Littératures Européennes de Cognac: Um festival centrado na literatura e na cultura portuguesas

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Cognac será durante quatro dias a capital europeia da literatura. O LEC – Littératures Européennes Cognac – é um dos grandes festivais literários de França e dedica-se este ano à Literatura Portuguesa. O seu programa para 2022 acaba de ser anunciado.

Um programa que vai além da literatura – a arte gráfica, o cinema, a música e a gastronomia estarão bastante presentes – e que culminará no festival que durará quatro dias, entre 17 e 20 de novembro.

Criado em 1988 por ocasião do centenário do nascimento de Jean Monnet, o Salon de la Littérature européenne de Cognac – que se tornou Littératures Européennes Cognac e depois o Festival LEC – trabalha para promover as literaturas europeias e pretende ser um ponto de encontro entre os escritores europeus e o público leitor.

 

Nuno Gomes Garcia com bolsa de criação literária

O lançamento do Festival LEC, que tem então Portugal como país-convidado, começará, contudo, quase um mês antes com o acolhimento do escritor galardoado com a residência e a bolsa de criação literária Jean Monnet. E este ano o galardoado foi Nuno Gomes Garcia, autor português a residir em França que lançou há pouco “La Domestication”, obra traduzida pela tradutora Clara Domingues, ela própria lusodescendente, e que tem a particularidade de desmasculinizar a língua francesa, optando o autor e a tradutora por uma feminização total da linguagem, “de maneira”, referiu o autor, “a que o fundo e a forma se harmonizem, visto que este romance inverte os papéis e cria um mundo em que as mulheres detêm o poder absoluto”.

Ao longo do seu mês de Residência Literária, Nuno Gomes Garcia visitará vários liceus e bibliotecas de Pons, La Rochelle ou Cognac onde falará com os alunos e leitores sobre a Literatura Portuguesa, participará em discussões sobre cinema – o escritor escolheu “Tabu” do realizador Miguel Gomes – e marcará presença, claro, nos quatro dias de festival.

 

Vários autores portugueses presentes

De 17 a 20 de novembro, Nuno Gomes Garcia contará com a companhia de outros autores portugueses publicados em França, tais como Afonso Cruz, David Machado, Isabela Figueiredo, Miguel Szymanski (os autores portugueses selecionados para o Prix des Lecteurs), Pedro Garcia Rosado, Dulce Maria Cardoso, Valter Hugo Mãe, Sylvie da Silva, mas também a ilustradora Catarina Sobral, autora do cartaz do festival, e o grupo musical Madragoa.

A esta esquadra lusitana, juntar-se-ão vários autores franceses – nomeadamente o historiador Yves Léonard, especialista em História de Portugal, que conversará com Nuno Gomes Garcia, ele próprio arqueólogo, sobre a sua mais recente obra “Histoire de la nation portugaise”.

Tratando-se de literaturas europeias, o eixo luso-francês deste ano faz uma bifurcação e recebe o ucraniano Andrei Kurkov, autor do belíssimo “Abelhas Cinzentas”, lançado o mês passado em Portugal pela Porto Editora, e o islandês Jon Kalman Stefansson, vencedor do Prix Jean Monnet 2022, prémio já ganho pela portuguesa Lídia Jorge em 2000.

A duas horas de Paris, eis uma bela oportunidade para “viver” Portugal na Charente e visitar a histórica cidade de Cognac.

 

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LusoJornal