Home Cultura Banda desenhada de Nicolas Barral sobre Fernando Pessoa editada em França_LusoJornal·4 Outubro, 2024Cultura O autor francês Nicolas Barral acaba de editar, nas edições Dargaud, “L’intranquille monsieur Pessoa”, uma banda desenhada de ficção sobre “a alma complexa” do poeta português Fernando Pessoa. A obra vai ser apresentada no dia 14, em Paris, e é “um retrato comovente de Fernando Pessoa, um dos maiores escritores do século XX”, numa Lisboa desenhada em tons sépia, lê-se na página oficial da editora francesa. Não se trata de uma biografia de Fernando Pessoa, mesmo se o livro tem elementos biográficos, mas sim uma ficção, uma tentativa de aproximação ao “mistério da criação” literária do escritor e das suas múltiplas facetas heteronímicas. Na história, Nicola Barral recorre à personagem Simão Cerdeira, um jornalista do Diário de Lisboa responsável por escrever o obituário de Fernando Pessoa, porque corre o rumor, em novembro de 1935, de que o poeta está doente e morrerá em breve. Ignorando quem seja Fernando Pessoa (1888-1935), o jovem jornalista inicia uma investigação, para juntar todas as informações possíveis e construir um retrato do poeta, na altura em que este trabalhava nos textos de “O livro do desassossego”, do heterónimo Bernardo Soares. Citado pela editora, Nicolas Barral explica que a história de Fernando Pessoa, cuja figura se parece “com uma personagem do cinema mudo, numa mistura entre Chaplin, Buster Keaton e Harold Lloyd”, serviu também de pretexto para ele próprio refletir sobre o ato de escrever, sobre a criação literária. O autor recorda que estava numa livraria em Lisboa quando deu de caras com um livro que tinha na capa um retrato de Fernando Pessoa: “Houve ali um efeito de espelho. Eu revi-me nele. A maneira como olhava e a melancolia falaram para mim”. Nicolas Barral, parisiense de 57 anos, é argumentista e desenhador, tendo vários álbuns publicados em Portugal, nomeadamente “Ao som do fado”, editado em 2020 pela Levoir, sobre Portugal durante o Estado Novo e os últimos dias da governação de António de Oliveira Salazar, e “As aventuras de Philip & Francis”, coassinado com Pierre Veys, que é uma homenagem à série belga “Blake e Mortimer”. Sobre a possibilidade de edição de “L’intranquille monsieur Pessoa” no mercado português, fonte da editora Levoir, que lançou “Ao som do fado”, disse à agência Lusa que a Dargaud estava ainda a analisar propostas enviadas por editoras portuguesas.