Congresso da Lusofonia e da Francofonia defendeu a ciência em língua portuguesa

O primeiro Congresso da Lusofonia e da Francofonia, que se realiza até esta sexta-feira, em Paris, defendeu o peso da ciência produzida em língua portuguesa.

Falando ontem de manhã, na Universidade Sorbonne, a Secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Maria Fernanda Rollo, lembrou o peso da língua portuguesa no mundo e sublinhou o seu destaque na ciência, advogando mais partilha do conhecimento no seio dos países de língua portuguesa.

Em declaração à Lusa, a governante afirmou que além do «percurso notável que Portugal tem feito em matéria de internacionalização da ciência», a língua portuguesa tem um peso na divulgação do conhecimento científico. «Existe um peso enorme desta ciência feita por Portugueses e pela Comunidade portuguesa, mas também escrita em português. Portugal está cada vez mais em ligação nesta partilha do conhecimento com o Brasil que tem aqui um peso determinante e com os outros países que têm a língua portuguesa como língua oficial, nomeadamente Angola e Moçambique, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe», disse.

Maria Fernanda Rollo sublinhou que apesar de o contexto internacional dar «muita visibilidade ao inglês», existe «uma ciência em português» com «uma enorme expressão, um enorme peso em determinadas áreas».

«Noto que a ciência em português liga-nos, sobretudo, numa dimensão geográfica amplíssima. Somos, no hemisfério sul, a língua mais falada, mais lida e aquela em que também acontece muita produção científica que aproxima estes países», declarou.

Ontem à tarde, a governante também participou numa mesa-redonda intitulada «Francês, Português: línguas de inovação científica numa perspetiva de internacionalização da investigação», ao lado, por exemplo, do Deputado e cientista Alexandre Quintanilha.

Na quarta-feira, no primeiro dia do Congresso da Lusofonia e da Francofonia, foi assinado um Protocolo científico internacional entre as Universidades de Coimbra, Quioto, Oxford e Sorbonne-Nouvelle em torno da «lusofonia e biodiversidade», nomeadamente a partir do estudo dos equídeos e dos primatas nos países de língua portuguesa na Serra d’Arga, em Portugal, e no Parque Nacional da Gorongosa, em Moçambique.

No âmbito deste congresso, esta sexta-feira, junto ao Senado francês, vão realizar-se três mesas redondas sobre «Inteligência Económica: vetor de desenvolvimento e de cooperação internacional», «Diplomacia Cultural: uma mais-valia num mundo em transformação» e «Panorama da imprensa e dos media no mundo francófono e lusófono».

Nesse dia, estão programados os nomes do ex-Presidente da Comissão Europeia José Manuel Durão Barroso, da Presidente da região Île-de-France, Valérie Pécresse, do vice-Presidente da Assembleia da República José Manuel Pureza e de vários Diretores de órgãos de comunicação social portugueses.

Também esta sexta-feira, no Institut d’études avancées de Paris, no Hôtel de Lauzun, estão programadas as seguintes mesas-redondas: «Que estratégia política entre os espaços linguísticos nos organismos internacionais», «Como é que o cruzamento das línguas alimenta a criação literária», «As diásporas como ator: reflexões sobre uma ‘geografia líquida’», «A Igualdade entre Mulheres e Homens na Vida Política e Social» e «A edição e os desafios do digital: oportunidades, obstáculos e perspetivas de futuro».

Entre os nomes previstos estão, por exemplo, os escritores luso-americano Richard Zimler, o moçambicano Germano Vera Cruz, o angolano Manuel Rui Monteiro e o português Mário Máximo, assim como os antigos Ministros portugueses Maria de Belém Roseira e João Soares.