Saúde: O que é a Hipnose

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A hipnose parece magia, mas não é! Trata-se de uma interessante combinação de relaxamento físico e perspicácia mental. Milton Erickson, pai da hipnose moderna referia: “A hipnose é um ato de amor.”

 

A todo o instante acontece casos similares à hipnose, casos simples de híper-foco, hiperconcentração numa determinada situação e a nossa perceção é selecionada para apenas o foco da nossa atenção, gerando o aquilo que os especialistas chamam de hipnose diária. E o mesmo acontece quando entramos em devaneio, quando vamos a conduzir e não damos conta de o caminho passar, ou quando vemos televisão ou lemos um bom livro e esquecemos o ruido da rua ou a gritaria dos miúdos a brincar ao nosso lado.

Por definição, a hipnose é um estado específico de consciência, em comparação com os estádios normais de sono e vigília. E ela acontece pela concentração da atenção do sujeito num ponto, sensação ou uma ideia, em que o sujeito deixa de prestar atenção aos estímulos externos e foca a atenção no seu mundo interior. Na realidade toda a hipnose é uma auto-hipnose, isto é, um estado modificado da consciência, que permite o sujeito entrar num estado especial de atenção seletiva e que concede a capacidade do sujeito ou facilitador de salientar seletivamente o foco para uma determinada sensação, ou ideia, em detrimento de tudo o resto.

Apesar de ser uma técnica tão antiga como a própria humanidade, quando falamos de hipnose, ainda persistem alguns mitos e preconceitos sobre o tema. Isso deve-se à forma ridícula ou sensacionalista como, por vezes, ela é apresentada, sobretudo na televisão e no cinema. Lamentavelmente, grande parte das vezes pelos seus praticantes e defensores do seu uso, o que não abona nada a seu favor. Naturalmente, isso leva a interpretações erradas e até alguma confusão sobre a sua aplicabilidade como técnica de grande abrangência clínica. Mas, convenhamos, a hipnose é uma abordagem científica séria e respeitável, conhecem-se centenas de estudos com o método científico que comprovam a sua eficácia sendo uma mais-valia na psicologia, na psiquiatria ou na medicina. Por exemplo, ela é usada com grande eficácia na modulação e controlo da dor e na gestão do stress. Penso que importa dizer que é uma prática reconhecida por instituições irrepreensíveis, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) ou a Associação Americana de Psiquiatria (APA), e é usada como uma prática clínica com provas dadas ao longo do tempo.

Sendo uma abordagem natural e mais humanizada pessoalmente entendo que a relevância clínica da hipnose terapêutica está na contribuição positiva que tem dado em áreas tão importantes como a psicologia e psiquiatria, nas perturbações mais comuns como a depressão e a ansiedade, adições e gestão de stress, assim como no controlo da dor crónica e aguda demonstram o interesse na técnica. É realmente importante que o leitor saiba que sendo a hipnose feita por um profissional competente, é um método seguro e que a maioria de nós a ela pode recorrer e usufruir dos seus poderosos efeitos de bem-estar e equilíbrio emocional.

Na minha experiência, ela é imbatível no tratamento das perturbações de ansiedade e também na depressão. A utilização da hipnose nos tratamentos clínicos, nomeadamente na saúde mental, já vem de muito longe e a sua eficácia está comprovada. O uso da hipnose apresenta soluções novas e mais naturais para problemas antigos e que foram exacerbados seja pela pandemia seja para incerteza que os tempos atuais provocam a nível do equilíbrio mental.

Sabemos agora que a mente tem poderosos efeitos no corpo, e a hipnose permite conhecer melhor o binómio saúde-doença. Digo muitas vezes, que a hipnose não torna as coisas fáceis, torna as coisas possíveis, e entender a dinâmica da mente e como as emoções se expressam em sintomatologia no corpo é absolutamente necessário, já que o corpo chora as lágrimas que muitas vezes nos recusamos a libertar.

A hipnose não é uma panaceia que tudo cura. Como todas as técnicas de saúde ela tem as suas limitações, e não devia ser feita por qualquer pessoa que não domine apropriadamente os modelos médicos clínicos e/ou psicológicos. Não basta fazer só e apenas uma ou duas sessões de hipnose sem conhecer ou dominar técnicas de psicoeducação, resignificação e reestruturação cognitiva presentes na área psi. Chamo a atenção para a necessidade de tratamento dos conteúdos traumático que podem ser evocados em transe hipnótico e que deve ser feito com técnicas de reestruturação cognitiva, que alguns pseudo-hipnólogos de fim-semana parecem desconhecer. Por que se não for feito por profissionais competentes, muitas vezes, podem deixar “mazelas psicológicas” nos seus pacientes difíceis de erradicar. O tratamento com a hipnose traz algo de novo à psicoterapia, mas a sua credibilização e a necessária profissionalização, através de instituições ou associações que representem profissionais, com normas éticas e deontológicas é de suma importância.

 

Dr. Alberto Lopes

Neuropsicólogo, hipnoterapeuta

Clínicas Dr. Alberto Lopes, Porto, Aveiro e Lisboa

 

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