Râguebi: Jogo de Portugal em Toulouse também serviu para relações diplomáticas com França e Geórgia

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Portugal empatou no sábado, no seu segundo jogo do Mundial de Râguebi que decorre em França, desta feita contra a Geórgia. Este foi o primeiro empate em mundiais para os “Lobos”, depois de, em 2007, terem averbado o mesmo número de derrotas que jogos.

A equipa portuguesa esteve grande parte da segunda parte em vantagem deixando-se empatar já perto do final do encontro. Os minutos finais foram de muita emoção, uma vez que tanto a Geórgia como Portugal beneficiaram de um pontapé aos postes cada um, não convertidos. O de Portugal já passava mesmo da hora e acabou por ser o último lance do encontro.

No estádio, completamente lotado, e com uma predominância de adeptos portugueses, ficou a sensação que a equipa poderia ter ganho o jogo e um certo amargo de boca.

A presença mais marcante do lado português foi a de Augusto Santos Silva, Presidente da Assembleia da República, que se fez acompanhar por Mário Gomes, Cônsul-Geral de Portugal em Bordeaux, Miguel Rita titular do posto consular em Toulouse, e Paulo Santos, ex-Vice-Cônsul do mesmo posto.

A chefe de protocolo foi Fabienne Couty, diplomata francesa, com vários anos de experiência, e que fez as ligações bilaterais.

Do lado Francês e Georgiano estavam várias outras figuras presentes, como é o caso do Préfêt Pierre-André Durand, responsável pela Haute-Garonne e região Occitanea, Laurence Arribagé, a Maire Adjointe com o pelouro do desporto da Mairie de Toulouse, Kamel Shibli, Vice-Presidente da Região Occitanea, entre outras personalidades.

A diplomacia portuguesa que se fez representar em peso, esteve acompanhada de algumas personalidades da região de Bordeaux, Toulouse e Perpignan, neste dia tão importante para o râguebi português, mas também para as relações bilaterais entre Portugal e França, e Portugal e Geórgia.

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Declarações de Patrice Lagisquet (Selecionador de Portugal):

“Ao intervalo, disse-lhes simplesmente que tinham de reagir, porque a primeira parte não podia ter sido pior. A única vez que jogámos o nosso râguebi marcámos um ensaio, só tínhamos de mudar a nossa atitude. Estávamos a fazer faltas parvas, pontapés parvos, foi terrível. A única coisa boa foi que defendemos a nossa linha de ensaio com todas as forças e foi por isso que fomos vivos para a segunda parte.

A primeira parte foi má, na segunda parte tentámos controlar, defendemos dois minutos e meio antes de fazer uma falta. E o Pedro Lucas logo após o jogo já me estava a mostrar, já tinha o vídeo e já me estava a mostrar que a bola estava atrás do pé do jogador da Geórgia. Mas imediatamente ele já estava a colocar o seu pé na bola e foi por isso que foi penalizado. Penso que fez esta falta pela sua falta de experiência, só isso. Devia manter o controlo e ver se o árbitro o autorizava a atacar esta bola. Podíamos defender mais. É falta de experiência, sim, mas nada mais”.

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Declarações de Tomás Appleton (Capitão de Portugal):

“Começámos contra o vento, o que faz diferença, mas perdemos todas as trocas de pontapés e isso fez muita diferença. Passámos a maioria da primeira parte a defender e assim que arriscámos e começámos a jogar à mão, marcámos um ensaio. Temos de arriscar mais, jogar à mão, jogar com os nossos pontos fortes e não o fizemos na primeira parte. Crescemos muito na segunda parte, galvanizámo-nos, mas não podemos oferecer os primeiros 40 minutos ao adversário.

Fomos muito melhores na primeira fase do que no último jogo, mas ainda há muito trabalho para fazer, porque muitas vezes não conseguimos dar seguimento às nossas ações. Temos de ser mais pacientes quando chegamos aos 22 metros do adversário, estamos a ter muita pressa de fazer a bola chegar às linhas atrasadas e não podemos fazer isso. Temos de segurar a bola, construir fases e marcar.

É um misto de sentimentos. Sabendo a história e percebendo o nosso lugar no ranking, não éramos favoritos para este jogo. Mas entrámos com tudo, tínhamos a vitória na cabeça. Estamos desiludidos, porque estivemos tão perto de fazer história com esta penalidade e, por outro lado, satisfeitos com o que fizemos. Mas não em euforia ou demasiado contentes. Queremos ganhar, não ser uma seleção que vem para participar. Deixámos escapar a vitória por entre os dedos, queríamos um bocadinho mais, mas continuamos a trabalhar para surpreender no próximo e no que vem a seguir”.

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Declarações de Jerónimo Portela (jogador de Portugal):

“Um prémio individual [‘Man of the Match’] num jogo coletivo como este até pode ser um bocado ingrato. Qualquer jogador dentro de campo podia ter recebido este prémio. Os avançados fizeram um trabalho enorme, o Raffaele Storti marcou dois ensaios espetaculares, por isso qualquer um podia ter recebido este prémio.

