20 anos do LusoJornal: “Um media incontornável”


Mensagem de Manuel Antunes da Cunha

Sociólogo, professor universitário

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Quem se instala no estrangeiro, amiúde procura informações que a sociedade de acolhimento nem sempre quer ou está em medida de proporcionar. Umas vezes recorre a fontes de informação do país de origem; outras vezes funda novos meios de comunicação social que possam responder a demandas específicas. É uma prática secular.

O primeiro jornal para uma diáspora foi a Gazette de Leyde (1677-1811) – também editada com o título Nouvelles extraordinaires de divers endroits – uma publicação em língua francesa que tinha como público-alvo os Protestantes refugiados em Amsterdão, mas também os que por cá permaneceram.

O mesmo acontece com a emigração portuguesa em França há mais de 100 anos.

Entre a instauração da República (1910) e o 25 de Abril (1974), foram criados mais de 150 jornais, quase sempre de curta duração, na língua de origem, de caráter político, com tiragens modestas, periodicidade irregular e endereçados a exilados políticos.

A partir das décadas de 1960 e 70 apareceram cada vez mais publicações preocupadas com os problemas administrativos, de emprego, de habitação e de educação dos filhos dos emigrantes ditos económicos. Umas e outras desempenharam um papel fundamental, mas a esmagadora maioria foi desaparecendo até à década de 1990.

No que à imprensa escrita diz respeito, o nascimento do LusoJornal, a 16 de setembro de 2004, constitui um marco da história da Comunidade portuguesa de França.

O uso das duas línguas, a cobertura de atividades de todo o espetro político, de manifestações culturais de cariz popular juntamente com as mais elitistas, do desporto, da religião e da ciência, as entrevistas, as reportagens sobre temas mais fraturantes, os dossiês temáticos ou o recurso às plataformas digitais, entre outros atributos, fizeram do LusoJornal um media incontornável.

O LusoJornal permite entrever a Comunidade portuguesa muito para além dos estereótipos e do periférico parisiense, sem renegar as suas diversas componentes. Não é por acaso que é recorrentemente citados nos media portugueses e lido por diversas franjas e gerações como um jornal de referência.

E no futuro será, sem sombra de dúvida, um precioso manancial para os investigadores.

Dar os parabéns ao LusoJornal – no qual tenho muito orgulho em ter colaborado durante alguns meses (2007-2008) – é reconhecer a obra feita e desejar sucesso para os anos vindouros. E recordar todos aqueles que diariamente não contam as horas para prestar este serviço público.

LusoJornal