LusoJornal / Carlos Pereira

“Concept store” Novos Navegadores abriu hoje em Paris

Foi inaugurada ontem, em Paris, no bairro do Marais, a loja dos Novos Navegadores, uma “concept store” da eNeNe – Novos Navegadores, definida como “revolucionária” e que afirma ser “a primeira marca portuguesa de luxo, ‘premium luxo’ e a primeira marca portuguesa internacional de moda”, fundada por Carlos Sereno e Filipe Neto.

Praticamente tudo nesta loja é inovador. Primeiro, os fundadores não lhe chamam loja, mas sim “show room privado”. Depois porque se trata de um “phygital concept”, que mistura a mais inovadora tecnologia digital, aplicada a uma loja quase convencional.

“Este projeto nasceu da consciência de oferecer a Portugal uma visibilidade internacional do que Portugal faz de melhor, do seu nowhow nos setores da moda e do luxo” explicou ao LusoJornal Carlos Sereno. “O meu marido, trabalhou na moda durante 14 anos, e apercebeu-se que certas marcas, como a Gucci ou a Chanel, fazem fabricar em Portugal e vendem em nome deles, claro. Isso traz pouco valor acrescentado para Portugal”.

Tudo o que está na loja é “100% português”. Aliás Carlos Sereno diz que “não há outra condição que a de ser 100% português” e os dois fundadores da marca consideram que podem ajudar a “posicionar Portugal”. “Estamos a falar de posicionamento de Portugal como um ator importante no futuro, no setor do luxo e da moda”.

 

Carlos Sereno, o arquiteto

Carlos Sereno é lusodescendente, filho de mãe espanhola e pai português do Porto. Nasci em Paris, “e foi Paris que fez de mim quem sou”. Teve várias empresas, em vários setores, nomeadamente no da arquitetura e da engenharia civil.

Filipe Neto foi passar 6 meses a Portugal. “As marcas aderiram facilmente, muito facilmente, o meu marido passou lá 6 meses, foi bater à porta de cada marca, fizemos uma seleção e infelizmente só podemos acolher 80 marcas e criadores”.

Os 120 metros quadrados depressa se tornaram pequenos, e desde então, os dois fundadores do conceito criaram uma “lista de espera”. “As pessoas ficaram surpreendidas porque não estavam à espera deste tipo de proposta, mas aderiram rapidamente e sentimos mesmo uma grande solidariedade em Portugal e é isso mesmo que nos ajuda a ir para a frente”.

“Tivemos muitissima ajuda por parte de Portugal, das administrações portuguesas, tanto em Portugal como em França. Sempre nos sentimos muito acompanhados” confessa Carlos Sereno.

Agora, os dois fundadores querem “propôr uma presença aqui entre 3 e 6 meses, para dar a oportunidade a outras marcas de serem conhecidas”.

A loja está bem situada e Carlos Sereno afirma mesmo que “segundo um estudo, é a loja mais bem situada de Paris”, na rue du Temple, em pleno Marais, a dois passos do Centre Georges Pompidou e do Hôtel de Ville. “Temos aqui como vizinhos as melhores marcas internacionais” diz ao LusoJornal. Por esta rua passam cerca de 32 milhões de pessoas por ano. “As pessoas podem vir passear, ir ao café, ao teatro, e depois entram e descobrem aqui um cantinho de Portugal”.

Carlos Sereno e Filipe Neto pretendem mesmo ter criado uma nova “Embaixada de Portugal” em Paris.

 

A tecnologia digital

Ninguém entra na loja sem, antes, carregar a aplicação no telemóvel. Ao notificar-se, vai ter acesso a todos os QR Code dos produtos. “A aplicação é simples, pode-se carregar em dois minutinhos, e depois, a qualquer momento pode digitalizar o produto e tem acesos aos detalhes, ao preço e à ficha técnica”.

Os estudos mostram que 80% das vendas na internet não se finalizam por falta de informação. “E nós damos a possibilidade de tocar no produto. Basta colocar no ‘cesto’, dizer as quantidades que pretende comprar e faz a sua compra” explica Carlos Sereno. Os “hospedeiros de bordo”, que estão vestidos com um “macacão” de alta costura desenhado por Luís de Carvalho, vão ter “caixas móveis” e é com eles que o cliente pode finalizar a compra, pagando em líquido ou com o cartão bancário.

“A ideia é não fazer esperar as pessoas numa fila para o pagamento. A nossa aplicação está em evolução, estará terminada no mês de maio. E depois, a ideia é que o cliente finalize a sua compra ele próprio, com o seu cartão e ir embora” diz Carlos Sereno. “Também pode pedir, na aplicação, para enviar um produto a um amigo, pode até acrescentar uma palavra, recebe o ticket por mail, pode guardar em memória alguns produtos e a qualquer momento pode voltar aqui ou encomendar pela web. Nós somos a extenção do nosso futuro website”.

Carlos Sereno compara com o serviço da Uber. “Você está em casa, no quentinho, no sofá, pode encomendar um carro, conhece a matrícula do carro, o nome do motorista, nem necessita de lhe dizer onde tem de ir porque ele já sabe, nem sequer necessita de sacar do multibanco e recebe diretamente a fatura na sua caixa email. É exatamente esse tipo de serviço que nós também oferecemos”.

E se for adverso às novas tecnologias não entra neste espaço. “Nem aqui, nem consegue viver no nosso mundo” ri Carlos Sereno. “Qual é a pessoa que não acorda com o telemóvel e não vai para a cama com o telemóvel?”

 

Alta costura acessível a todos

Filipe Neto é português de Santo Tirso. Chegou a Paris em 2008 e começou a trabalhar no setor da moda. Conheceu Carlos Sereno em Paris e “decidimos juntar as nossas forças para promover Portugal”.

Horas antes de abrir a loja, estava preocupado com a apresentação. Ao fundo está cerâmica da Vista Alegre e Bordallo Pinheiro, “aquele é um candeeiro único que só encontra à venda aqui” diz Filipe Neto ao LusoJornal. Mais à frente estão roupas de alguns dos mais reputados costureiros portugueses, como Luís Buchinho, Anabela Baldaque, Luís Carvalho, Storytaylors, Carolina Machado e Tony Miranda, também há calçado Wolf & Son, vinhos Quinta da Boavista, petiscos José Gourmet, filigrana Euleterio.

“70% deles são novos criadores e isso é muito importante para nós. A nossa energia está muito focada nos jovens. Os nomes mais conhecidos de Portugal ainda não têm o nome das grandes marcas internacionais e nós temos a ferramenta para os ajudar. Os jovens também necessitam de visibilidade. Todos necessitam de nós e nós necessitamos deles”.

A escolha de Paris para abrir este espaço não foi emocional. “As três capitais da moda no mundo, hoje, são Paris, Londres e Nova Iorque. Fizemos um estudo para saber onde instalar a loja, porque a nosso primeiro espaço é que nos vai dar credibilidade no projeto” afirma Carlos Sereno ao LusoJornal. O próximo pode ser Xangai. “Londres é problemático porque todo o setor da moda está a fugir devido ao Brexit, e os de Nova Iorque estão a boicotar a política do Presidente Trump. A ideia de Paris foi natural”.

“Eu sou empresário e vou fazer tudo para que funcione, sobretudo porque estamos fartos de constatar que Portugal não está a ser vendido ao nível dos outros. Agora há que mudar isso, tirar a bandeira portuguesa lá fora e mostrar o que somos. Temos tudo para ter sucesso”.

 

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