Seleção feminina de Portugal perde com França e baixa à Liga B das Nações



A Seleção femimina de Portugal perdeu ontem à noite 1-0 com a França e falhou assim a permanência na Liga A da Liga das Nações de futebol, em jogo disputado em Leiria.

Num jogo em que precisava de vencer para manter intactas as aspirações de permanência, além de beneficiar de um triunfo da Áustria sobre a Noruega, que veio a suceder, a Seleção lusa não conseguiu transformar em golo as inúmeras oportunidades criadas ao longo da partida, num jogo em que a formação contrária acabou por marcar já aos 90+3 minutos, através de Geyoro.

Com este resultado, Portugal fechou o Grupo 2 na quarta e última posição, com três pontos, baixando à Liga B, numa ‘poule’ ganha pela França, com 16 pontos, tendo a Áustria ficado no segundo posto, com 10, e a Noruega no terceiro, com cinco.

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As declarações do jogo

Francisco Neto (Selecionador de Portugal)

“Acima de tudo, frustrado. Pelo que fizemos, nem o empate merecíamos, quanto mais sair daqui com a derrota.

Por aquilo que fizemos na Liga das Nações, que teve momentos muito bons e outros menos bons, criámos e conseguimos competir ao mais alto nível e merecíamos ficar na Liga A. A verdade é que não aconteceu e essa é a maior frustração.

A situação do jogo é fácil de analisar. Não adianta falar sobre ele. Não é hábito falar de arbitragem, porque senão tinha de falar sobre outros jogos.

Ao final do dia, tenho de concordar com a Tatiana, quando falamos que as competições no feminino deviam ter o VAR. Dou o exemplo da Liga BPI, que não é profissional, todos os jogos têm VAR. Numa liga amadora, nós já disponibilizamos VAR e faz todo o sentido numa competição internacional haver.

A nossa capacidade de competir com as melhores equipas do mundo olhos nos olhos. Em todos os jogos, tivemos muitos momentos em que estivemos por cima dos nossos adversários, tirando o último jogo com a Noruega, o nosso jogo menos conseguido.

O lado negativo é não sermos consistentes e o número de oportunidades que não concretizámos. Não fomos competentes para concretizar o que criámos.

É olhar para a tabela e perceber que quem fica em segundo lugar é uma Áustria que foi inferior a Portugal.

Não tivemos medo de ninguém e agora é refletir, e, mais do que regressar mais fortes, é regressar mais preparados.

Entraremos no apuramento para o Europeu2025, mas a grande ilação é a forma competitiva. A nossa ideia de jogo tem que crescer de forma a que nos consigamos consolidar nestas divisões. Temos de ter um jogo dominante, uma ideia de jogo que potencie as nossas jogadoras dentro daquilo que é o coletivo. Que as novas jogadoras, apoiadas naquelas com mais experiência, consigam crescer dentro deste contexto.

As coisas têm de ser de forma natural e orgânica. Enquanto sentirmos que têm competência, vão cá andar. Mas estamos atentos à importância de acrescentar novos valores. Mais do que a renovação, é trazer ideias novas à ideia de jogo. É trazer irreverência.

É um sentimento agridoce. Chegámos a setembro cheios de ilusões e a acreditar. Essa é a frustração. Não senti que nenhuma equipa fosse muito superior a Portugal.

Quando, na altura, traçámos o objetivo, era um objetivo real. Não andamos a vender sonhos às nossas jogadoras. Elas é que os determinam. Sai esta frustração. Depois de meio ano tão brilhante, ter estes resultados não tão bons, facilmente as coisas tornam-se mais criticáveis.

Houve uma evolução muito grande na nossa mentalidade de jogar contra as grandes equipas. Não há impossíveis e cada vez menos há medos quando vamos jogar contra estas equipas.

O ADN, o comportamento com que encaramos os adversários vai ser neste registo. E isso é muito bom, porque é mais fácil passar a mensagem.

A grande ideia do ano é o grande crescimento daquilo que foi a nossa mentalidade a jogar contra as melhores do mundo”.

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Tatiana Pinto (jogadora de Portugal):

“Super frustrada depois do jogo de hoje, contra uma das melhores Seleções do mundo, olhos nos olhos. A criar as melhores oportunidades do jogo. Sempre por cima. Uma França muito insegura.

Infelizmente, um erro da arbitragem tirou-nos a Liga A. A Liga das Nações tem de ter VAR. Não era fora de jogo e tenho a certeza de que esse golo ditaria outro resultado.

Muito triste, mas voltaremos, com certeza, mais fortes.

Quando falamos de igualdade é precisamente neste tipo de coisas. Mais uma vez, o feminino acaba sempre por ser prejudicado. O VAR tem de ser implementado nas grandes competições, assim como no masculino é. Para nós, tem de ser o mesmo e é por isso que temos de continuar a lutar, infelizmente.

Foi uma Liga das Nações com alguns altos e baixos. Não estivemos no nosso melhor em alguns jogos e assumimos.

Hoje, demos uma excelente resposta ao que o jogo pedia, mas temos de pegar no que correu bem, corrigir o que não esteve tão bem e arranjar a nossa melhor versão para colocar Portugal no lugar em que merece estar, que é na Liga A”.

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Portugal 0-1 França

Ao intervalo: 0-0.

Jogo no Estádio Dr. Magalhães Pessoa, Leiria

Assistência: Cerca de 6.000 espetadores

Árbitra: Ivvana Projkovska (Macedónia)

Ação disciplinar: Cartão amarelo para Vicki Becho (89 min), Diana Gomes (90 min) e Melvine Malard (90+6 min)

Marcadora: Grace Geyoro, 90+3 minutos

Portugal: Patrícia Morais, Ana Borges (Catarina Amado, 70 min), Diana Gomes, Carole Costa, Lúcia Alves (Joana Marchão, 70 min), Tatiana Pinto, Dolores Silva (Fátima Pinto, 79 min), Andreia Jacinto, Kika Nazareth, Ana Capeta (Andreia Norton, 79 min) e Telma Encarnação (Ana Dias, 70 min). Suplentes: Inês Pereira, Sierra Cota-Yarde, Catarina Amado, Ana Seiça, Joana Marchão, Ana Rodrigues, Andreia Norton, Joana Martins, Fátima Pinto, Andreia Faria, Ana Dias e Carolina Mendes. Selecionador: Francisco Neto

França: Solène Durand, Ève Perisset, Estelle Cascarino, Maëlle Lakrar, Sakina Karchaoul (Selma Bacha, 46 min), Viviane Asseyi (Melvine Malard, 63 min), Léa Le Garrec (Kenza Dali, 63 min), Arnel Majri, Vicki Becho, Julie Dufour (Hillary Diaz, 90+5 min) e Clara Mateo (Grace Geyoro, 70 min). Suplentes: Pauline Peyraud-Magnin, Marie Petiteau, Wendie Renard, Elisa de Almeida, Hillary Diaz, Grace Geyoro, Eugénie Le Sommer, Thiniba Samoura, Selma Bacha, Melvine Malard, Kenza Dali e Griedge Mbock Bathy. Selecionador: Hervé Renard

LusoJornal