Lyon: Português condenado por agressão sexual está sob mandato de captura internacional


Um cidadão português de 43 anos foi julgado na semana passada em Lyon por atos de pedofilia e agressão sexual de menores, também portuguesas, e foi condenado a 30 meses de cadeia, mas não compareceu em Tribunal.

Os factos aconteceram entre 2020 e 2021 pelo agora condenado Bruno Miguel da Fonseca, sobre duas menores, que tinham, na altura, 8 e 10 anos, embora uma delas sempre resistiu aos avanços e promessas do homem que, na altura, era amigo da família.

Bruno Miguel da Fonseca manteve as menores sob pressão e ameaças de que, se elas o denunciavam, ele seria violento com o resto da família, proferindo até ameaças de morte.

Estas ações de pedofilia, incitação a práticas sexuais e de exibicionismo, feitas através das redes sociais, filmes pornográficos, no domicílio das menores e também no domicílio de Miguel Fonseca, foram confirmadas em Tribunal.

A família Oliveira nunca suspeitou do comportamento do homem e tinha confiança nesta pessoa. “Eu estava longe de imaginar que quando lhe pedia para me guardar as meninas em minha casa, ou na casa dele, que ele se ia aproveitar da situação para abusar delas da maneira mais porca que se pode imaginar. Elas tinham na altura 8 e 10 anos e como a companheira dele muitas vezes estava presente, eu nunca desconfiei de nada” disse a mãe das menores ao LusoJornal.

Em março de 2021 as menores confirmaram tudo o que se passava, principalmente a mais jovem, a quem ela chamava o “Sr Caca”. A família Oliveira fez queixa na Polícia e na Gendarmerie e Bruno Miguel da Fonseca foi apreendido pela Gendarmerie de Vaugneray (69) e foi aberto um inquérito pelo Tribunal Judicial de Lyon.

Este assunto já tinha sido notícia do LusoJornal em 2021 e, nessa altura, a mãe das crianças explicou que foi “por puro acaso” que descobriu que o homem estava a assediar sexualmente a sua própria filha nas redes sociais. “Descobri um diálogo, no Messenger, deste homem com a minha filha. Achei estranho certas frases que ele escrevia e comecei a suspeitar de algo estranho. Então comecei a fazer-me passar pela minha filha. De imediato a conversa tornou-se mais solicitadora, a pedir fotos dela e a mostrar fotos dele nu. Depois fez propostas indecentes, mostrando vídeos pornográficos da sua autoria, com a sua parceira e masturbando-se. Eu vi isto tudo… e revelei tudo à Policia”.

“Eu fiz cerca de uma centena de print’s da conversa e revelei à Polícia dias antes da prisão. Na mesma conversa ele descrevia atos de abuso sexual, já em 2019, com a filha da minha amiga, uma criança com 11 anos, e ela agora confirma”.

Na altura o homem estava em Portugal e foi de lá que comunicava via Facebook com as crianças em França, revelando assédio, provocações, propostas e comportamentos impróprios. “Ele foi ignorando totalmente a nossa armadilha, nós já estávamos ao corrente de tudo o que ele tinha feito e já tínhamos revelado tudo à Polícia. Quando chegou de Portugal, ele veio a nossa casa e nós bloqueamos o homem até à chegada da Polícia que o prendeu” explicou em lágrimas a mulher ao LusoJornal. “Nunca pensámos que este homem sofresse mentalmente destas tendências e que nos traísse assim, desta maneira, abusando sexualmente das nossas filhas”.

Agora a mulher diz que “há muitas coisas que eu não percebi. Ele não podia sair de França, mas ao fim de dois meses ele foi para Portugal, onde se encontra ainda hoje, pois deve haver um Mandato de captura, feito após este julgamento, que data de 14 de novembro. Já que ele não se apresentou nesse dia no Tribunal, nem ele nem o seu advogado” confirmou o pai das menores.

Hoje Miguel Fonseca está inscrito no ficheiro de autores de infrações sexuais com violência, e também não poderá ter nenhuma atividade profissional relacionada com menores.

A família Oliveira acolheu esta decisão com serenidade, mas também com surpresa, pois a pena de trinta meses de prisão não corresponde ao que esperavam, visto tudo o que depois foi descoberto, nomeadamente atos feitos pelo réu em vários trabalhos, antes do que se passou com as menores da família Oliveira.

Originário da Baira Alta, o homem foi responsável de uma empresa de tatuagens e também foi animador sociocultural numa MJC, de onde teria sido despedido em 2019, alegadamente já com suspeitas de agressão sexual sobre menores.

“Tenho muito a agradecer a certos membros da Comunidade, em especial ao Conselheiro das Comunidades Jorge Campos, que nos acompanhou em muitas ocasiões, para encontrarmos um advogado que falasse português e francês, o que nos facilitou todo o processo” disse a mãe das duas crianças.

LusoJornal