Opinião: Apoio à Santa Casa da Misericórdia de Paris: entre a realidade e a propaganda


A Santa Casa da Misericórdia de Paris (SCMP) enfrenta atualmente sérias dificuldades financeiras que ameaçam a continuidade dos seus serviços essenciais à Comunidade portuguesa em França. Para superar esta crise, é fundamental mobilizar esforços de diversos setores da sociedade.

Todos nós sabemos o papel que ela desempenha é fundamental no apoio às pessoas em situação de vulnerabilidade. No entanto, os desafios que enfrenta são bem conhecidos, assim como as suas causas. O crescente número de indivíduos em situações precárias dentro da nossa Comunidade tem colocado uma pressão constante sobre esta instituição, tornando evidente a necessidade de um apoio concreto e eficaz de todos nós e da parte dos governantes e entidades responsáveis.

O verdadeiro suporte à Santa Casa não pode limitar-se a gestos simbólicos, discursos vazios ou meras aparições em eventos. O que se exige é um compromisso real, traduzido em financiamento adequado, que permita garantir o funcionamento contínuo da instituição e ampliar a sua capacidade de resposta às necessidades urgentes da Comunidade e da população lusófonas. Embora se reconheça que, nos últimos tempos, a Santa Casa tenha dado passos significativos na modernização da sua estrutura e na renovação da sua energia, ainda falta o essencial: os recursos necessários para atender de forma digna e eficaz aqueles que dependem dos seus serviços.

Infelizmente, o que se observa com frequência são eventos e colóquios que servem mais para alguns como palcos para autopromoção do que como espaços de verdadeira mobilização em prol da instituição. É lamentável que políticos, diplomatas e empresários utilizem a visibilidade da Santa Casa para benefício próprio, sem que isso se traduza em medidas concretas para a sua sustentabilidade.

Contudo, em meio a esse cenário, é preciso destacar aqueles que verdadeiramente fazem a diferença: os voluntários e colaboradores que, longe dos holofotes, dedicam tempo e esforço genuíno para que a Santa Casa continue a cumprir a sua missão. A esses homens e mulheres, que atuam na mais absoluta ausência de reconhecimento pessoal, expresso a minha sincera gratidão e profundo respeito.

Por razões de ética, tenho mantido uma certa distância de determinadas pessoas e instituições, mas isso não significa que deixarei de me manifestar sempre que julgo necessário. A Santa Casa da Misericórdia de Paris merece respeito, comprometimento e ações concretas e não de pessoas que enchem balões.

É tempo de transformar discursos em realidade ! E pensem que ninguém de nós ou de nossa família se pode considerar ao abrigo de um dia ter de recorrer a Santa Casa da Misericórdia de Paris.

Para concluir, deixo aqui algumas sugestões de como podemos ou devemos contribuir:

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1. Todos nós:

Qualquer pessoa pode contribuir financeiramente para a SCMP (ver no site) que é uma instituição reconhecida de utilidade pública. As doações são dedutíveis nos impostos até 66,66%, incentivando a participação individual.

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2. Empresas e empresários:

Eu sei que a SCMP propôs a criação de um “Clube dos 25”: A SCMP, composto por 25 empresários dispostos a contribuir com 2.000 a 3.000 euros anuais durante pelo menos três anos, garantindo assim o pagamento da renda anual de 42.000 euros, caso ela fique nos locais atuais… como é, vai ficar no ponto das promessas?

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3. Eventos beneficentes:

Organizar mais de que um único jantar, onde haverá leilões ou concertos cujas receitas revertam para a SCMP e ver com os municípios para que os espaços para estes eventos sejam sem custos.

Campanhas de Sensibilização: Promover a causa da SCMP através de redes sociais, a imprensa radiofónica assim como o Consulado e Embaixada com newsletters e outros meios de comunicação, aumentando a visibilidade e atraindo mais apoiantes.

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4. Instituições governamentais portuguesas:

Com um verdadeiro apoio institucional financeiro ou logístico e reconhecendo a importância da SCMP para a Comunidade portuguesa em França.

A união de esforços entre indivíduos, empresas, associações e instituições governamentais é crucial para garantir a continuidade da Santa Casa da Misericórdia de Paris e, assim, manter o apoio vital que esta nobre instituição oferece à Comunidade a mais de 30 anos.

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Luís Gonçalves

Irmão da Santa Casa da Misericórdia de Paris