Morreu António Mota Ribeiro, militante comunista e fundador da AOP de Bobigny

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Morreu esta manhã o histórico dirigente associativo da AOP de Bobigny, António Mota Ribeiro. A notícia foi dada pelo amigo Luís Ferreira nas redes sociais.

Casapiano, natural de Sobral de Monte Agraço, entre Torres Vedras e Arruda dos Vinhos, no concelho de Lisboa, chegou a Paris já adulto e aderiu ao Partido Comunista Francês (PCF).

Ficou sobretudo conhecido por ter fundado e dirigido a AOP de Bobigny, Pantin e Drancy, a estrutura mais conhecida da rede da Associação dos Originários de Portugal (AOP).

Com esta função, António Mota Ribeiro foi igualmente membro do Conselho de Administração e da Direção da Coordenação das Coletividades Portuguesas de França (CCPF), quando esta estrutura ainda se chamava Conselho das Comunidades Portuguesas de França, integrando os corpos gerentes na altura em que a CCPF se transformou numa confederação de associações portuguesas de França.

José Roussado do núcleo do PCP em França lembrou ao LusoJornal que um dos mais importantes eventos de comemoração do 25 de Abril em França foi organizado precisamente por António Ribeiro, em Bobigny. “Os 25 anos do 25 de Abril foi um evento importantíssimo, com exposição de pintura e com a presença de muitas personalidades de França e de Portugal”.

Com a Revolução dos Cravos, em Portugal, os militantes comunistas portugueses de França dividiram-se. Muitos passaram a aderir ao PCP em Portugal e passaram a acompanhar mais de perto a política portuguesa, outros, como António Ribeiro, permaneceram membros do Partido Comunista Francês, por considerarem que viviam em França e se impunha uma militância no país de residência. Só bem mais tarde é que António Mota Ribeiro aderiu também ao PCP, segundo José Roussado.

Durante muitos anos, António Mota Ribeiro foi o responsável pelo Pavilhão do Emigrado na Fête de l’Humanité, em La Courneuve. “Nessa altura havia o Pavilhão do Jornal Avante, que era animado pelos membros do PCP em França e o Pavilhão do Emigrado, do nome de um jornal, O Emigrado, que foi criado em França pelo Tarrafalista João Rodrigues. Depois da morte do fundador do jornal, António Mota Ribeiro assegurou durante muitos anos a presença deste Pavilhão na festa” conta José Roussado. “O Pavilhão tinha sempre muita música, juntava muita gente, era espetacular” lembrou com emoção Luís Ferreira.

Há cerca de 15 anos, a presença portuguesa na Fête de l’Humanité já só é assegurada com um pavilhão, o do Jornal Avante, órgão oficial do PCP, em Portugal.

Há alguns anos que António Mota Ribeiro estava afastado do movimento associativo português em França, nomeadamente por razões de saúde. Depois de se ter aposentado – foi funcionário da Mairie de Bobigny – esteve várias vezes internado, Luís Ferreira conta que antes das férias o sentiu “muito fraco” e faleceu esta manhã.

 

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LusoJornal