“La Transcription”: Emigrante português publica romance

Arthur Farion é o ‘nom de plume’ de Artur Faria, autor do recente romance “La Transcription”, obra autopublicada através da plataforma belga “Le livre en papier”.

O enredo do romance acompanha a vida de duas famílias merceeiras de Soissons, no norte de França, ao longo das guerras de 1870, 1914 e 1940. Uma dessas famílias, a de menores posses, sonha com uma associação comercial, mas a outra recusa, o que cria os mecanismos necessários para o desenvolvimento da narrativa que mistura realidade e ficção.

Artur Faria nasceu na Maia em 1947 e emigrou para França em 1972, onde casou e teve quatro filhos. “Em Portugal, onde vivi até aos 25 anos, trabalhei em diversas tipografias, sobretudo como encadernador”, refere Artur Faria, hoje reformado e naturalizado francês. “Quando cheguei a França não conhecia nada da língua francesa e aos 25 anos não me podia sentar nos bancos da escola primária”.

Em França, trabalhou numa fábrica de papel e cartão ondulado até à reforma em 2004 “e não mantive contactos com a língua materna, aproveitando sim para enriquecer o meu francês didático com a leitura e os contactos naturais com o país de acolhimento”.

Durante anos, ao longo da sua vida de operário, este livro “foi crescendo lentamente, porém, por não ter condições financeiras, de ambiente e também devido a impedimentos profissionais, somente em novembro de 2018 é que editei e vou agora timidamente vendendo o ‘La Transcription’, tudo graças ao sistema de uma empresa tipográfica belga que fabrica os livros por encomenda”.

“La Transcription” relata episódios verídicos de “certas famílias francesas e seus antepassados” durante as três guerras que opuseram franceses e alemães entre 1870 e 1945. “Eu conheci as famílias em questão desde a minha chegada a França. Essas pessoas eram já bastante idosas nessa altura e hoje já não existem”. Uma recolha de dados, um levantamento de acontecimentos que Artur Faria efetuou durante anos para usar nesta sua saga familiar. “Eu passei com estas famílias inúmeros serões aos fins de semana, colecionando várias dezenas de notas e, um dia, perguntei-lhes se podia utilizar num livro os elementos recolhidos”, refere Artur Faria, acrescentando que foi autorizado a fazê-lo “desde que nunca divulgasse as suas identidades”.

Foram as transcrições dessas notas que deram origem ao título da obra. “Este é apenas o primeiro volume, apesar das suas 744 páginas. O segundo volume já está escrito, mas ainda não está preparado para ser editado”.

 

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LusoJornal