, incluindo nos Estados Unidos, e veio para Paris, tirar um doutoramento em filosofia. “Eu não moro muito longe da Îlle Saint Louis e durante o confinamento, convidava amigas curadoras e artistas para pequenos piqueniques junto ao Sena. Cada uma levava qualquer coisa e num desses piqueniques que eu organizei com a Chiara, disse-lhe que tinha a ideia de criar o coletivo ‘Bored Curators United’, ela achou engraçado, perguntei-lhe se queria fazer alguma coisa comigo e ela disse-me que sim, que ia pensar no assunto e eu disse logo que fossemos para a ação, então foi tudo muito espontâneo” disse ao LusoJornal Sílvia Guerra. Sílvia Guerra é Comissária de exposições, trabalhou em Portugal no Instituto das Artes, com o falecido Paulo Cunha e Silva, esteve no Departamento de internacionalização, trabalhou nas Bienais de Veneza, cidade onde estudou antes de vir para Paris, também para tirar um doutoramento. Atualmente está a trabalhar num fundo cultural. O primeiro projeto do coletivo “Bored Curators United” foi o de “mostrar obras de arte em vitrinas que tínhamos nas ruas, durante o confinamento, para as pessoas vissem enquanto davam voltas a pé junto das suas casas”. Depois chegou a ideia de um trabalho com a artista portuguesa Gabriela Albergaria. “Eu conheci a Gabriela Albergaria em Londres, numa altura em que estava a pensar fazer um projeto com artistas e jardineiros num monumento francês, o Château d’Angers” explica Sílvia Guerra. “O projeto não se fez, mas continuamos em contato”. Chiara Vecchiarelli interessou-se pelo trabalho de Gabriela Albergaria e pelo seu questionamento entre natureza e cultura. “O tema principal da Gabriela Albergaria é o de se colocar constantemente a pergunta: onde é que nós nos situamos em relação à representação que nós fazemos da natureza” conta a Comissária italiana. “O questionamento da artista é o seguinte: como libertar a cor da representação e quando se liberta a cor da representação, o que se faz da noção de natureza tal como a entendemos habitualmente?” explica Chiara Vecchiarelli. “Então, este simples trabalho sobre a cor, revela-se bem mais complexo, e leva-nos à relação entre o humano e o natural, a separação entre natureza e cultura”. Para Chiara Vecchiarelli, à pergunta “qual é a cor do verde?”, podíamos acrescentar uma outra: “onde está a cor verde?”. “A cor situa-se na matéria? Ou situa-se no nosso espírito? O verde é tal como nós o imaginamos, desligado do corpo, da matéria, ou a cor situa-se algures entre o corpo e o espírito? E a obra não poderá ser esse espaço intermédio? São estes os questionamentos que queremos levar até ao público”. Numa primeira fase, a artista organizou um workshop no parque da Cidade Universitária Internacional de Paris. “Alguns participantes não tinham nenhuma experiência, havia alunas de medicina, pessoas da informática, havia um músico, alguns estudantes do México, da Alemanha, uma da Coreia… era muito variado” explica Sílvia Guerra ao LusoJornal. “Uma grande parte reside no espaço da Cidade universitária e outros vieram porque ouviram falar do evento e queriam desenhar”. “A Gabriela não sabia muito bem como inserir esta parte do workshop no interior da Casa de Portugal”. Mas as Comissárias chegaram à conclusão que estes trabalhos deviam ficar no hall de entrada da Casa de Portugal, num sítio de passagem. “deixando as instruções da artista para que, quem quiser, pode pegar num lápis e começar a desenhar” explica Sílvia Guerra. Dentro da Biblioteca estão obras da artista, mas está também em exposição uma coleção de livros, alguns deles da própria Gabriela Albergaria, e outros escolhidos pelas Comissárias e pelas Bibliotecárias da Gulbenkian, relacionadas com o tema ou caros à artista. Chiara Vecchiarelli e Sílvia Guerra trabalham agora na publicação de um livro “para dar continuidade a este projeto”. O projeto foi montado com o apoio do CNEAI (Centre National Edition Art Image), tel o “label” da Temporada França-Portugal 2022 e pode ser visitado de segunda a sexta-feira, das 10h00 às 17h00, com visitas guiadas pelas duas Comissárias, às quartas-feiras, entre as 14h00 e as 17h00. Biblioteca Calouste Gulbenkian Casa de Portugal André de Gouveia Cidade Internacional Universitária de Paris 7 boulevard Jourdan 75014 Paris. [pro_ad_display_adzone id=”46664″]