Lusa | Paulo Cunha

Paz no mundo é o principal pedido que peregrinos emigrantes deixam no Santuário de Fátima

[pro_ad_display_adzone id=”41081″]

 

No Santuário de Fátima, onde ontem começou a peregrinação internacional aniversária de 12 e 13 de agosto, conhecida como a Peregrinação dos emigrantes, sobressai, entre os pedidos dos fiéis ouvidos pela Lusa, a paz no mundo.

“Paz para o mundo. É o pedido número um, sem dúvida alguma. É o que nós precisamos”, afirma André Fonseca, de 31 anos, do Porto, sentado numa escadaria do templo, onde pelas 12h00 ainda fazia sombra.

Referindo-se concretamente à Ucrânia, o jovem, que traz ao pescoço um terço e veste uma ‘t-shirt’ na qual se lê “fé, Fátima, Portugal”, manifesta desassossego perante uma guerra que “não vai parar”.

Gilberto Brito, de 49 anos, subscreve o pedido – “paz para o mundo, principalmente” -, acrescentando “saúde para a família” e o poder regressar de novo a Fátima no próximo ano.

Este angolano, que aos 18 anos deixou Luanda e imigrou para Portugal, é agora emigrante em França, país para onde a ‘troika’ o empurrou quando deixou de ter trabalho por cá. “Primeiro fui eu sozinho, depois a família. E todos os anos venho a Fátima, agradecer o ano em que trabalhei, em que tive saúde”, justifica a passagem como que obrigatória pela cidade-santuário durante as férias no primeiro país que o recebeu.

Admitindo um regresso a Portugal, onde residia na zona de Lisboa, Gilberto Brito refere que em França, onde trabalha na construção civil, o idioma foi uma dificuldade e, quanto à eventualidade de ser vítima de racismo, é perentório: “Uma pessoa sente lá como cá, nas atitudes”.

Ex-emigrante no Canadá, António Marques, de Condeixa-a-Nova, distrito de Coimbra, faz igual apelo de “paz para o mundo”, temendo que não cessem as consequências na economia, o mesmo é dizer no bolso dos cidadãos, perante o “custo de vida que é o dobro”.

O peregrino, que se encontrava nas imediações do santuário, repete em agosto o que fazia quando Toronto era a sua morada: “Sempre que vinha a Portugal, vinha a Fátima. Quando chegamos a esta zona, parece que nos sentimos mais alegres”.

A tradição ou o hábito repete-se também para o francês David Clément, de 40 anos, cuja família é originária de Pombal (Leiria). “Estou em Fátima pela história da minha família”, explica o peregrino, relatando a promessa cumprida pela avó relacionada com a saúde do pai de David, que “melhorou”.

É para cumprir uma promessa que Marília Sousa, 55 anos, de Arouca (Aveiro), e emigrante há 10 anos em França, se deslocou a Fátima, juntamente com marido, filho, nora e neto. “Por promessa e porque gosto de vir aqui ao pé de Nossa Senhora”, relata, elencando os pedidos que quer deixar: “Muita saúde, muita paz”.

A nora, de 28 anos, acrescenta: “E inteligência para aquele que está a fazer a guerra”, numa alusão ao Presidente da Rússia.

Questionada sobre a divulgação, nas últimas semanas, de notícias de alegados abusos sexuais cometidos por sacerdotes, assim como do suposto encobrimento por parte de elementos da hierarquia da Igreja Católica, Marília Sousa diz-se triste. “A minha avó, que morreu aos 97 anos, dizia que ‘para o fim do mundo iam aparecer coisas que nunca se viram’”, refere, ao mesmo tempo que desabafa “as crianças a sofrer…”.

André Fonseca acrescenta preocupação com estes acontecimentos, pedindo uma clarificação, “para que ficasse tudo em pratos limpos”.

A peregrinação começou ontem às 21h30 com a recitação do terço, seguindo-se a procissão das velas e a celebração da palavra. Este ano é presidida pelo Bispo de Fall River (Estados Unidos da América), Edgar Cunha.

As celebrações, que terminam este sábado, integram a peregrinação do migrante e do refugiado, no âmbito da 50ª Semana Nacional de Migrações, sob o tema “Construir o futuro com migrantes e refugiados”.

A Semana Nacional de Migrações é uma iniciativa da Obra Católica Portuguesa de Migrações, organismo da Conferência Episcopal Portuguesa que em 2022 faz 60 anos.

 

[pro_ad_display_adzone id=”46664″]

LusoJornal