José Soares: um especialista do restauro patrimonial em França

José Soares nasceu há 58 anos em Urros, Moncorvo, mas veio para França com apenas 6 anos de idade. Em 1989 criou, em Strasbourg, onde reside, a “Entreprise pour la Conservation du Patrimoine” (ECP) e tornou-se um dos especialistas mais reputados no domínio do restauro de monumentos. Introduziu o mercado francês com soluções inovadoras e reconhecidas pelo mundo científico, arquitetos, mestres de obras, empresas de construção e restauradores.

A lista de edifícios com intervenção de José Soares é longa. Vai da Notre Dame de Paris ao Pantéon National, do Musée de Beaux-Arts de Bordeaux au Tribunal de Commerce de Paris. “Há mais de 20 anos que fizemos uma intervenção no Tribunal de comércio de Paris onde foram utilizados produtos para limpar e para proteger a pedra para que não se suje, 23 anos depois continua num estado impecável” conta numa entrevista “Live” ao LusoJornal.

A ECP não faz intervenção direta no restauro, “apenas” fornece soluções técnicas. “Eu tive uma formação em química na universidade, mas sou muito curioso porque cada vez que encontro um problema, tenho de encontrar a solução” explica ao LusoJornal numa entrevista conduzida por Vítor Oliveira.

A empresa mantém relações muito próximas com o Laboratório de Investigação dos Monumentos Históricos, em Paris – onde aliás José Soares tem a reputação de encontrar solução a todas as situações – mas trabalha também com universidades e com os cientistas. “A química é um universo muito grande e nós temos de ter parcerias com universitários e com escolas. Os comerciais e os técnicos que vão ao encontro do projeto, que vão aconselhar os empreiteiros e os arquitetos, muitos deles são pessoas que já praticaram e que fizeram restauro” diz o fundador da ECP.

José Soares também começou por fazer restauro. “Fui restaurador durante cerca de 10 anos e vi que havia muitas coisas que podiam ser melhoradas. A partir daí decidi criar a empresa”.

 

Uma antena em Portugal

José Soares estudou mecânica industrial e trabalhou numa fábrica de transmissão mecânica em Troyes, até casar, há 37 anos, com Celeste Moreira e ir morar para Strasbourg. Foi em Strasbourg que começou a trabalhar nas obras e mais especificamente nas fachadas e monumentos em pedra.

A ECP tem 20 empregados, está presente no mercado nacional – tem sede em Strasbourg, um armazém na região parisiense e uma antena em Lille – mas também no mercado internacional – Bélgica, Suíça, Luxemburgo, Inglaterra, Espanha e Portugal.

“Em 2018 abrimos uma delegação em Portugal chamada Resmonuh, com sede em Lisboa, dirigida pelo meu filho Alexandre, assistido de uma secretária, e uma repartição regional no Norte, com um comercial”.

“Os meus pais emigraram, eu tive a minha educação em França, os meus filhos nasceram aqui, mas as nossas raízes estão sempre lá” confirma José Soares. Por isso não admirou que o filho Alexandre tivesse decidido ir para Portugal. “Nós fizemos um pequeno estudo para ver se poderia haver uma possibilidade de abrir uma antena em Portugal e quando descobrimos que Portugal iria investir milhões de euros em restauro, o Alexandre disse logo que queria ir para Portugal. Ele sempre gostou de Portugal”.

Há dois anos que a empresa abriu em Portugal. Mas “já ganhámos a confiança do Ministério da Cultura, de vários arquitetos, de mestres de obras, já trabalhámos em grandes projetos, no ano passado trabalhámos no restauro do Chafariz da Esperança, em Lisboa. Foram apresentadas soluções de restauro que os restauradores em Portugal não conheciam”.

O mais difícil mesmo foi mesmo terem de se adaptar à Administração portuguesa. “Não é como em França, foi um pouco difícil, mas nada foi impossível” diz José Soares.

 

Texto de Carlos Pereira, baseado numa entrevista ‘Live’ de Vítor Oliveira

 

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LusoJornal