Morreu o violetista francês Christophe Desjardins, intérprete de Emmanuel Nunes

O violetista francês Christophe Desjardins, que trabalhou com Pierre Boulez e estreou obras do compositor português Emmanuel Nunes, morreu na quinta-feira, aos 57 anos, noticiou a rádio France Musique e o portal Resmusica.

Desjardins padecia de cancro, e o local da morte não foi divulgado.

Presença regular nas salas portuguesas de concerto, da Fundação Calouste Gulbenkian e do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, à Casa da Música, no Porto, era também um especialista na obra de Emmanuel Nunes (1941-2012), de quem estreou “Improvisation II-Portrait”, na Bienal de Veneza, em 2002, obra que viria a gravar, com “La Main Noire” e “Versus III”, num álbum inteiramente dedicado ao compositor português.

Em 2004, fez parte do “Projeto Morton Feldman”, do Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa, dedicado ao compositor norte-americano, com a interpretação da obra “Rothko Chapel” e “The Viola in My Life”.

Nascido em Caen, em 1962, estudante de música desde a infância, Christophe Desjardins formou-se no Conservatório de Paris, onde foi discípulo de Serge Collot, a partir de 1982, e na Hochschule der Künste (Escola Superior das Artes), de Berlim, onde entrou em 1985.

Foi viola solista da orquestra do Théâtre de la Monnaie, em Bruxelas, entre 1986 e 1990, e membro do Ensemble Intercontemporain, do maestro e compositor francês Pierre Boulez, a partir de 1990.

Numa carreira que também fez como solista, sobretudo nas duas últimas décadas, estreou obras de compositores contemporâneos como os franceses Pierre Boulez e Michaël Levinas, o britânico Jonathan Harvey, o alemão Wolfgang Rihm e os italianos Ivan Fedele e Luciano Berio, de quem gravou “Sequenza VI”, além do português Emmanuel Nunes, entre outros compositores.

Foi o intérprete escolhido por Boulez para gravar “Diadèmes”, de Marc-André Dalbavie, em 1996.

O seu repertório, porém, estendeu-se igualmente a Mozart e a Johannn Sebastian Bach, de quem interpretou diferentes obras, integrando-as, por vezes, em programas com peças contemporâneas, estabelecendo relações entre as expressões de diferentes épocas.

Foi também professor da Juilliard School, em Nova Iorque, e da Escola Superior de Música, de Detmold, na Alemanha.

Desjardins gravou dezenas de álbuns, dedicados à música erudita de tradição europeia, sobretudo contemporânea, tendo sido distinguido com prémios como Diapason d’or, Choc du Monde de la Musique, Télérama e Gramophone, da imprensa especializada.

O diretor artístico da Casa da Música, António Jorge Pacheco, citado pelo jornal Público, lamentou a morte de Christophe Desjardins, considerando-o “um músico de excelência”.

O violetista era esperado na Casa da Música, no Porto, no próximo dia 01 de maio, para fazer a estreia nacional de “Les Espaces Acoustiques”, de Gérard Grisey, com o Remix Ensemble e a Orquestra Sinfónica do Porto.

 

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LusoJornal