Intervenção de Isabel Barradas na Comissão Nacional do PS levantou “as lições” da eleição de 18 de maio


Isabel Barradas, a Secretária-Coordenadora da Secção do Partido Socialista de Bordeaux, dircursou no sábado passado, dia 24 de maio, na Comissão Nacional do Partido Socialista, em Lisboa.

Este foi um momento para balanço do resultado das eleições legislativas de 18 de maio – ainda sem se conhecerem os resultados da emigração. Esta reunião marcou também a saída do líder Pedro Nuno Santos, o Presidente Carlos César garante interinamente a liderança do partido e José Luís Carneiro assumiu a candidatura (por enquanto única) a Secretário Geral do Partido.

É importante saber o que foram dizer à Comissão Nacional os Socialistas da diáspora, neste caso Isabel Barradas.

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“Caro Presidente, caros membros da mesa, caros e caras camaradas

Estamos aqui hoje reunidos neste momento difícil não só para o nosso partido, mas também para o país.

Um momento de reflexão conjunta para que a melhor solução seja encontrada para reconquistar a confiança dos Portugueses que perdemos há poucos dias.

As eleições legislativas deram-nos um resultado que não esperávamos, mas que devemos encarar com determinação e espírito de unidade.

A direita tradicional cresceu de maneira significativa e a ascensão da extrema-direita, agora consolidada como o 3º partido, podendo mesmo alcançar a 2ª posição com os votos do círculo da Europa e Fora da Europa, é deveras preocupante e exige de nós uma análise profunda sobre as suas causas e consequências.

Estas eleições não foram apenas uma derrota; foram também e sobretudo um sinal de alerta.

Este resultado deve abrir os nossos olhos para a necessidade de reavaliação das nossas políticas, da nossa comunicação e da forma como nos relacionamos com todos os cidadãos, repito todos os cidadãos, incluindo os nossos compatriotas residentes no estrangeiro.

Chegou a hora de nos reaproximarmos desses cidadãos que deixaram de acreditar no Partido Socialista.

Chegou a hora de escutar as suas preocupações e reivindicações de forma a revertermos essa tendência alarmante.

As lições que devem ser extraídas deste resultado eleitoral são várias:

1) Escuta ativa: Precisamos de um diálogo mais eficaz com os eleitores, compreendendo verdadeiramente os seus anseios, frustrações e esperanças. Não podemos dar por garantido o apoio de quem se sente afastado da política ou desencantado com o sistema.

2) Reforço da coesão social: O crescimento das ideologias extremistas alimenta-se da polarização e da divisão. É urgente para o PS reforçar a sua mensagem de inclusão, solidariedade e justiça social, mostrando que o PS é o verdadeiro defensor dos interesses de todos os cidadãos.

3) Inovação e adaptabilidade: O PS deve ser mais proativo na apresentação de propostas concretas que respondam às crises e desafios que o país e o mundo enfrentam, seja no campo económico, social ou ambiental. A nossa capacidade de inovar será crucial para reconquistar a confiança dos eleitores que fomos perdendo pelo caminho.

4) Remobilização dos nossos militantes: A base do nosso partido é forte e precisa ser mobilizada e renovada. O PS necessita de cada um dos seus militantes, de todos os seus militantes, no país e fora do país. É imperativo criar estratégias que nos envolvam a todos. A participação de todos é vital para o nosso Futuro, para o futuro do Partido Socialista. Devemos construir canais de comunicação para que todos e todas se sintam parte integrante da nossa luta.

Por isso a questão hoje não me parece dever ser a de eleger um novo Secretário-geral para o PS. O que devemos fazer coletivamente é compreender as nossas falhas, os erros cometidos e as oportunidades perdidas nestes três anos em que perdemos uma maioria absoluta e esta derrota história nas últimas legislativas.

Para tal, precisamos de um debate transparente e construtivo, um debate que envolva todos os membros do Partido – mas também, e porque não, a sociedade civil – um debate em que se ouçam as vozes de quem se sente afastado.

Unidos, podemos reconstruir um Partido Socialista sólido e sustentável, um partido no qual cada um de nós sinta que faz parte de um movimento maior, um movimento que luta pelo bem comum e pela dignidade de todos os cidadãos.

Vamos juntos dar este passo, sem medos e com determinação iniciar este processo de reflexão, sem precipitação e abrir-nos à sociedade.

Pelo Partido Socialista,

Por Portugal, pelos Portugueses, Viva Portugal! Viva o PS!”