Na primeira parte, entrámos um bocado a medo, não impusemos o nosso jogo que, como vimos na segunda parte, é a nossa maior força e acredito que se tivéssemos jogado assim desde o início teríamos ganho”.

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Declarações de Raffaele Storti (jogador de Portugal):

“São sentimentos mistos, porque o objetivo era ganhar e tivemos hipótese de o fazer. Estou contente por ter ajudado a equipa neste resultado histórico, que não deixa de o ser, mas pensamos já no próximo jogo.

Sabe a pouco. Podíamos ter ganho, devíamos ter ganho. A primeira parte foi muito fraca, fizemos muitos erros, não conseguimos impor o nosso jogo. Depois, melhorámos na segunda parte, recuperámos os pontos, mas não foi suficiente”.

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Declarações de Rodrigo Marta (jogador de Portugal):

“Pessoalmente, sei que fiz muitos erros individuais, não consegui contribuir muito para a equipa. Mas por isso é que vem outro ‘Lobo’ atrás, que foi o Raffale Storti, que meteu dois ensaios. Já lhe dei os parabéns logo a seguir ao jogo. Acho que o prémio de ‘Man of the Match’ podia ser entre ele e o Jerónimo Portela. Toda a equipa está de parabéns. Os avançados ajudaram muito.

Na primeira parte, demos bolas fáceis ao 15 [Davit Niniashvili] e ao intervalo o Patrice Lagisquet disse: ‘ou chutam longo ou para contestar’. Conseguimos mudar isso na segunda parte e só foi pena aquele ensaio no fim.

O selecionador disse para sempre que tivéssemos a oportunidade de atacar, para atacar. Pegar na bola, fazer o que sabemos fazer melhor, não dar bolas fáceis. Diminuímos os erros, as penalidades e com o apoio do público, que se sentiu muito dentro de campo, conseguimos passar o marcador e depois tivemos aquele desfecho”.

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Declarações de Mike Tadjer (jogador de Portugal):

“Concordo completamente que perdemos uma grande oportunidade de vencer a Geórgia. Durante a primeira parte, todo o jogo, os alinhamentos não foram bons, demorámos demasiado tempo a encontrar as ‘chaves’ dos nossos alinhamentos para ter a bola e jogar. O sentimento é de desilusão, porque podíamos ter ganho, mas estamos todos a melhorar. Portugal jogou bem, está a jogar bem no Mundial e isso é o mais importante hoje.

A mentalidade mudou completamente na segunda parte. Sentimos que, após a má primeira parte, não estávamos assim tão longe no marcador e por isso era possível ganhar. O Patrice disse para pararmos de fazer pontapés parvos, cumprimos e melhorámos na segunda parte”.

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Geórgia 18-18 Portugal

Ao intervalo: 13-5

Jogo no Stadium de Toulouse

Assistência: 31.889 espetadores

Arbitragem: neozelandês Paul Williams

Ação disciplinar: Cartão amarelo para Francisco Fernandes (37 min)

Geórgia: Mikheil Nariashvili, Shalva Mamukashvili, Beka Gigashvili, Vladimer Chachanidze, Konstantine Mikautadze, Tornike Jalagonia, Beka Saginadze, Beka Gorgadze, Gela Aprasidze, Tedo Abzhandadze, Alexander Todua, Merab Sharikadze, Giorgi Kveseladze, Akaki Tabutsadze e Davit Niniashvili. Jogaram ainda: Tengizi Zamtaradze, Guram Gogichashvili, Guram Papidze, Nodar Cheishvili, Giorgi Tsutskiridze, Vasil Lobzhanidze, Luka Matkava e Demur Tapladze. Ensaios (2): Akaki Tabutsadze (02 min), Tengizi Zamtaradze (78 min). Conversões (1): Tedo Abzhandaze (03 min). Penalidades (2): Tedo Abzhandaze (16 e 32 min). Treinador: Levan Maisashvili

Portugal: Francisco Fernandes, Mike Tadjer, Diogo Hasse Ferreira, José Madeira, Steevy Cerqueira, João Granate, Nicolas Martins, Rafael Simões, Samuel Marques, Jerónimo Portela, Rodrigo Marta, Tomás Appleton, Pedro Bettencourt, Raffaele Storti e Nuno Sousa Guedes. Jogaram ainda: David Costa, Lionel Campergue, Anthony Alves, Martim Belo, David Wallis, Thibault de Freitas, Pedro Lucas e Manuel Cardoso Pinto. Ensaios (2): Raffaele Storti (34 e 57 min). Conversões (1): Samuel Marques (58 min). Penalidades (2): Samuel Marques (48 e 53 min). Treinador: Patrice Lagisquet

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