Lídia Jorge é uma das 17 escritoras nomeadas para o Prémio Femina em França

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O júri do Prémio Femina 2023, composto só por mulheres, reuniu-se esta terça-feira, dia 12 de setembro, na Closerie des Lilas, em Paris, e selecionou 16 romances franceses e 17 estrangeiros, candidatos ao galardão que abre a temporada de outono dos prémios literários em França.

A escritora Lídia Jorge está nomeada para o Prémio Femina 2023, com o seu mais recente romance, “Misericórdia”, sendo a única portuguesa entre os 17 candidatos na categoria de melhor romance estrangeiro publicado em França.

Esta é ainda a primeira seleção de candidatos, estando marcada para dia 24 de outubro a divulgação da ‘shortlist’, da qual sairá o vencedor do prémio, a ser anunciado a 06 de novembro.

Lídia Jorge concorre com “Misericórdia”, traduzido para o francês por Elisabeth Monteiro Rodrigues e editado pelas edições Métailié.

Também em língua portuguesa concorre a escritora brasileira Patrícia Melo com o romance “Celles qu’on tue” (cujo título original é “Mulheres Empilhadas”), com tradução de Élodie Dupau.

O romance “Misericórdia” tem-se destacado no mercado livreiro francês, tendo já vencido no mês passado o Prémio para Melhor Livro Lusófono publicado em França, atribuído pela redação da revista literária Transfuge.

Segundo a editora Dom Quixote, que editou o livro em Portugal em 2022, este romance “tem sido muito bem recebido pela crítica, que já o incluiu entre os principais destaques da ‘rentrée’ francesa”.

“Misericórdia” foi escrito por Lídia Jorge, porque a mãe, internada numa instituição para idosos, no Algarve, várias vezes lhe pediu que escrevesse um livro com aquele título.

A história decorre entre abril de 2019 e abril de 2020, data da morte da mãe da autora, que foi uma das primeiras vítimas da Covid-19 no sul do país. “A minha mãe pediu-me várias vezes para escrever um livro que se chamasse ‘misericórdia’, porque ela achava que havia um desentendimento, no tratamento das pessoas, achava que as pessoas procuravam ser amadas, mas não as entendiam. Pediu-me que escrevesse um livro chamado ‘misericórdia’, para que se tivesse compaixão pelas pessoas e as tratássemos como se fossem pessoas na plenitude da vida”, revelou a autora em entrevista à Lusa, por altura da publicação do romance.

Segundo a escritora, este não é um livro “mórbido” e a sua escrita não lhe suscitou sentimentos de tristeza ou dor. Antes, é um “livro sobre o esplendor da vida que acontece quando as pessoas estão para partir”, sobre os “atos de resistência magníficos, que as pessoas têm no fim da vida”.

Em Portugal, “Misericórdia” ganhou o Grande Prémio de Romance e Novela 2022 da Associação Portuguesa de Escritores (APE).

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LusoJornal