Havia um jardim outrora florido, onde o aroma da solidariedade e da lealdade, assim como a honestidade e a amizade, perfumava o ar. A Amizade era a essência central daquele espaço, o elo invisível que unia cada planta, cada raiz, cada jardineiro.
Mas mãos mal-intencionadas começaram a infiltrar-se entre os cuidadores. Entre as rosas e os jasmins, surgiram ervas daninhas. No início, pareciam inofensivas, até que começaram a sufocar as raízes das plantas mais belas.
Havia também lobos disfarçados de cordeiros, movendo-se entre os que regavam o jardim.
Usavam palavras doces, olhares gentis e gestos calculados. Mas quem olhasse bem via os olhos frios, cheios de fome por poder e luz, e os sorrisos vazios, desenhados apenas para enganar. Não satisfeitos em espalhar veneno, roubaram o que de mais valioso havia naquele jardim – a Amizade, o alicerce que sustentava a sua verdadeira beleza. E, na sua ânsia por domínio, destruíram normas antigas que honravam e respeitavam aqueles que vieram antes, os jardineiros que haviam dedicado as suas vidas a proteger aquele espaço.
Um dos jardineiros verdadeiros que por ali passou sofreu ao ver o que acontecia. Por amor ao jardim, resistiu à vontade de gritar (com muito custo) a verdade, pois sabia que qualquer tempestade poderia destruir não só as ervas daninhas, mas também as flores que ainda tinham salvação. Em silêncio, fortaleceu as raízes das plantas boas, confiando que, um dia, a natureza seguiria seu curso e os lobos, por mais que uivassem, não conseguiriam apagar a luz da verdade.
.
Nota: “Qualquer semelhança com casos recentes ainda em curso é pura coincidência!”
.
Um Jardineiro, Luís Gonçalves