Morreu com 82 anos a cantora de origem portuguesa Catherine Ribeiro_LusoJornal·Cultura·23 Agosto, 2024 A cantora francesa, de origem portuguesa, Catherine Ribeiro morreu na noite de quinta para sexta-feira num lar, em Martigues, no sul de França, aos 82 anos, anunciou fonte próxima à agência France-Presse e citada pela imprensa. Classificada logo na década de 1970 como a “grande sacerdotisa da canção francesa”, tida por herdeira de Léo Ferré, o Le Monde define-a “mais como ‘pasionaria’ tumultuosa do que efémera superestrela”. “As palavras não são mais do que um acessório, preferiria que se chegasse às onomatopeias para substituir as palavras. É preciso que a voz sirva de instrumento. O que procuro fazer é destruir completamente a canção clássica”, afirmou, numa entrevista de 1970 citada pelo Le Monde, embora tenha, mais tarde, gravado um disco de homenagem a Edith Piaf, que foi premiado. Filha de emigrantes portugueses, de pai próximo dos comunistas e de mãe analfabeta e dura, mas que lhe passa a influência do fado, segundo a biografia publicada pelo Le Monde, Catherine Ribeiro nasceu em 1941 em Saint-Fons, na metrópole de Lyon, tendo dado início à carreira nos anos 1960, a solo e depois com a banda Alpes, merecendo comparações a nomes contemporâneos de língua inglesa desde Bob Dylan a Nico, mas também às principais vozes francófonas. Catherine Ribeiro também chegou ao cinema, com destaque para “Os Carabineiros”, de Jean-Luc Godard, em 1963, onde conheceu o guitarrista Patrice Moullet, fundador do grupo Alpes, com quem passa a trabalhar e viver, realçando o Le Monde que se juntam a uma das primeiras comunidades ‘hippies’ de França na sequência do maio de 1968. “Livre e libertária sem nunca aceitar um clã mais do que o outro”, afirmou, em 2018, à Les Inrocks, a cantora que chegou a cantar José Afonso, salientando a AFP que as suas canções mostravam as suas múltiplas causas: pela Palestina, pelos refugiados chilenos, contra a guerra do Vietname, pela ecologia ou contra o Presidente da República Giscard d’Estaing. Catherine Ribeiro estava fragilizada depois da morte da filha Ioana e do marido, Claude Démoulin, antigo Maire socialista de Sedan. Isolou-se cada vez mais numa casa também ela isolada, no meio de uma floresta, na fronteira franco-alemã, até se transferir para um lar, onde faleceu.